2004-12-28

The End of Days



2005

"Temos razões para encarar o ano de 2005 com algum optimismo? É possível começar a inverter o ciclo de decadência e de pessimismo em que Portugal mergulhou? As duas perguntas só podem ter uma resposta positiva se, por um momento, os responsáveis políticos, que se prepararam para disputar as eleições de Fevereiro, resolverem encarar a realidade e falar verdade ao país."

Texto de Teresa de Sousa no Público de hoje.

2004-12-27

Vítima, sempre

Até no Natal.
Mártir:
“O Natal deve ser um momento em que, sobretudo, nos viremos para dentro de nós próprios e para aqueles que, porventura, pior nos tenham feito. Não é fácil perdoar, não é fácil compreender quem tem atitudes que nós não tomaríamos”

Mas também ilusionista:
«Como primeiro-ministro gostaria, como num golpe de mágica, de criar todos os empregos que faltam, de resolver todas as injustiças.»

Discurso de Natal do PM Santana Lopes

2004-12-21

Neste Natal, tu podes!

Estamos a aguardar pela noite de Natal
para receber o nosso presente:
um iPod.



Se o Pai Natal (ou será o Menino Jesus?) estiver a ler este blog, já sabe onde poderá deixar este pequeno brinquedo. Mas o melhor é ser rápido, pois dizem por aí que estão a vender-se que nem laranjas.

De volta ao design

Está online a nova versão do site da Benzina.
www.benzinadesign.com

The Practical Power of Design

"In 2004 the Design Council began work on a new strategy that is intended to create a more dynamic organisation and give us an even greater influence over business and the public sector. In short we will become a campaigning organisation."

Mais uma excelente publicação do Design Council.
Download pdf
aqui.

hay!



Design sempre!

Este blog tem ultimamente, e no calor dos acontecimentos, enveredado bastante por caminhos da política. Assunto que muito me atrai, não visa no entanto transformar este blog em algo longe dos objectivos inicialmente propostos: a divulgação e promoção do Design; exposição de ideias e opiniões (sobre cultura, política, cinema, etc); partilhar textos, obras e ideias/ideologias. O design, causa e paixão profissional, permanecem. Assim, pondo a loucura dos tempos para trás (interrompido quando tal se justificar) o design voltará a ocupar espaço privilegiado neste blog, para alegria de uns e alívio de outros...

Curioso

É no mínimo curioso ver um governo de direita culpabilizar (nas últimas semanas) os agentes económicos. Está tudo louco...

Expectativas

O novo executivo está obrigado, exigimos todos!, que não brinque mais com coisas sérias. Já se perdeu demasiado tempo com palhaçadas e urge avançar com um planeamento estratégico e sustentado para Portugal. Agir de acordo com as dificuldades e as urgências. É absolutamente necessário não repetir os vários erros do passado. É absolutamente primordial pensar, definitivamente, que um cargo público é servir o país e nunca servir-se com vaidade e reforma garantida. É o futuro de uma nação que está em causa, na sua viabilidade económica, social, política. Se Portugal não encarrilhar, o caminho tornar-se-á quase impossível.
Se assim for, quem mais irá acreditar que é possível?

(Saído das eleições de 20.02.2005 o novo governo terá legitimidade - que o de Santana nunca conseguiu obter - para governar até ao fim. O precedente que dizem que o PR abriu, repetir-se-à? Há quem sugira alterar os poderes do presidente nesta matéria. Manuel Monteiro propõe uma alternativa radical: um governo presidencial, como nos EUA, ou Brasil.)

O país de Eça

«O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os caracteres corrompidos.
A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida.
Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos.
Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria.
Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente.
(...)
O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.
(...)
A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a parte: o país está perdido!»


Eça de Queirós, 1871
(retirado de Contra Santana)

A adaptação de "O Conde de Abranhos" para TV na RTP, foi o meu primeiro contacto com esta análise, arrepiantemente contemporânea da sociedade e da política nacionais. Aí vivíamos em tempos de Guterres, e as semelhanças eram de bradar aos ceus. Cada vez mais, e desde há alguns anos, que este Portugal, agora já séc.XXI se assemelha mais ao Portugal de Eça de Queiroz. Que caminho a traçar se no fundo vai tudo dar ao mesmo?

Se não melhorar, ou fazemos todos uma revolta, ou saímos todos daqui, para lugar que aprecie o suor do nosso trabalho enquanto simples cidadãos.
Se a incompetência continuar, bardamerda para os políticos.

Causa-efeito II

Reflexões sobre os efeitos

1. A queda
O óbvio tornou-se óbvio. O lançamento da "bomba-atómica" foi a forma encontrada para derrubar este governo. A instabilidade politico-governativa transbordou o copo da paciência de Sampaio, e este, alicerçado nas razões invocadas na tomada de posse de Santana e nos aburdos e impensáveis acontecimentos dos últimos meses, sem vislumbre para melhorar nos tempos mais próximos, tirou-lhe o tapete. Encostando o PM ao canto da sala, qual castigo escolar, obrigando-o a manter-se oficialmente em funções, mas humilhadamente restrito a governo-gestão com os dias contados, o PR abriu um processo constitucional de consequências inéditas. Mas ainda bem que caiu. As eleições serão o momento clarificador de importância primordial para Portugal. Ganhe quem ganhar.

2. Atitude
Pedro Santana Lopes foi o elo mais fraco da coligação. Responsável último pela situação a que chegámos, PSL continuou a fazer guerra com o PR, fazendo jogo sujo, intrigando, ao jeito que vimos denunciado pelo ex-ministro Henrique Chaves. Acusar o Presidente de mentiroso, depois fazer uma declaração assente em "Porquê?"s parece coisa de garoto de cinco anos. O que é certo é o menino-que-se-julgava-mais importante provocou a sua queda e dos outros meninos (bons e maus alunos) e ainda não entende a razão da queda.
Quanto à demissão, o mais correcto seria demitir-se imediatamente após a comunicação do PR. Dava-lhe alguma credibilidade. Nunca 24 horas depois. Só revela a inconstância e a incerteza das suas decisões, sempre à espera que alguém lhe diga como fazer, mas só quando quer ouvir. A intenção ou sugestão de abandonar o cargo seria a birra-suprema!
Sim, a ideia-imagem de ser apunhalado como César aceita-se. Sim, não teve sossego este governo, como nenhum outro foi assim fustigado. Mas nenhum outro executivo se comportou desta maneira, pelas razões já enunciadas e, num espaço de tempo tão curto. Foi um "bébé" não planeado, onde a "família" não estava preparada para o sustentar. E acabou por falecer na incubadora...

3. Quatro meses desperdiçados
Mas foram só quatro meses!? Partindo logo com alguma desconfiança, nem aproveitaram a euforia - que ainda ficou apesar do 2º lugar no Euro - para galvanizar o povo e, a percepção de que ainda se deviam fazer sacrifícios... Mas foi tempo suficiente para não levar a sério qualquer iniciativa do governo, não acreditar na sua vontade e linha de rumo, provocadora de desconfiança em todos os sectores económicos e sociais como nunca antes se vira. Nunca um governo em tão pouco tempo foi tão odiado.
Leis já preparadas desde Barroso agora concluídas, como a Lei das Rendas, Código da Estrada. Pouco? Sim. Orçamento-PSL-Bagão para 2005 insuficiente. Mas obviamente que haveria muitas mais a serem estudadas, projectos para aprovação, outras prestes a serem concluídas. Mas Ícaro quis voar até ao sol...

4. Oportunidade perdida
O PR deu a PSL uma função honrosa que desonrou. Deu-lhe a hipótese de provar aquilo por que tanta afirmara. Provou o que muitos temiam.

Pacheco Pereira escreveu em Abrupto que PSL "tem pouco interesse e conhecimento das matérias exclusivas do Estado, Negócios Estrangeiros, Defesa, Administração Interna, que deixa praticamente em autogestão aos respectivos ministros. Na macro-economia não se mete, o que faz bem. Na micro já não estou certo, porque a politização dos nossos negócios é enorme (...) Sobra o que sobra: a gestão político-partidária a partir do estado, a propaganda, chamada “imagem”, matérias a que sabemos dedica grande atenção. E depois sobra aquele misto de governo paternalista, envolvendo clientelas e patrocinato, proximidade e festa popular, banda, majoretes e desfile dos bombeiros, inaugurações e foguetes, boletim com cem fotografias e cartazes de promessas, notáveis agradecidos e “sessões solenes”, que é tão típico da forma paroquial como são geridas as autarquias."

