2006-01-31

we will overcome


Como dizia Serafim Saudade "o mundo está dividido em duas partes", a parte A são os utilizadores Apple, a parte B os utilizadores Microsoft. Hegemónico, a parte B com toda a evolução que tem permitido, todo o desenvolvimento, com todos os sistemas nele contidos e que permitem que o nosso mundo actual funcione, é em certa medida, para nós os da parte A, uma realidade tão complicada e restritiva, tão impessoal e tão fria.
O desenvolvimento rápido e audaz encetado pela Apple, exponenciado agora com a "aliança" Intel, é um motor imenso para a renovação global de como deve a informática e os seus sistemas interagir para o bem comum, desde a economia à comunicação. E o avanço da parte A é muito mais aquilo do que serão os computadores do futuro do que a parte B dissimuladamente engana. Ao longo dos próximos anos, veremos os sistemas PC aproximarem-se mais do conceito Apple, sem no entanto possuirem aquilo que nós macusers vivemos como um culto, uma paixão, um desejo.

A vinda de Bill Gates a Portugal reveste-se de diversas importâncias, para o país e para a Microsoft. Permitirá que o Plano Tecnológico avance sustentado na maior empresa do mundo. Permitirá, obviamente tratando-se de um negócio, que a Microsoft fique a ganhar.
Talvez um dia Steve Jobs receba uma condecoração, e a Apple seja também um agente de desenvolvimento do próximo Plano Tecnológico.

E que tem a Apple a ver com isto? É um campeonato, que por agora não consegue competir, tratam-se de sistemas e aplicações, que embora na maioria existentes em Mac, não trariam vantagem devemos ser francos. A luta pelo mercado tem sido, desde há muito, por nichos - nas actividades do design, da música, do cinema - e com estes chegado aos consumidores domésticos. A imensa quota de mercado possibilitado pelo iPod e o iTunes, tem vindo a transformar mais a realidade informática global, do que a própria filosofia Apple, pois desde sempre foi o que com muito maior sucesso a nível global está a ser: simples, funcional e criativo. Um dia todos os computadores serão assim.

2006-01-29

Neve nas Caldas


Caldas da Rainha, 13h

2006-01-28

iD Presidência Áustria



The logo for the 2006 Austrian Presidency of the Council of the EU is the work of the Dutch architect and designer Rem Koolhaas. He and his think-tank OMA originally came up with the idea of reassembling the colours of the EU countries’ flags in a “bar code” during a brainstorming session in 2001. Theme of the brainstorming: representing Europe’s diversity and unique identity in visual form. The bar code unites the EU Member States in a single symbol.
The European Union is characterised by ongoing development, dynamism and movement. This is reflected in the design of the bar code. The original 2001 design representing the flags of the then 15 Member States was thus adapted in 2004 to incorporate the flags of the 10 new countries joining. The bar code as the Austrian Presidency logo now depicts the flags of the EU-25, arranged according to the geographical location of the Member States from West (left) to East (right). It is a symbol not only of the European Union and its Member States, but also represents Europe’s diverse, colourful character.
Koolhaas’ bar code has not been used officially since its conception. This colourful symbol of Europe now has its official premiere as the logo of the Austrian Presidency of the Council of the EU in 2006.

http://www.eu2006.at/en/The_Council_Presidency/Logo.html

2006-01-27

Hamas, o diabo no poder?


A vitória, retumbante, da maior força radical da Palestina, nas eleições legislativas, parece ser o primeiro passo daquilo que escrevia em "The fall of Falcon-Sharon ou a Terra da Instabilidade". As incógnitas nesta terra são o pão nosso de cada dia. Diz-se que quando acontecem estes terramotos políticos nos momentos em que se está à beira de uma nova etapa de paz, que Deus não é judeu. Ora nem judeu, nem muçulmano, nem cristão, Deus não é guerra, são os Homens que a fazem, e compete a eles impedi-la.

Agora que o Hamas é o governo legítimo, poderá o terrorismo de uma organização tornar-se na actividade governamental, em guerra aberta com Israel? Como poderá reagir o presidente palestiniano, da Fatah, face a um Executivo liderado por um "partido político" que ninguém reconhece e se recusa a negociar? Entrará a Autoridade Palestiniana em colapso (final) com a radicalização das políticas agressivas e libertárias (legítimas, mas não deste modo)? Mas, dentro deste processo democrático que foram as eleições e a consequente prática, poderá haver lugar a uma transformação do Hamas numa entidade que progressivamente abandone a via guerreira, e reconheça por fim Israel de modo a conseguir um acordo de paz? Como reagirá Israel com o seu maior inimigo com maior poder?