Alicerçado apenas na sua capacidade natural e invulgar de retórica e de improviso, por vezes foi-se safando, mas no concreto demonstrou a incapacidade de cumprir um cargo público desta natureza. Levou o país mais fundo na sua vontade oposta de se reerguer. Descredibilizou ainda mais a governação e arrastou quase todos os políticos para níveis de confiança nunca tão baixos. Ele, tão gabarolas, que "dizia, fazia e acontecia" deitou tudo a perder. E as eleições serão a estocada final para nos vermos livres dele.

5. Coligação
Paulo Portas considerado por muitos a "besta" da coligação foi afinal o elo mais forte. "Disciplina, Confiança e Competência" afirma ele, num resumo positivo da participação do CDS-PP no governo. Como já referi, como Ministro da Defesa há muito não se via alguém com resultados nesta pasta, mas enquanto parceiro de coligação, imprimiu a esta uma linha ideológica muitas vezes em conflito com a do PSD. Este engoliu um sapo, mas Portas tornou-se no príncipe nesta AD quando o rei abdicou, subindo ao poder o herdeiro-bastardo.
A novela da coligação/não-coligação apenas se deveu a Santana e seus compinchas. Na ilusão de que ambos obterão votos nas eleições para de novo formar governo, irem separados é sempre a melhor opção para o PP.

6. Oposição
Para os partidos da Esquerda, o lançamento da "bomba-atómica" soube tanto a surpresa como um doce. PS e BE iriam preparar as suas estratégias só no próximo ano. PCP estava, como sempre, "pronto para a luta". Mas entre uma eficaz e combativa forma de exercer a oposição e entre ficar à espera que a laranja caisse de podre a fronteira foi ténue. Afinal eleições seriam só em 2006 e vem aí o Natal e Ano Novo e a malta não quer incomodar-se agora...

7. Campanha e data das eleições
A constituição portuguesa diz que após dissoloção da AR as eleições terão lugar no mínimo de 55 dias. Tanto tempo! Excerto do texto de Miguel Sousa Tavares no Público:"em Inglaterra, quando um governo cai, é imediatamente marcada a data das eleições - que nunca vai além de 20, 25 dias -, a campanha eleitoral inicia-se de imediato e, no dia seguinte às eleições, o novo governo entra em funções. Perder mais do que um mês em todo o processo é coisa que não lhes passa pela cabeça."
Tirem as vossas conclusões onde a democracia e o Estado funcionam melhor.

Estas eleições serão quase como as recentes americanas. Votar contra Santana, será mais importante que votar a favor do PS - pois a alternativa que nos é apresentada não inspira...

Cabe a todos os partidos, conduzir uma campanha lúcida, inteligente, cívica, participativa. Para bem de todos. Será que conseguem?

2004-12-18

a barriga de um arquitecto: 1 ano

De entre vários blogs que costumo espreitar, existe um núcleo duro que não dispensa a minha atenção. Assuntos pertinentes sobre arquitectura e muitas preocupações que também eu partilho, o blog a barriga de um arquitecto festeja um ano de existência. Parabéns Daniel.

2004-12-17

Designers for Peace



A project against war the culture of violence. Creativity as a civic expression. Design as political struggle.
Um projecto contra a guerra e a cultura da violência. Criatividade como expressão cívica. Design como luta política.



Light Design

2004-12-16

Causa-efeito I

Eu não queria voltar a este assunto, pois já muito se disse e escreveu. Mas julgo que devo opinar sucintamente as minhas razões por concordar com a queda do Governo e consequentes eleições (apenas) em Fevereiro.

Causas

1. Demissão do PM Durão Barroso
A nomeação para Presidente da Comissão Europeia foi, a princípio um orgulho, mas a aceitação foi um erro. Como Guterres, abandonou o barco, indo para um "certo tipo de paraíso".

2. Indicação pelo PSD de Santana Lopes para PM
O enfant-terrible foi fazendo a sua caminha, mas era para PR porque PM era inacessível. Mas saiu-lhe a sorte grande e a ambição do poder e as influências e a imagem mediática levou que fosse ele o escolhido. Mas também houve cobardia dentro do PSD: agarrados ao poder, um conflito por um novo líder poderia desencadear eleições. Ficou a opção mais barata. E como se sabe o barato sai caro...

3. Indigitação para PM de PSL pelo PR Jorge Sampaio
Na sequência de que cada legislatura deve ser cumprida até ao fim, a escolha de Santana nunca ofereceu no entanto ao PR, como se podia ver no seu rosto pesado durante a tomada de posse, garantias de estabilidade e método governativo. Na minha opinião, deveria ter havido eleições.

4. Inconsistência e falta de visão estratégica
O "andar aos papeis" no discurso de Santana na tomada de posse foi o prenúncio e é a súmula de toda a governação.

5. Discursos surrealistas sobre uma realidade apenas na mente etérea de Santana
Dizer que "a crise morreu! Viva a retoma!" foi de enorme inconsciência e falta de sentido de realidade. Foi deitar abaixo em poucos dias, sustentado por um orçamento incrédulo, a dois árduos anos de sacrifícios e políticas de austeridade do governo Durão-Ferreira Leite. Pondo em causa as expectativas do meio económico para o crescimento de Portugal.

6. Propor medidas incongruentes à medida que abria a boca
E no outro dia desmentidas, e dias depois perfeitamente votadas ao abandono dada as suas impossibilidades. Sem pensar antes de falar, verdadeira picareta-falante (o que diziam de Guterres) todos os dias tínhamos que gramar o homem...

7. Notória descoordenação e instalibilidade intergovernamental
Desmintir ministros, obrigando-os a uma linha governativa ao sabor das "ideias" e de promessas demagógico-populistas. Reorganizações ministeriais notoriamente para fieis-amigos. Demissão-escândalo de Henrique Chaves - que diz tudo deste PM.

8. Arrogância e prepotência
E não "coragem e determinação". No "quero, posso e mando" de determinados actos e opções políticas. Barco do Aborto, comunicação social, Central de Comunicação...

9. Vaidade e ambição desmedida
Pavonear-se cada mês em Conselhos de Ministros reunidos em localidades diferentes, ilusoriamente mais perto dos cidadãos, quando estas deslocações aumentavam os custos a todos os níveis. Ir à Assembleia Geral da ONU e (quase) ninguém saber quem é o sujeito... Assinar o Tratado Constitucional da União Europeia em nome de Portugal como Primeiro-Ministro quando nunca na vida fez por estar ali (mas alguém precisava representar o país).

10. Falta de sentido de Estado
Afirmações e argumentos absurdos e indelicados, pondo gravemente em causa pessoas e instituições. Ignorar o cargo de PM colando-o ao de presidente do PPD-PSD (não estão fartos desta designação que mais ninguém usa?). Abuso da memória de Sá Carneiro. Colocar-se sempre no papel de acossado, sendo afinal vítima de si próprio. Não teria melhor para o governo ele ter estado sempre caladinho?


Nota:
Comentário#4 são excertos da Comunicação do Presidente da República. Aqui diz tudo...

2004-12-10

insulto ignóbil vs insulto inteligente

O - quase deposto - ministro de Estado e da Presidência, Nuno Morais Sarmento, acusou o Presidente da República, Jorge Sampaio, de ter decidido dissolver a Assembleia da República numa “lógica da caudilho”, acrescentando que esta decisão, do ponto de vista da democracia, é um sinal de “imaturidade de regime”. O insulto político de baixo nível espalha-se como nuvens negras de tempestade. Estes meninos que agora se vêem importantes, descobrem palavras divertidas no dicionário e, supondo-se tão inteligentes quanto os mais velhos e experientes que cá andam, acabam por se ver em trapalhadas para se desenvencilharem das anteriores.
Exemplo máximo de uma resposta de tão inteligente e fatal, que se o ministro tivesse vergonha metia-se num buraco e só abria a boca para o ano, foi o comentário do insuspeito Diogo Freitas do Amaral: «O único fenómeno caudilhista que houve em Portugal passados 30 anos do 25 de Abril chama-se Pedro Santana Lopes. Portanto, acusar Jorge Sampaio de caudilho, quando ele é o oposto do caudilho, só dá vontade de rir».

2004-12-07

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Mário Soares, por Júlio Pomar
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2004-11-30

Mensagem

A primeira tomada de posição do PS através do seu secretário-geral foi a esperada. A postura de responsabilidade para ganhar as eleições/governar o país foi, no seu jeito politicamente demagógico, normal. Mas, em termos de imagem vencedora e maior postura de Estado que o PS pretende demonstrar, José Sócrates deveria ter feito a comunicação em pé. Esta única diferença daria um sentido mais forte à mensagem. Sentado, o líder do PS deu um ar de estar calmamente à espera de receber o poder nas urnas sem esforço. Ora, a vitória do PS pode ser certa, mas a luta por um resultado eficaz para uma estabilidade politica e parlamentar é essencial. A campanha começou no momento em que Santana Lopes saiu da reunião com o PR...

Volta Cavaco?

O Prof. Cavaco Silva, sábado no Expresso escreveu uma artigo-sentença contra Santana Lopes. O Presidente cumpriu parte: afastou os incompetentes. Agora falta a entrada em cena dos competentes. Pacheco Pereira avança com o regresso do próprio Cavaco. Quererá ele ser de novo PM? Poderá neste momento o PPD-PSD voltar a ser PSD-Cavaquista? Seria uma verdadeira chacina. Um terramoto abater-se-ia sobre o partido com qualquer alteração "forçada" da liderança, expulsando Santana e eliminando-o politicamente. Isso é que era mais importante.

No jeito sebastianista portuga, Cavaco é o homem-providencial. Mas entre o leque actual, quem melhor estaria em condições de mais facilmente arrebatar (quase) todo o PSD? Mas estará o próprio interessado nisto?
Marques Mendes, em jeito de renovação, mas também na linha Cavaco-Marcelo, seria um novo bom líder. Mas estará o PSD interessado nisto?

No último ano, com o desalinho do país, afastando-se mais do desenvolvimento e da recuperação económica, e com o disparate deste últimos e longuíssimos quatro meses, mal por mal, pelo menos com capacidade, profissionalismo e uma visão estratégica conhecida, o regresso de Cavaco como PM seria aceitável?

Qualquer líder do PSD, dadas todas as circunstâncias recentes, não dará a vitória nas eleições antecipadas de Fevereiro ou Março. O poder cairá no colo do PS.

Humilhado

Santana Lopes espero que tenha aprendido a lição. Na sua saída de São Bento foi notória a sua... humilhação. Claro que nunca o assumirá, começou, aliás, logo com aquelas falinhas mansas e eterna conversa do coitadinho. Santana está politicamente eliminado, ou ressurgirá, de novo, qual fénix, numa luta (inglória para o PSD) nas próximas eleições?

Alegria

O Presidente Sampaio resolveu, finalmente, dar uma alegria neste Natal a (quase) todos os portugueses.

2004-11-29

os que lideram (?)

Uma vez que estão definidos todos os líderes do partidos com assento no parlamento, eis que chegou o momento da análise:

Santana Lopes e o PSD
Um substituto muito pouco recomendado, indesejado e ilegítimo, com desejos de controlar tudo e todos na comunicação social - pública e privada -, divulgar uma imagem irreal (surreal...) do país, mostrar uma realidade governamental entre o providencial e o transcendente, sempre com o discurso do acossado, do coitadinho, de não batem mais no ceguinho. Este homem fala, fala, fala, fala, fala, e não diz nada. Ambicioso apenas para projecção de imagem e orgulho e vaidade, querer ser famoso sem esforço, parecer maior do que é, ter um currículo vasto mas sem concretização, amiguinho do seu amigo (até ontem, com a demissão de Henrique Chaves), sempre com um discurso demagógico e indivudual. Abusivo da memória de Sá Carneiro e do ideário do PPD-PSD, como nunca se cansa de frisar. Tentando criar um partido liberal, cuja designação é demasiadamente igual à sua própria sigla PSL. Ou seja, criou um partido à imagem do homem, roçando o culto de personalidade (vejam o "hino" do último congresso: "Somos actores da História/de coragem e glórias/pátrio orgulho do passado/abraçado pelo mar/... Santana Lopes é a voz/na vanguarda do futuro/de norte a sul/de todos nós") e orientações políticas tão rídiculas quanto perigosas, qual regimes como da Coreia do Norte. Este homem, como sempre se soube, e a cada fim-de-semana que passa, crise governamental após crise governamental, mergulha-se a ele próprio num poço com o tamanho do país. A incompetência e, o egoísmo e narcisismo, cada vez mais vêm ao de cima como o azeite e como, não a "verdade" enunciada no último congresso, mas a verdade de que este país se encontra desde julho sem rumo. É, desde sempre o homem errado, errático e erróneo. Estaremos a poucos dias ou semanas de vislumbrar uma saída para o sarilho em que Durão Barroso primeiro e o Presidente Sampaio depois, nos meteram?

O património do PSD sai deveras beliscado com a passagem de PSL. Tal como o Prof. Cavaco Silva este sábado no Expresso argumentou pelo afastamento dos incompetentes, o retorno à competência é o único caminho certo a seguir, pelo bem do país, mesmo que não votemos neles.


José Sócrates e o PS
Quase como um anti-Santana, na medida em que as diferenças, paradoxais, apenas são por serem de partidos adversários. Enquanto ministro do Ambiente e da Defesa do Consumidor, Sócrates provou que a persistência das ideias prevalece sobre a mania das sondagens e da imagem que do governo se tem. Agradou-me enquanto ministro, mas ainda não me convenceu enquanto líder do PS. Cuidadoso com a imagem, limpa, telegénica - é o mais elegante dos políticos nacionais - acaba também por ser algo insípido. José Sócrates representa um guterrismo sem muito diálogo, numa visão mais centrista e pouco esquerdista dentro do PS. O palavreado floreado, preenchido com demagogia q.b. e um tom quase monocórdico e pouco abrangente e pouco explícito têm sido aspectos que para mim não se afiguram como alguem que do PS deva posicionar-se como líder. Aliás basta comparar a lista de Sócrates com a de Manuel Alegre para ver onde estavam os pesos-pesados deste partido...
Para mim, Manuel Alegre como secretário-geral do PS significaria uma liderança baseada nos pressupostos do socialismo idealista e da sua renovação enquanto movimento modernizador e estratégico - para o partido e para o país - enquanto líder de oposição contra um governo caduco e sem nexo. Uma imagem construída sobre a firmeza, o idealismo, a seriedade e a coerência, mas também um carisma abrangente em todo o país - que nunca é de menosprezar - levaria Manuel Alegre, enquanto líder dos socialistas a uma vitória do partido nas próximas eleições, diferente da que levará Sócrates, baseada apenas no desgaste e desmembramento do Governo de PSL. Pois esta liderança socialista continua amorfa, ficando à sombra da bananeira que é o colapso da estabilidade política do país.

Também no PS actual se vê que os mais competentes preferem estar de fora, em particular António Vitorino, e outros, por via da eleição para a liderança (integrados na lista de Manuel Alegre). Resta esperar que, uma vez governo, o PS saiba colocar nos lugares certos pessoas com níveis de qualificação e competência já comprovados.


Paulo Portas e o CDS-PP
Um óptimo jornalista, em particular como director do Independente, original consciência crítica, mesmo que dele discordássemos, do modo de fazer política. Mas quando ele próprio se tornou político, a visão jornalística perdeu-se e ganhou-se um líder populista, a roçar aspectos de extrema direita. Passou a ser o "Paulinho das feiras" (e com isso, e depois disso, desiludiu muita gente), a falar aos berros, a ter uma atitude mais arrogante e intransigente. Quer antes, quer como membro do governo. Aí, na primeira fase foi o elo mais forte (nem sempre de forma positiva) a par de Barroso e Manuela Ferreira Leite, agora na segunda (e derradeira fase) acaba por ser o garante da coligação, pois esta acabará por desfazer-se com a implosão do PSD. Contudo, enquanto Ministro da Defesa considero que tem feito um trabalho há muito necessário: reforma e reequipamento essenciais nas Foças Armadas - exceptuado a compra dos submarinos, absolutamente inúteis e caríssimos, dinheiro que serviria melhor para outros propósitos nacionais.