Zine: Box

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2006-01-26

iD: novo BES



O BES apresenta a sua nova identidade com óbvios objectivos de se apresentar aos clientes mais jovens.
Um trabalho de autoria BBDO e RMAC.
Estou muito curioso para ver mais peças da marca.

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“É mais uma evolução da imagem do que uma mudança profunda”. Foi desta forma que Ricardo Salgado, presidente da comissão executiva do BES, resumiu a nova imagem do banco. Uma das alterações mais visíveis é ao nível da cor que se mantém verde, mas passa a ter vários tons de verde, denominando-se “verde futuro”. “É mais fresca, mais jovem e quer aproximar-se mais dos clientes", referiu Ricardo Salgado, ontem, em conferência de imprensa.

Além da cor, a nova identidade do BES abrange também o logotipo e o tipo de letra. As mudanças sentir-se-ão ao nível dos balcões, cartões de crédito, publicidade e estacionário do banco. Com esta evolução o BES pretende reforçar as dimensões de proximidade, juventude, vitalidade e modernidade da marca.

Outro aspecto que muda na comunicação é a assinatura que deixa de ser “Quem sabe, sabe e o BES sabe”, passando a ser “Quem sabe, sabe e o Joaquim sabe”. O nome que assinará na campanha estará de acordo com os destinatários da comunicação e com o produto que está a ser promovido. João, Maria, Joaquim, Manuela são algumas das possibilidades.
A inspiração criativa para a nova identidade corporativa é da autoria conjunta da BBDO e da Ricardo Mealha e Ana Cunha Design.
Entre a campanha, o estacionário e a mudança nas fachadas o banco terá investido cerca de seis milhões de euros.
A fase revelação da campanha arranca a 28 de Janeiro e prolonga-se até 5 de Fevereiro."
in Meios e Publicidade


os logos reprovados:

2006-01-23

Foi à tangente

Por 0,6%. Nunca uma margem tão pequena permitiu eleger um Presidente da República.
Foi apenas por décimas que não houve segunda volta, o que levaria Manuel Alegre a disputá-la com Cavaco.

Retrato
Os resultados demonstram com particular interesse como cada um dos candidatos se representa de facto no eleitorado. A vitória de Cavaco foi tangencial (ao contrário do que se tentava impôr desde há meses), importante a todos os níveis sem dúvida.

Cidadania
A percentagem obtida por Manuel Alegre foi expressivamente positiva. Segundo em todos menos um distrito, mais de um milhão de votos em Alegre prova como um movimento de cidadania, um projecto político de ideais justos, fraternos e livres têm uma expressão significativa no espectro nacional, e como há lugar para outra visão e maneiras de pensar e fazer a política que de forma tão importante urge aplicar-se.

Derrotado número 1
O resultado de Soares - apenas 778.389 - é bastante curiosa (no mínimo) e quase humilhante diria.

Os comunistas
Os restantes são, outro campeonato, considerando que o grande derrotado é Francisco Louçã, pela sua posição obtida nas Legislativas, pela sua postura nesta campanha.

Sujeira
À espera estava, tal como tanta gente, do discurso de Manuel Alegre, e um minuto depois de começar acontece o momento mais triste da noite, profundamente deselgante e grosseiro diria também. É que viu-se tão bem que foi de propósito. A sobreposição do discurso de Sócrates deixou-me profundamente indignado. O PM foi de uma falta de educação enorme, fosse qual o candidato que fosse que estivesse a falar, mas o simples facto de ter sido Manuel Alegre demonstra um frio acto de vingança perante a campanha e os resultados eleitorais.
Excertos do que Pacheco Pereira escreveu no seu blog à medida que os acontecimentos se sucediam:

22:01 (JPP)
ISTO ESTÁ BONITO!
Sócrates a interromper Manuel Alegre que vergonha!
Se fosse Alegre repetia a declaração.
Se fosse a televisão dava o PM em diferido, porque Sócrates não é candidato.
(António Lobo Xavier assina por baixo).
Há alguma revolta aqui na SIC vinda de vários lados.

22:06 (JPP)
SÓCRATES
pensa que pode fazer tudo. E fez uma asneira revelando um dos seus aspectos mais negativos, prepotência e arrogância. Ao interromper Alegre, foi o que pior se portou nesta noite.