O fim eminente deste governo e da coligação, significa uma enorme derrota para o CDS- PP. Um governo que estava preso a uma minoria política que acabava por determinar parte substancial do acto governativo, e que agora se corroi por dentro, eclipsará a base de apoio do partido com resultados nada positivos nas próximas eleições legislativas. O actual CDS é Paulo Portas (PP não é de Partido Popular...) e o fim de um é o fim do outro.


Francisco Louçã e o Bloco de Esquerda
A verdadeira oposição actual centra-se à volta do Bloco de Esquerda e dos seus dirigentes, como Miguel Portas, Luis Fazenda, Fernando Rosas. Mas Francisco Louçã, figura mediática desde os tempos do PSR, demonstrou inúmeras vezes capacidades retóricas e argumentos vários que punham em causa a acção governativa. Por vezes parecendo arrogante e com a mania da perseguição, Louçã é contudo, o garante de uma renovação moderna e actual de uma forma de se colocar à esquerda no espectro político. Sendo um grupo original e heterogéneo, o BE tem capacidade de ser um útil parceiro de governação (tal como à direita se considerou o PP). Com ideias tanto realistas quanto utópicas (não fossem eles "de Esquerda") o discurso acaba por conquistar muito do eleitorado mais jovem, ou descontes com o PCP e o PS. Desde que surgiram foi neles que votei, embora haja argumentos em determindas áreas dos quais discordo, aproximando-me mais do PS e de uma forma talvez um pouco mais liberal por vezes.


Jerónimo de Sousa e o PCP
Esperei pelo fim do congresso comunista para conseguir dar uma opinião mais consistente e objectiva sobre o novo líder. Jerónimo de Sousa é o líder-tipo da massa comunista: operário, lutador, coerente, mas também preso à velha ideologia. Acontece que não é, num ideal de renovação e abertura do PCP aos tempos modernos, o líder certo. Com Jerónimo de Sousa, o PCP estará igual a si próprio, com uma postura ainda mais combativa, "contra as políticas de direita e do capitalismo", disposta a roubar protagonismo ao BE mas, longe de oferecer uma solução sólida para uma possível coligação num governo sáido das próximas eleições. Esta liderança, assente no núcleo duro (personificado pelo clone político de Cunhal, Domingos Abrantes), estoicamente levará o PCP para resultados, para mim incertos. A actual conjectura anti-direita favorece os partidos de esquerda, mas estarão os eleitores ainda receptivos aos ideais comunistas, quando existe uma "clandestina" ala renovadora comunista, o Bloco de Esquerda, e um PS como único garante de uma alternância de poder (atenção, alternância e alternativa, como sabem, infelizmente, nem sempre signifcam a mesma coisa)?



Conclusão
Assim, sendo, não temos os líderes que queremos, mas sim os líderes que merecemos? Numa visão muito redutora da realidade nacional, a mediocridade generaliza-se também (não foi sempre?...) entre a classe política.
O "grito de alarme" contra os "políticos incompetentes" que obedecem a "interesses particulares", em vez de pensar no interesse nacional" de Cavaco Silva é a súmula de muitas preocupações. "Penso que é chegado o momento de difundir na sociedade portuguesa um grito de alarme sobre as consequências da tendência para a degradação da qualidade dos agentes políticos, de modo a que os portugueses adoptem uma atitude mais participativa e exigente nas suas escolhas eleitorais e as elites profissionais acordem e saiam da posição, aparentemente incómoda, de críticos da mediocridade dos políticos e das suas decisões e aceitem contribuir para a regeneração da actividade política", escreve. Segundo o ex-primeiro-ministro, "o afastamento das elites profissionais da vida político-partidária (...) favorece os comportamentos políticos em função de interesses particulares ou partidários, em lugar do interesse nacional", afirma, criticando os aparelhos partidários "que não olham a meios para garantir a sua sobrevivência nas esferas do poder".

2004-11-26

Vá de Retro, Santanáz!

Para quem quiser seguir, apoiar e/ou aderir à maior batalha dos próximos tempos em Portugal:
Vá de Retro, Santanáz!

2004-11-23

Dieldrina

Não acham que isto é uma hipocrisia, um disparate, um atirar de areia para os olhos? A merda do tabaco há muito que se sabe que faz mal, que está infestado com químicos da pior espécie, porcarias tóxicas e viciantes, que provoca doenças cancerígenas, que mata. Agora, que se descobriu um pesticida vão ser retirados do mercado os lotes afectados? Mas que conversa é esta? Então e os outros sem pesticida e igualmente fatais? Com o pesticida morrem mais depressa ou de maneira pior? Como se pode garantir a qualidade dos cigarros se são sem qualquer sombra de dúvida um malefício para a saúde?

"Se fosse eu que mandasse" retirava todo os cigarros, mas não apenas das lojas, eliminava todo e qualquer tipo de tabaco, acabava com uma indústria que gera milhões aos produtores e aos Estados, desapareceria com esta droga - das piores - da economia e da sociedade, acabava-se com a poluição dos corpos, dos espaços. (Mas claro que havia as consequências sociais e económicas das pessoas e diversas empresas...)

2004-11-22

A-Zarp: A

ÁFRICA. É luz, aquela luz que não se encontra mais algum lugar. É o cheiro, quente, doce, que nos invade. As pessoas, simples, hospitaleiras, bonitas (black is beautiful...). A imensidão - ok, estive só numa ilha, mas mesmo pequena nos enchia os olhos - mas no continente é de uma vastidão interminável. A natureza, bela, viva, aconchegante, mesmo na vulcânica ilha de São Vicente, o agreste abraça num jeito manso e amigo. Mas também o mar, azul, límpido, gigantesco. A comida, exótica, nutritiva, pura.

O chamamento existe. Embora nunca pisando terra continental, a minha estada em Cabo Verde foi das viagens mais fascinantes que já fiz. Costumo dizer que os meus últimos anos - com dinheiro... - passarei nas quentes e calmas terras africanas. Onde, não sei. Aliciam-me com o interior angolano, mas para lá ir agora. Mas como posso trabalhar profissionalmente como designer? Sendo uma actividade muito citadina, para sociedades mais desenvolvidas nos seus aspectos económicos, sociais e tecnológicos, haveria alguma hipótese no sul? Em Luanda, talvez. Mas para vingar teria de possuir uma estrutura capaz de "chegar, ver e vencer", e Luanda, sendo uma grande urbe de extremos gritantes, não seria pêra doce...
Espero um dia abraçar África. Encontrar as "origens".


ARQUITECTURA. Sou um amante de boa arquitectura - em criança dizia que queria ser arquitecto - desde sempre me entusiasmo com os diversos movimentos que ao longo da História se sucederam Tenho particular "afeição" pela arquitectura egípcia, azteca, bizantina, gótica, arte nova, o estilo internacional-modernista e, da actualidade.

Enquanto cidadão, considero a arquitectura como um bem comum, que a todos toca, mesmo que muitos não se apercebam da sua verdadeira importância. Enquanto designer, acredito que a arquitectura como acto criativo e projectual necessita com urgência ser protegida, difundida, aceite. A arquitectura e o urbanismo molda formas de viver e de trabalhar, condiciona a relação entre as pessoas e com a própria cidade, sendo que estes factores são importantíssimos que se possam cumprir com o objectivo de criar boas cidades, logo bons cidadãos, pois um deriva da outra.
O Direito à Arquitectura é por isso algo a lutar. A porcaria em que se tornaram as cidades e vilas deste país é devido a essa lei retrógada e velha (73/73) que permite que não-arquitectos assinem projectos. Logo, construtores com 4ª classe e insuficientemente inteligentes, apenas querendo o lucro fácil e rápido, contratam engenheiros ou desenhadores cuja formação profissional não contempla aspectos como a relação e escala humanas, e sem formação histórico-estética-criativa necessárias. Urbes desorganizadas, feias, com poucas soluções de emenda, afastando as pessoas, prendendo-as em gavetas de complexos armários nos subúrbios vazios de dia, estranhos à noite. Poucos ou nenhuns espaços verdes. Localidades saturadas de trânsito e sem transporte públicos com alternativa.
Também sou contra essa praga que há alguns anos se espalha pelo país que é o que chamo "pseudo-estilo-neo-tradicional-cheio-de-recortes-e-janelas-pequenas", numa uniformização "pós-fascista" do modo de viver em comunidades estranhamente concretizadas à volta de mais umas cunhas e milhões de euros ganhos a mais pelos construtores.