22:43 (JPP)
SÓCRATES QUER-NOS CONVENCER
que ninguém na campanha de Mário Soares estava a ver a televisão e não se apercebeu que Alegre, o arqui-adversário, começava a falar...
A questão é outra. É que lhe correu mal a cena.

e hoje acrescentou:
"A interrupção do discurso de Alegre por Sócrates gerou, na pequena multidão que estava dentro da SIC, imediatas e sonoras manifestações de protesto, que ultrapassaram partidos e amizades políticas. Eu protestei alto e bom som na minha mesa, Helena Roseta na dela e, atrás de mim, no grupo a que a SIC chamou da "sociedade civil" ouviam-se também protestos. Os jornalistas que conduziam a emissão ficaram também perplexos e incomodados pela evidente e grosseira manobra de ocultação de Alegre, mas não era fácil não dar a prioridade ao discurso de Sócrates,no tempo real em que estas emissões se fazem. Sócrates é o Primeiro-Ministro e um dos responsáveis pelo desastre do PS e forçou ser ouvido. Justiça seja feita neste caso à SIC que se apercebeu de imediato que tinha que encontrar uma forma de reparar Alegre, que denunciou de imediato a malfeitoria e anunciou a repetição da declaração de Alegre. Não sei o que fizerem as outras televisões, mas tenho curiosidade em saber."

Abstenção
É impressionante como 3.301.589 de pessoas não foram votar, 37,39% dos portugueses optaram por não contribuir com a sua escolha/opinião. É muita gente, mais que os votos em Cavaco, quase tantos como juntando os de Alegre.

2006-01-22

Bluff francês



A ameaça proferida por Chirac do uso de resposta nuclear a ataques, é claramente uma tentativa de afirmar o poderio e a importância da França. Mas estará a França ainda num patamar que a leve a ser respeitada/temida? Historicamente sempre à parte e do contra no plano internacional, a defesa dos seus interesses franceses não é mais que uma versão da defesa dos interesses americanos. Logo, se fosse Bush a dizer o que disse, ou mesmo Putin, seria o Carmo e a Trindade! E com razão. Acontece que, vindo de Chirac e da França, esta ameaça acaba menorizada, pela real importância do país, que a todo o custo tenta esconder. O poder das nações, neste caso europeus, não pode passar por tomadas de posição deste género, unilaterais e egoístas, próprios para consumo interno, que no entanto se revela como um precedente perigoso. E o inimigo - seja ele qual fôr, Al-Qaeda e o Irão - ficará com um apetite mais aguçado por haver alguém que possa dar luta. Não que defenda a submissão, pelo contrário, a luta ao terrorismo e ao despotismo deve ser estruturadamente eficaz e decisiva, mas as palavras têm muito poder. Tal como o presidente do Irão profere aqueles ignomínias verbais, do lado de cá há que ter muita cautela com o que se diz. A afirmação do poder, existente na base da democracia e da civilização, deve ocorrer segundo regras bem diferentes. O bluff francês, tal como o iraniano, revela-se perigoso e nada animador para o futuro.

Vasco Pulido Valente afirma "A bomba de Chirac vem de uma nova França, humilhada, frustrada e sem destino. E a fraqueza ameaça. Como o desespero." Público, 22 Janeiro.
No Expresso deste fim-de-semana, Miguel Sousa Tavares enfatiza o real perigo vindo do Irão acrescentando que "a perspectiva de um Irão nuclear e agressivo existe e representa o pior pesadelo de um "Estado-pária", desligado da obediência à lei internacional e dotado das armas capazes de transformar em factor de desestabilização e terror permanentes", finalizando "Vem aí o ano de todos os perigos".

2006-01-18

Presidenciais-4



Um Presidente Alegre

Não um crispado. Não um bon-vivant. Por todas as razões já enunciadas, e muito mais que muitos outros têm dito, e pelo próprio conteudo do Contrato Presidencial, a minha confiança, convicção e voto é em Manuel Alegre. Para mim, representa aquilo que deve ser Portugal, tal como nos dois slogans da candidatura: "Livre, Justo, Fraterno" e "O poder dos cidadãos". É isto que a nossa sociedade deve ser. Para lutar contra a desigualdade, renovando e enaltecendo os valores e orgulho nacionais (um assunto também lançado no Reino Unido este fim-de-semana) com a promoção da língua, da cultura, da formação e da identidade.

Quem teve coragem foi o poeta e não o "pai" do regime democrático. Quem avançou com convicções claras e honestas, num inovador movimento de cidadania (afinal é assim que a política deve ser) foi o livre Alegre.
Quem avançou no seu "Contrato Presidencial" com estratégias, proximidades e exigência foi Manuel Alegre. Quem abertamente renova um discurso político, contrapondo a crispação cavaquista e a boémia soarista, é o deputado de Coimbra. Manuel Alegre tem uma posição clara, sendo (e quase único) quem primeiro avançou com ideias concretas do que um PR e Portugal devem ser, perante o país, a Europa, a Lusofonia e o mundo.


Valor presidencial
Mas afinal o que queremos que seja um Presidente da República? Alguém que possa representar o Estado Português com transparência e liberdade? Que colabore com o governo? Tudo isto? O que acima de tudo um PR deve fazer é respeitar a Constituição, e não ir além disso sob pena de criar instabilidade institucional e política. O titular do mais alto cargo do Estado deve ser alguém íntegro e de espírito aberto, de convicções e livre, abrangente e fraterno, justo e patriótico. Para mim é também alguém que seja simbólico do Estado mas acima de tudo da cidadania, da nacionalidade, capaz de representar todos dentro e fora do país com igual competência, serenidade e valor. Transmitir e invocar uma mensagem universalista e democrática, moderna e mobilizadora, os valores intrínsecos da nacionalidade e do respeito por todos, positivo e inovador.

Sendo um cargo político alcançado através da regras da política, necessita de alguém que sinta a mesma como o maior serviço público aos cidadãos e ao país, que tenha no instinto a pureza e os valores da polis, afirmando-se sempre independente, com coragem, pelos seus ideais, pelo futuro e por Portugal. O garante das liberdades, direitos e deveres da cidadania - qualquer que seja a sua origem e cultura - e da República, um provedor da democracia, um árbitro do sistema vigente, um elemento de exigência mobilizadora, capaz de promover o país para uma estratégia de desenvolvimento sustentado.

Que veja a Europa como uma espaço de afirmação do país e do conjunto da UE, no caminho de uma união inovadora e democrática feita pelos cidadãos para os cidadãos. Que impulsione o espaço lusófono como uma comunidade forte, no intercâmbio cultural, económico e social, promovendo a língua portuguesa dentro e fora da CPLP, potenciando uma cidadania lusófona livre e justa.

Tudo isto é o que eu vejo na candidatura de Manuel Alegre, que não é de protesto, nem contra ninguém. É pela cidadania, pela fraternidade, pelos portugueses, por Portugal. Por aquilo que acredito. Por tudo isto voto Manuel Alegre para Presidente da República Portuguesa.



Sugiro a leitura dos seguintes textos:

"Para que serve um Presidente?", António Barreto
"Um homem sem opiniões", Vasco Pulido Valente
Ambos do Público. Disponíveis em comentário.

"Uma candidatura que revitaliza a política e a cidadania", José Jorge Letria
"Uma candidatura inovadora", Helena Roseta
e
"Contrato Presidencial", Manuel Alegre
a partir do site da candidatura.

2006-01-16

Presidenciais-3

Os candidatos:

Mário Soares
Sabido por todos da candidatura do Prof. Cavaco Silva, os avanços incertos por parte da área socialista fragilizaram-na em contraponto ao reforço da área da direita. Mas a reviravolta no PS, com a contra-candidatura de Mário Soares (sim, porque ele lança-se à corrida contra um homem e não pelo país, que com o seu killer instinct tanto massacrou Cavaco de forma grosseira e, deselegantemente Alegre, nos debates televisivos) demonstrou de novo, apesar do seu imenso gosto pela luta política, que passa por cima de quem entende. Há vinte anos foi com Zenha, em 2005 com Alegre. O acto de deslealdade faz parte da sua conduta,
e foi isso o golpe final para a sua mui nobre e histórica prestação política. Tenho os dois primeiros livros da entrevista biográfica com Maria João Avillez, sempre olhei Soares como um património vivo, que a par de Salazar e Cunhal, marcaram grande parte do séc.XX. A primeira vez que votei numa eleição presidencial, votei nele. Mas apesar disto, mesmo assim, entendo que a sua recandidatura, embora legítima e possível, não deveria ter lugar. A ideia de renovação deve prevalecer, a idade para mim não é transtorno, mas - mesmo sem coragem de figuras novas - Soares não deveria surgir de novo. O tempo é outro, tal como não pertecence ao de Cavaco. Conhecendo todos a suas posições sobre política nacional e internacional, a actividade na sua Fundação, todo o historial, o surgimento dele é, afinal, tão providencial como de Cavaco: "sempre presente nos momentos difíceis".