Pensar a cidade é sempre urgente. Pensar e agir de acordo com as ideias e ideais há muito investigadas e divulgadas mas que quem tem (qualquer tipo de) poder para nada interessam. Cada vez mais pessoas vivem nas cidades abandonando as terras e aldeias. As cidades do futuro, humanizadas e funcionais, tem de começar a existir


ABORTO. A favor da interrupção voluntária da gravidez, dentro dos moldes propostos pelo PS, BE e PCP. Contra a hipocrisia. Pela liberdade de acção das mulheres.


AMOR. Money makes the world go around, mas é o amor que nos aproxima. Fatal como a morte, o amor surge sempre nas nossas vidas, ora às vezes, ora para sempre. Entre duas pessoas, de pais para filhos, avós e netos, entre amigos. All we need is Love.


ANTI-IMPERIALISTA. Na sua vertente política e militar. Excesso do uso do inglês. (Mas não deixo de ver filmes e séries de TV americanos, não excluo marcas, não rejeito pessoas.)


APPLE. Melhor marca de computadores do mundo. Assumir a diferença como vantagem estratégica e funcional pela simplicidade, design, fiabilidade. Resistência inteligente à Microsoft.


ARTE. Forma magnífica de expressão, da criatividade, de emoção, vontade, utopia, intervenção do ser humano. A construção cultural do Homem é uma das pedras basilares da nossa evolução. É a compreensão do seu tempo e uma herança para o futuro. Faz-nos pensar, sonhar, divertir. Cria beleza, entendimento, alegria, agitação, polémica. A promoção e o ensinamento das artes é primordial. Eu não consigo viver sem arte.

Assumir posições

"Há que dizê-lo com toda a frontalidade" como a personagem de Herman José "Artista Bastos". Assumir que pensamos. Não nos refugiarmos no pensamento único que de novo e subliminarmente se implantou. Enfrentar o debate com alegria e não como discussão berrante e inconsequente. Discutir e partilhar, ensinar e aprender, apontar e relfectir, assumir e aceitar, errar e corrigir. Eis razões para a existência dos blogs, eis razões para que as pessoas, quando conversarem, o fazerem, com respeito e sobre algo mais do que "está-mais-frio-hoje" ou "vai-se andando". De nada serve falar ou escrever se não houver algum feedback, mesmo sabendo que há quem nos leia, por vezes parece que escrevemos para o vazio. De certo que há temas sobre os quais não se sabe argumentar - mesmo para mim; por outro lado há falta de disponibilidade temporal ou mesmo mental, dada a azáfama dos dias. No entanto, assuntos há que merecem ampla discussão ou mesmo singelas opiniões. A participação na e para a sociedade é importantíssimo, ainda para mais quando vivemos dias onde por vezes as opiniões/posições são censuradas... e maior acutilância e relevância têm para melhorar e impedir o marasmo dominante.

Por que às vezes temos medo de discutir certos assuntos? Com medo de ferir o outro, ou com medo de nos embaraçarmos e ficarmos numa posição "diferente" perante outros? Obviamente que há discordâncias, por vezes irritantemente diferentes e talvez inaceitáveis. Há o pensamento politicamente correcto (pró-governamental ou simplista), o independente (centrista, híbridos dos dois extremos) e, o politicamente incorrecto (do sempre-contra ou alternativo). Eu, pró-governamental não sou, sendo um pouco dos outros, mas tentando sempre uma opinião própria, ora de acordo com o que sinto, ora sustendada em factos. Eu consulto o Público, seus editoriais e comentadores, blogs, sites de notícias; ouço muita música diferente; vejo muito cinema diferente, etc. Interessso-me por muita coisa, onde o tempo nunca chega para tudo.

Matérias há sobre os quais nunca pensámos antes, não temos opinião formada, etc. Contudo, valerá a pena ficarmos calados, indiferentes, acomodados? Consciencializarmo-nos, reflectir, partilhar conhecimento são formas de crescer, de nos enriquecer, de tomar uma posição. Assumir que somos deste ou daquele lado, desta ou de outra opinião. Eu penso e faço assim, mesmo para me conhecer melhor.

Sendo assim, os próximos posts serão o meu perfil de A a Zarp. Sinteticamente opinando sobre diversos temas, e aberto ao debate e à polémica, se for o caso.

2004-11-18

Há lugar para todos?

No blog O Observador, André Amaral reflecte sobre a legitimação do Estado de Israel. Mas este assunto tem aspectos históricos e sociais controversos, mesmo polémicos, que não convém descurar.
O legítimo direito de auto-determinação dos povos é essencial. Veja-se o caso dos curdos, ou mesmo os bascos. Embora realidades bastante diversas entre si - sem querer defender ou atacar qualquer dos métodos usados - o que é certo é que a geografia-da-História ditou fronteiras muito, digamos, paradoxais. A defesa dos valores de identidade social, cultural e religioso deve ser sempre a primeira escolha. Mas também a defesa pela liberdade, a paz e a boa-vizinhança.
Mas imagine-se que esses Estados nasceriam hoje. Como seria? Quais as consequências políticas, sociais, económicas?
Outro exemplo, bem sucedido, é a heróica luta pela liberdade e independência de Timor-Leste. Caso único no mundo pelo rumo dos acontecimentos, foi nalguns aspectos comparável ao Tibete ainda ocupado pela China.

Nunca me opus à criação do Estado de Israel, acontecimento histórico importantíssimo onde razão, emoção e aventura se confundem. Nem tão pouco, contra o Estado da Palestina - direito inalienável de um povo irmão. Contudo, os acontecimentos iniciais em 1947-48, os conflitos seguintes até 1967, e depois 1973 e 1982, em nada, como é sabido, permitiram a paz para Israel e seus vizinhos. Mas o carácter messiânico que por vezes se revela na ideia-construção de um Estado Judaico, levou muitas vezes a posições extremas, xenófobas, intolerantes, egoístas.
Mas a luta "por um lugar ao sol" não deve nunca ser um factor de opressão contra o outro. O respeito e o amor pelo próximo também entre estados é fundamental, pois são constituídos por pessoas, muitas contra o estado de coisas actual Muitas que querem viver simplesmente as suas vidas, sem a ameaça à sua liberdade, habitação, vida.
Contudo, a sede de destruição, que caracterizou os vizinhos árabes ao longo das décadas, tornou-se em ódio de estimação, que a pouco e pouco os levou a posições, ora cada vez mais extremistas, ora cada vez mais infundados. A arma do terrorismo, reduto de cobardes e insanos, nunca levará à paz. E a opressão nos Territórios Ocupados nunca levará à paz. Dirão que a segurança de Israel como um todo, sempre esteve em causa. Certo. Dirão que o abraço da paz partiu sempre do lado hebraico, e com isso acordos vários, que foram rompidos pelos palestinianos. Sim, é verdade. Grupúsculos - não sem importância simbólica, contudo - acabaram, sempre por minar a reconciliação. Então se uns têm direito a viver, outros também têm direito a existir. Assim, ambos têm o dever de coexistir, num local único no mundo, que por causa deste conflito já demasiado longínquo originou as divisões e consequências graves que hoje se evidenciam.

Em que acredito eu? Na Paz. Mas fazê-la é muito mais dificil que travar uma guerra. O esforço terá de ser imenso de ambas as partes. Essa vontade deverá sobrepôr-se ao eterno conflito. Controlar extremismos, combater criminosos, ceder nalguns aspectos, retirar das terras ocupadas, deitar abaixo o muro, cooperar pelo desenvolvimento, a reconciliação (dificílima) dos povos, assegurar os locais sagrados como comuns e de ninguem em especial. As dificuldades são monstruosas, mas podem ser ultrapassadas. Só a paz trará a segurança e a vida, a prosperidade e a amizade, isso todos sabemos.
Há lugar para todos no autocarro da Terra Santa com destino à Paz. Temos é de impedir a todo o custo que alguém o queira explodir...

2004-11-17

Blogs dixit

Nem tão alto subir, nem tão baixo descer!
Nesta terça-feira, pelas oito horas da manhã, quem fosse às bancas comprar os jornais, ou lê-los sem os comprar, ficava convencido de que Pedro Santana Lopes estava para durar pelo menos dez anos, os próximos dez anos.
O mesmo incauto cidadão que, entretanto, às oito da noite se sentasse em frente à sua televisão, caía das nuvens: o governo estivera para cair durante o fim de semana anterior.
Depois, durante a noite informativa, foram as picardias e os gritos de recriminações recíprocas nas hostes do Governo e dos seus apoiantes.
Na manhã de hoje, um jornal complacente oferecia a sua primeira página a um fotografia de Lopes e Portas em ademanes de almoço. Estavam ambos com o ar contrafeito de serem capazes de se comer um ao outro.
É isto que torna a política ridícula porque burlesca.
Este teatro trágico de alucinações tem precedentes vários.
Adolph Hitler também assumiu a Chancelaria alemã em 1933 e proclamou que inaugurava um «Reich de Mil Anos». É claro que durou doze. Para fugir à miséria da derrota, o «Führer» deu um tiro na cabeça.
O exemplo é mau, mas o exemplificado ainda é pior.

http://arevoltadaspalavras.blogspot.com/


Criar um novo partido
Pedro Santana Lopes está a fazer ao PSD o que Paulo Portas fez ao CDS: criar dentro de um partido, um novo partido o PP. É mais difícil fazê-lo no PSD, que tem um lastro muito especial e é um partido de grande dimensão, menos plástico a “refundações”, mas, se lhe for dado tempo e oportunidade, é o que ele tentará fazer. Não é aliás um projecto novo, já tem história no muito esquecido projecto de um “partido social-liberal”, pensado por Lopes e anunciado pelo Independente de Portas.
Os sinais estão bem à vista: a tendência para o partido unipessoal, à PP de Portas, com o culto de personalidade assente na “subjectividade” do líder, a interpretação messiânica do destino manifesto, a ênfase na “geração” como mecanismo de exclusão, a identidade nacionalista entre “Portugal” e o líder, a acentuação de um princípio de comando (“eu” foi a palavra mais forte do Congresso), a tentação populista do contacto directo entre o líder e o “povo” através daquilo que, com ignorância do significado das palavras, os fãs chamam, ou “inteligência emocional” ou “carisma”, e o exercício brutal do poder de estado ao serviço não de causas, mas de pessoas. A complacência com alguns políticos pouco honestos que passeavam pela sala, sempre sem mácula partidária, façam o que fizerem, a contrastar com a violência verbal contra os críticos. A perigosa enfatuação da palavra “líder”.

http://www.abrupto.blogspot.com/


A Legitimação
A moção de Pedro Santana Lopes ganhou por 496 votos a favor, 0 (zero) contra e 1 abstenção. Santana Lopes ganhou por 99,8% ! Ora José Sócrates só teve 81%. Sócrates que se cuide!!
No PCP, o próprio Jerónimo de Sousa, ficou certamente preocupado. "Conseguirei tão invejável score ?
- "Foi bom ter havido uma abstenção que eu não gosto de unanimismos" - observou o Pedro a uma jornalista da SIC que simpaticamente lhe aproximou o microfone da boca, num momento alto da carinhosa Grande Festa da Consagração.
Estão a perceber porque é que se considerava tolerável que Manuela Ferreira Leite fosse a Barcelos mas já se achava excessivo que pudesse votar? É que: bem, uma abstenção até faz jeito - para aquela coisa que ele disse - mas um voto contra já é demais para um congresso que não é um congresso qualquer mas um congresso sob o lema da "Verdade" e da "Confiança" onde devem estar todos amigos e a bater palmas ao Pedro.
Pessoas despeitadas como esse Francisco de Assis, do PS quando várias microfones lhe pediam uma opinião sobre tão entusiástico Gongresso - ainda no ar esvoaçava o frémito da exaltação e engrossava a fila para os beijinhos e abraços ao Pedro - não soube dizer mais nada que: "de Barcelos não saiu uma única ideia para o país".
Só a incompreensão pode ter ditado comentário tão retorcido porque toda a gente sabe que o congresso não era para isso. O congresso era para o Pedro falar do Pedro. E também para ver se o velho PSD se encaminha para o ambicionado "PPD".

http://puxapalavra.blogspot.com/

2004-11-15

Discurso positivo ou o regresso das utopias?

Existem diversas formas de falar. Outras ainda de pensar. Há vários tipos de discurso. Também convém, na argumentação de um falatório, ter a noção da realidade, do futuro, do ridículo. Ter como facto que palavras ditas têm (deveriam ter) consequências práticas. Compreender que os ouvidos pertencem a gente que pensa e avalia por si próprio. Entender que de promessas está o inferno cheio. Encarar um projecto de dimensão imensa que é dirigir um governo é muito mais que aparecer nos media pelas mais (inúteis) diversas razões. Que tudo o que se escreve sobre e contra o estado das coisas em Portugal deverá ser tido em conta. Que trabalhar para uma nação (e não pelas imagens pessoais daí consequentes) é muito mais árduo que se imagina, e muito mais grave os erros cometidos.
Por muita boa vontade que exista, o discurso que o Santana Lopes ontem proferiu no congresso do PSD, flutuam na ténue e perigosa fronteira entre positivismo e utopia, entre honestidade e populismo. É preciso muito cuidado com estas opções verbais e consequentes aplicações práticas - o Orçamento de Estado e (haverá?) plano estratégico para Portugal. O PM actua com um olho na bola de cristal e outro para os media e opinião públicas, navegando ao longo da costa, suficientemente longe para se salvar, demasiadamente perto da tempestade. O desejo de ser popular que nem José Castelo Branco cumpriu-se, e subindo na carreira política sem concluir o que começara, entronizado de bandeja como líder de partido e Primeiro-Ministro, acabará ele o que promete começar? Ou acabará de vez com o país? Positivismo ou utopia? Blue pill, or red pill?

Nota: Já viram logotipo mais ridículo para um partido? Anda-se para trás até aqui... Vou escrever uma análise sobre a identidade e iconografia dos partidos em Portugal.

Mais sobre o assunto:
"A retoma"
"O acossado", por Ana Sá Lopes
"O Enterro de Barcelos" por Vasco Pulido Valente

2004-11-11

O Último Dia



Caminho eternamente sobre estas margens,
entre a areia e a espuma.
O fluxo do mar apagará a impressão dos meus passos,
e o vento levará a espuma.
Mas o mar e a margem permanecerão
eternamente.


Kahlil Gibran
Areia e Espuma
Coisas de Ler
2002

Décadas de resistência, mas também de esperança. Esforços de guerra e de paz. Erros e virtudes. Yasser Arafat, tal como Moisés, não vê a Terra Prometida: a Palestina livre. A representação simbólica da luta pela liberdade de um povo aprisionado num guetto do tamanho de um país, não mais resistiu à fraqueza do corpo. Mas a força do espírito permanece, e o Dia da Liberdade chegará. Inchallah.
_

2004-11-09

Primeiro dia



As divisões, quando sucedem, são-no por diversas razões. Os desentendimentos e as desconfianças também. Mas submeter durante quase três décadas uma cidade - e por conseguinte um povo em dois países - à sombra de um muro físico-ideológico é ir longe demais. A Guerra Fria produziu muitas situações dificeis, perigosas e bizarras; o Muro de Berlim era o símbolo máximo da divisão político-militar-ideológica do mundo. A opressão e repressão, a intriga e o isolacionismo, os dogmas e as mentiras do lado de lá da Cortina de Ferro acabaram por levar à implosão de um sistema politico-social.
Faz hoje 15 anos que os leste-berlinenses sentiram o lindo e doce sabor da liberdade, o ar puro que um muro derrubado deixou passar, uma alegria imensa própria das revoluções justas e verdadeiras.
Eu lembro-me, quase como se estivesse lá. Recordo a loucura dessa noite - e mesmo dos dias que a antecederam, e as semanas que se seguiram - agarrados às imagens da TV, aos jornais, tentando saber o máximo e sentir a contagiante e repentina felicidade que atravessa os corações de alemães de leste e de oeste.
A queda do Muro da Vergonha foi o último dia da Guerra Fria. O Primeiro dia de um novo tempo de paz e união para a Europa.