Cavaco Silva
O Prof. Cavaco demonstrou novamente o guião que tem, e quão frágil é quando colocado fora do alinhamento.
Mas o que conhecemos sobre homem? Apenas que tem uma visão economicista. Qual a sua opinião quanto à Europa e o Tratado Constitucional? Qual a sua posição quanto à guerra no Iraque? Como pensa sobre a luta contra o terrorismo e a Al-Qaeda? De que modo coloca Portugal e a Lusofonia no mundo? Nada. Não sabemos nada. Os dez anos de intervalo entre uma candidatura e outra foram, como afirma, de distanciamento político-partidário, que esteve a dar aulas. Mas isso impede-o de expôr publicamente a sua opinião, quando tantos, da direita à esquerda o ouviriam? Sabemos somente que quer propôr uma "cooperação estratégica" com o Governo. Mas isso é o quê, quando é o Executivo que desenha as estratégias nacionais?
No debate com Soares o homem ficou absolutamente nervoso (viram como as mão tremiam?), irado (quanto palavrões terão passado pela cabeça dele) e embaraçado (nunca esteve tão coradinho) face à deselegância política e grosseria educacional movida pelo octagenário.
Há dias vemo-lo cantar "Grândola Vila Morena", e no Porto grita à multidão que "o povo é quem mais ordena". Mas o que é isto? Está louco o homem?
Parece que o eleitorado português está a um renovar um provérbio - "quem vê caras não vê ideias" - e está tão cego com a ideia que ele, Cavaco, "vai endireitar isto" (como já ouvi tanta vez nas últimas semanas) que não entendem que direito ou torto é o Governo que governa o país.


Francisco Louçã, Jerónimo e Garcia Pereira
Outro campeonato, mas não sem deixar de dizerem "umas verdades", umas mais demagogas que outras, umas mais específicas para o seu reduto eleitoral. Trazem mais debate, mais palavra, mais entusiasmo. Qualquer contenda eleitoral não pode passar sem eles. Graças ao pluralismo que temos, podemos e devemos, mesmo que muitos discordem, ouvir as suas posições. Os dois primeiros são claramente candidatos contra Cavaco, e em certa medida contra Soares. Garcia Pereira é o candidato contra o sistema, a eterna voz das "perguntas que mais ninguém coloca". Possibilitam um muito maior interesse sobre a eleição e, obviamente sabendo cada um deles que não há qualquer hipótese de vencer - e muito menos calibre para serem PR - avançam com a convicção da luta das suas ideias e dos valores (da esquerda) assim como qualquer um de nós deve lutar por aquilo que acredita e julga ser melhor, sendo por isso, pelas suas atitudes exemplos de entrega e dedicação a causas que possam melhorar o país.

2006-01-14

Perigo iraniano



A intenção, nitidamente maliciosa, de o Irão querer obter energia nuclear com o argumento de necessidades energéticas, mas é o 4º maior exportador de petróleo; quando nos últimos anos desenvolveu mísseis de médio alcance; e uma investigação secreta de quase vinte anos sobre o uso do nuclear como arma; um continuado impasse de negociações; esta semana o rompimento dos selos (colocados pela ONU) nas suas instalações nucleares; e por fim, alimentando - desde sempre aliás - uma hegemomia político(religioso)-militar na região, e intensificada por um recém-presidente radical e perigoso nas palavras, demonstram um grave problema para o futuro próximo. A instabilidade da área em nada precisava de mais esta ingógnita hostil. A intervenção americana no Irão e a luta com a Al-Qaeda também no Afeganistão, a recente situação em Israel, o impasse volátil no Líbano e na Síria, apenas saciam a vontade de ideologias extremistas para a desconfiança, a ameaça e a confrontação. A violência alimenta-se da violência e alicerçado no conceito das armas de dissuação (vulgo nucleares) a vontade do Irão de querer o que Israel (querido inimigo) tem, fazendo vista grossa - particularmente aos EUA, o inimigo-mor - como um puto estúpido que tem uma fisga e os outros não só para meter medo, configura-se como uma atitude de intensa volatibilidade, e cujas intenções hostis não estão descartadas de uso de facto. Vemo-nos, ainda no berço da civilização, confrontados com a incerteza dos dias futuros, onde a sede do poder e da hegemonia, a ideologia dos dogmas desviantes e absolutos se conjugam, que nos podem arrastar para noites longas e sangrentas. Levar o assunto ao Conselho de Segurança é um primeiro passo a dar. Há que estar atento. Muito atento.