2004-11-08

Black is Beautiful > 5




Beyoncé Knowles
Cantora e actriz

Black is Beautiful > 4




Halle Berry
Actriz

2004-11-04

A ressaca

Tal como hoje escreve Jacinto Lucas Pires n'A Capital (ler em comentário anexo), é assombrosa a vitória. É o conservadorismo, o medo, a "mudança" na continuidade que prevaleceu nos 51% de votantes em George W Bush. A recondução do presidente dos EUA é, como já referi anteriormente, totalmente do meu desagrado. No entanto, tal resultado não me é de espantar. Facilmente as máquinas de propaganda política fazem o seu trabalho, as mensagens que passam são aquelas que muitos preferem ouvir, as ideias são "elaboradas" para agradar, intensificar posições. O individualismo colectivo americano sobrepõs-se à cooperação, à boa amizade, quando os EUA têm todo o potencial para fazer o bem pelo mundo. Mas isso são conversas já discutidas.

A disputadíssima corrida eleitoral, mesmo que o resultado fosse inverso, punha qualquer candidato pressionado pelo campo oposto. Mas será que quem votou Kerry, se as coisas continuarem a não correr pelo melhor, continuarão a intervir civicamente, à parte os pedidos de unificação de uma nação que ficou crispada com as diferentes opiniões e ideias nesta luta presidencial? O que é certo é que a divisão política nunca foi tão grande.

Diz-se que um segundo mandato - sem a pressão de recandidatura (afinal governa-se para o povo ou para os resultados?) - será forçosamente diferente. Melhor política externa e interna; reformas sociais e económicas; atitudes cooperantes. Espero bem que sim. Mesmo que quem lá esteja não mereça a nossa confiança - Santana ex aequo - gostamos de pensar que farão o seu melhor para o melhor. Pensar que "quanto pior melhor" é não ser racional e ser egoísta. Claro que às vezes apetece dizer "eu avisei-te...", mas o pensamento positivo terá de prevalecer. Afinal, não devemos ser todos nós a tentar construir um mundo melhor?

2004-10-29

Europa

Hoje é um dos dias mais importantes da história da construção europeia. É assinado em Roma o Tratado Constitucional da União Europeia, um marco importantíssimo para o futuro do continente e dos seus cidadãos. Europeísta convicto, apoiante de um sistema híbrido de Federação de Nações, e não de união federal de estados ou associação de nações, a relevância deste passo em frente para a unidade, desenvolvimento e solidariedade pan-europeia é enorme. A construção europeia visa também reforçar os ideais de democracia, e valorizar a potencialidade da UE enquanto grupo político, económico e cultural.

No entanto, os cidadãos, que tal como os seus governantes apoiam a participação no projecto europeu, continuam um pouco a leste do que se passa em Bruxelas/Estrasburgo, quer no Parlamento Europeu, quer na Comissão Europeia, quer nas decisões dos Conselhos de Ministros. A culpa poderá atribuir-se aos próprios políticos, que nos seus paises se divertem com coisas banais, e não elucidam sobre a verdadeira missão europeia. Mas também da comunicação social, que não dá o devido destaque aos assuntos europeus. Quanto mais desenvolvida e rica uma sociedade, mais os cidadãos se afastam da política. Mas hoje, mais do que nunca, e com este Tratado Constitucional a condicionar o futuro da União, as decisões e estratégias vindas de Bruxelas reflectem-se sobre todos os seus estados-membros com mais intensidade.

Por isso é muito importante o debate e o esclarecimento sobre a Europa, ainda para mais que no próximo ano, nós portugueses vamos referendar o Tratado. O TC pode ter falhas, mas é muito mais vantajoso para todos que seja aprovado do que ser rejeitado. Isso seria um sério revés para o projecto europeu.

Contra Bush

Pode parecer muito, mas o futuro do mundo dos próximos anos estará em jogo na próxima terça-feira. Infelizmente, o destino de uma nação, é o destino do mundo, e nós, deste lado, olhamos a realidade política americana sem nela poder interferir. Não é que desejava ser americano, orgulho-me de ser europeu, mas a Presidência dos EUA tomou tais proporções nas orientações e aspectos planetários, que muita gente podia achar pertinente votar para as eleições. E se pudesse, optava pela decisão mais sábia, mais óbvia, mais segura: votando John Kerry, derrotando George W Bush.

A Administração Bush (que não venceu as eleições, mas o sistema eleitoral americano é invulgar ainda para mais com as suspeitosas fraudes na Florida) nestes últimos quatro anos destruiu tudo aquilo que a Administração Clinton construiu em oito anos. De um país próspero (nos últimos anos teve lucro!), aberto e colaborador, respeitado e positivamente influente (os Acordos de Paz Israel-Palestina em 1993), "Wrong" Bush transformou os EUA para uma nação deficitária, numa economia de interresses pessoais e de guerra, unilateral, incumpridor de tratados internacionais (Tribunal Penal Internacional, Protocolo de Quioto), odiado e desprezado, amedrontando o mundo com o seu poderio e ambição hegemónica político-económico-militar. Transformando uma democracia em proto-ditadura. É certo que terroristas há muito preparavam atentados vários tais como o 11 Setembro 2001, mas o ódio anti-americano sentido há muitas décadas, em particular entre fundamentalistas do Médio Oriente, agudizou-se com o actual governo nas suas mais diversas acções, colocando a Humanidade sob outra ameaça.

Recordam-se das centenas de manifestações que houve por todo o mundo antes da ilegal intervenção no Iraque? A contestação continua. A ilegalidade foi confirmada - não havia armas de destruição maciça, nem campos de protecção à Al-Qaeda - e o Iraque transformou-se num barril de pólvora cada vez mais explosivo. Agora sim, o território iraquiano (explorado e desprezado simultaneamente pelos americanos - afinal havia dúvidas?) é ponta-de-lança da intervenção da Al-Qaeda. As políticas americanas levaram a respostas horrendas por parte dos terroristas. O assassinato do homem-bom que era Sérgio Vieira de Mello pode-se atribuir a tudo isto. Madrid 11 Março 2004.
Clinton ia sendo exonerado por ter mentido à mulher e à Justiça sobre uma relação sexual. Bush mentiu à Humanidade inteira para desencadear uma guerra. E com isso provocou milhares de mortos inocentes, raptos e execuções terroristas, dinheiro desperdiçado, economia global em crise.

Mas quanto às políticas nacionais, apesar de muitos americanos não verem (para além de muitos fazerem uma imagem idílica - ignorante - da presença americana no mundo) o páis enfrenta dificuldades várias. O défice que subiu astronomicamente (por causa da guerra), os cortes nas políticas sociais da era Clinton (há cada vez mais pobres extremos), a submissão aos interesses económicos de empresas nacionais (algumas com ganhos significativos via guerra no Iraque) contra a qualidade social dos cidadãos e contra a natureza, a obsessão securitária e diminuição - subtil - dos direitos de liberdade e garantia dos cidadãos. O controlo e influência sobre os meios de comunicação social - em particular a visão governamental bastante difundida no primeiro mês da intervenção iraquiana. Estes erros pagam-se caro, e será no futuro que estas facturas serão apresentadas, mas ninguem se lembra disso. O ódio anti-americano agudizou-se, e criou tambem um generalizado ódio anti-Bush.

Se Bush ganhar, estas políticas continuarão. E opositores como Bin Laden terão motivos ainda maiores para destruir o nosso estilo de vida. Se não houver inteligência, as políticas ambientais ficarão de novo adiadas, e o planeta em maus lençóis - cada vez mais se vêem situações como no filme "O Dia depois de Amanhã"... O desinteresse pela pobreza, fome e guerra em África e na América Latina continuarão. Os interesses económicos continuarão a sobrepôr-se. O conflito israelo-palestiniano - origem de muitos conflitos regionais e deste ódio contra os americanos - permanecerá. Continuaremos sempre a viver no medo, em guerras localizadas com terríveis impactos mundiais, recessões que matam recuperações...

Kerry poderá não ser melhor que Bush, mas deste último sabemos que nada melhor virá. Por princípio o Partido Democrata (liberal) é menos pró-guerra que o Partido Republicano (conservdor), e se Kerry, baseado na sua experiência, virtudes e ideias, respeitando o ideário e conquistas de Bill Clinton, dias melhores virão. Esperemos que os americanos pensem como os europeus e restantes povos e votem maioritariamente em Kerry. Contra Bush.

2004-10-25

Blog links

Como sempre, vou descobrindo novos sites e novos blogs de vários assuntos e ideias. Mas estes três prendem diariamente a minha atenção. Constam da lista de links neste blog. Recomendo-os vivamente.

universos desfeitos
conversas escritas
a barriga de um arquitecto

2004-10-20

Que horizonte?

Chegámos a um periodo da nossa história no qual as incertezas dominam o nosso horizonte. À parte toda a evolução e desenvolvimento das nossas (ocidentais) sociedades, a sustentabilidade do planeta continua deveras instável e constantemente em perigo. Vem aí o fim dos tempos?

É o projecto Europeu que caminha desligado dos cidadãos. A interminável questão israelo-palestiniana, problema-solução de diversos conflitos e atritos. A ilegalidade da intervenção no Iraque. O ameaça constante da Al-Qaeda. A ineficaz e desrespeitada ONU. A eterna fome e guerras em África. As pobrezas e desiguladades na América Latina. A tragédia de Darfur continuamente trágica. A destruição das florestas húmidas. A proto-ditadura dissimulada de pseudo-democracia nos EUA, na Rússia, na China. O governo Santana/Portas que olha mais para o seu umbigo e para os media do que para as reais necessidades deste país. É (alguma, mas mais consumida) comunicação social que se debruça enjoativamente sobre futilidades e inutilidades e dramas humanos exaustivamente abordados.
Os interesses materiais, imediatos e pessoais, sobrepõem-se aos interesses colectivos dos cidadãos e da natureza. O desrespeito pelos valores da Revolução Francesa, o desprezo pela Carta das Nações Unidas, o esquecimento dos ideais do 25 Abril, são reflexo da mesquinhez individual e do poder que os líderes/administrações políticas e económicas possuem.

Dir-me-ão que ainda existem coisas belas no mundo, para não ser pessimista. Concordo inteiramente. O planeta é extraordinário. Já repararam na excelência do design, por exemplo, das frutas? As formas, as soluções, as cores? Pensem na banana, na laranja, no côco. Deliciem-se com as belezas das milhares de orquideas que existem, e da imponência dos embondeiros. O espanto que são os crocodilos, os elefantes, os falcões. A inteligência, ainda por explorar mais, dos golfinhos e das baleias. A variedade supra-maravilhosa das paisagens naturais como Uluru na Austrália, as quedas do Niagara, as estepes da Sibéria, o Serengueti, o Gerês. A valiossísima riqueza e legados históricos e artísticos dos nossos antepassados, tais como as civilizações Egípcia, Azteca, Polinésia, Chinesa, Europeia, Islâmica. A variedade da criação artística actual. As maravilhas do avanço (positivo) da ciência e da tecnologia.

Como vêem motivos não faltam. Mas a realidade actual doi. É o futuro do nosso mundo, nas suas espantosas diversidades que está em causa.
Que horizonte queremos? Que horizonte teremos?

2004-10-14

Soho Lounge Café



©2004. Trabalho realizado em parceria.

2004-10-07

Censura II

Comentários sobre a censura ao Prof.Marcelo Rebelo de Sousa

Público:
Editorial: "Ainda mal começou...", José Manuel Fernandes
"A resposta da fraqueza", Pacheco Pereira
"Contraditório", Eduardo Prado Coelho

Canal/Jornal de Negócios:
"O inimigo principal", Fernando Sobral

Diario Digital
"Marcelo e as 'ondas de paixão'", Clara Ferreira Alves

Expresso online
"Democracia a saque", José António Lima

Censura

Ressurgiu do vale dos mortos um ser maléfico que deixa um rasto de tom azul por onde passa. Ontem a vítima foi o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, e a própria TVI - que apesar do que os accionistas pretendem, também a estação fica beliscada.

Este acto proto-censório é verdadeiramente intolerável e inconcebível num governo de um estado de direito democrático. Estas suspeitas, que todos os quadrantes da sociedade e da política sentem, é de uma gravidade tal, que se torna absolutamente necessário o apuramento da verdade.

Numa incredulidade colectiva, o país assistiu a mais uma actuação arrogante, prepotente e descarada deste pseudo-governo, que cada vez mais caminha para o abismo, e com ele arrasta Portugal. Onde o regresso à luz se avizinha já quase como uma mitologia à espera de um Messias.
E no entanto, depois do que se viu com o barco do aborto, acaba por não ser tão espantoso...
Como Pacheco Pereira escreveu sobre este assunto: "Isto está pior do que se imaginava, e eu sempre o imaginei muito mal".

2004-09-07

Designers do it better



A importância de recorrer a quem sabe, a quem aprendeu, a quem trabalha para servir um objectivo maior que ganhar dinheiro, ou o jeito que possa ter a fazer "bonecos". É tornar eficaz a forma/função, dar respostas e proporcionar soluções viáveis, fazer simples e bonito sempre, sempre a par de funcional e eficaz.
Ser designer é ser autor/artista/técnico/profissional. É ser alguém consciente e do mundo. Que o seu trabalho tenha importância real para os clientes e o mercado. Ser designer é ser exigente e observador, ser culto e honesto.

De acordo com Bruno Munari, importantíssimo teórico do design “o designer é um projectista dotado de sentido estético, que trabalha para a comunidade" e que "(...) tem um método para abordar os vários problemas quando se trata de projectar (...) procura projectar objectos que além de servirem bem as suas funções, tenham também um aspecto coerente segundo uma escolha, ao qual dá origem àquilo que eu creio poder definir como a estética da lógica.''
E diz também que “segundo os princípios do bom design, o consumidor anónimo deve sentir a presença de um trabalhador que também pensou nele, no sentido de produzir um objecto que funcione bem e que tenha além disso a sua estética.”

O Design assume-se como multidisciplinar, concebe, planifica e concretiza ideias, soluções, objectos e formas de comunicação com o objectivo de servir o Homem, a Sociedade, a Economia e o Meio-Ambiente.
A prática de planificação e busca de soluções originais aplicadas em cada trabalho visam expandir o negócio dos clientes, sendo também um factor importantíssimo para a modernização, a definição de estratégias e formas de competitividade vantajosas e eficazes para enfrentar o mercado.

Mas, neste país, vê-se muita porcaria feita por pessoas que arrogantemente abusam da palavra design. Que afinal não têm nenhum curso, nem nehuma especialização, nem cultura nem atitude para ser designer. São na maioria tipos que sabem umas coisas de web e no Corel que em (reles) PCs fazem uns "bonecos" - como dizem os clientes - vulgo logotipos, ou então têm lojas e assistência informática, e que se lembram de fazer uns sites e apresentações multimédia (antes em FrontPage, agora já sabem mexer no Flash!...) sem qualidade, sem noção de tudo o que foi anteriormente descrito. E praticam preços baixíssimos disvirtuando e degradando o mercado. A estes eu chamo concorrência terrorista. Design também significa qualidade, e isso tem um preço correspondente.

Mas grande parte do problema está nos níveis educacionais e culturais de Portugal. Uma classe empresarial e trabalhadora com pouca atitude, e a milhas de compreender o essencial do design. Uma classe política e técnica que não compreende que a formação escolar é de uma importância vital para o desenvolvimento do país. Em Inglaterra existe no parlamento, uma comissão permanente (constituída por deputados, portanto) dedicada ao design! Contam-se pelos dedos as empresas que em Portugal pensam design (e marketing).

O desenvolvimento de conceitos visuais é um elemento primordial para a identidade de uma marca, ideia, ou conceito. Criar conceitos de clara eficácia, onde o objecto produzido — gráfico, industrial, ou simplesmente visual, indiferentemente das aplicações — deve ser algo que implícita e explicitamente comunique a função em harmonia com a forma. Novas conceptualizações de espaço e forma ajudam a traduzir funções para os quais a comunicação visual está vocacionada, daí que a experimentação deve sempre ser vista como algo de essencial, como uma busca da perfeição ou da simples acção de comunicar bem.

2004-09-01

Lomo#01















Floresta mágica / Magic forrest







Matas Nacionais
Pinhal de Leiria, a caminho de S.Pedro de Moel
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2004-08-30

Alvar Aalto, designer


Design em Arquitectura #03

Tadao Ando
Arquitectura zen

Design em Arquitectura #02

Santiago Calatrava
Arqui-engenharia artística



Design em Arquitectura #01

Norman Foster
London City Hall
2002





2004-08-24

Modigliani



Nu adormecido com os braços abertos
(Nu vermelho)

1917

Óleo sobre tela 60x92 cm
Milão, Colecção Gianni Mattioli