2006-01-12

Presidenciais-2

Sebastianismo serôdio
Ao longo da última década vimos em Portugal altos (breves) e baixos (demasiados), onde algum sentimento de revolta, afastamento e desprezo pela política e pelos políticos aumentou significativamente.
E igualmente ao longo da última década houve uma elaborada e requintada construção de um mito novo. Como uma reciclagem silenciosa e estratégica, claramente com inteligência mas também alguma dose de sorte em virtude da descida constante dos mais diversos índices sociais e económicos do país.
Quando há dez anos se dizia Cavaco nunca mais, eis que hoje 50 a 60% do eleitorado deseja o seu regresso. Porquê? Mais pela descrença que os seus sucessores provocaram que pela memória pessoal e colectiva que dez anos de cavaquismo representaram para o país. Mas, paradoxalmente, igualmente por essa razão de uma década de trabalho que o professor desenvolveu, cujos resultados, bons e maus, eram perfeitamente visíveis. A imagem de intenso e dedicado PM contribuiu para re-consolidar uma memória colectiva de alguém que não brinca nunca em serviço, ao contrário de um que desistiu, outro que fugiu e um último que, esse sim, brincou com todos. Mas esquecem-se de que ele também desistiu. Antes da eleições de Outubro de 95, Cavaco deixou como sucessor um Fernando Nogueira fragilizado e armadilhado. Cavaco tentou uma fuga para a frente candidatando-se a Presidente, mas obteve uma estrondosa derrota. Mas essas eram outras circunstâncias, e o país mudou, a Europa mudou, o Mundo mudou. Muito. Tanto que os portugueses estão receptivos à ideia de colocar num orgão de soberania alguém que amaram e depois odiaram. Tanto que se esquecem de que, em avaliação constante, ao longo destes tais dez anos, Cavaco Silva é tão responsável como os que lhe sucederam - pela perda de oportunidade única e quase irrepetível para uma verdadeira e eficaz reforma da educação, do desenvolvimento sustentado, do ordenamento coordenado, de uma estratégia nacional estruturada e a longo prazo. Mas à ideia do homem-concretização, colou-se-lhe a imagética de homem-providencial (ou o regresso do homem do leme, lembram-se?). O país caiu de novo no messianismo sebastianista que tanto significa um sonho ilusoriamente ignorante - pois o próprio D.Sebastião foi um imenso incompetente, desbaratando as conquistas e abrindo caminho à perda da independência nacional, mas no qual a lenda ajudou a "limpar" a sua memória - como representa também algo que não se deve confundir com política. Podemos acreditar em homens certos, mas não em homens providenciais. Mas igualmente podemos entender que existem lugares errados para determinados candidatos.

Conflitualidade iminente
Um PR não pode afirmar que pode ajudar desta e daquela maneira como Cavaco tem dito. Está, como afirma insistentemente Mário Soares, a enganar o eleitorado. Creio que apesar da boa vontade de Cavaco, a ideia que possui do exercício do cargo pode esbarrar a partir de determinada altura numa reacção negativa de Sócrates, criando-se um "sarilho institucional" como afirmou Santana (numa atitude vingativa, mas acertada). Cavaco demonstra uma ideia para o PR acima das reais possibilidades, entendo-a como orientadora e professoral. Ora aí está profundamente errado. O Presidente pode demonstrar as suas ideias, as suas visões, mas nunca, como indicia nas suas palavras, condicionar uma política para o país a partir do Palácio de Belém. Não temos um regime presidencial como o francês, e claramente as acções que Cavaco Silva defende podem ir para além das competências de um PR, e promovendo uma conflitualidade iminente com o Primeiro-Ministro e o Governo.

2006-01-11

Macworld San Francisco 2006


A pureza da simplicidade ao serviço da tecnologia e vice-versa.
Um dia todo o mundo será um lindo universo Mac.
Apresentação de Steve Jobs na Macworld San Francisco 2006.

Novidades:
iLife'06, iWeb, iPod FM, MacBook Pro, Intel Core Duo 4X faster e muito mais

2006-01-10

Presidenciais-1

Desde há algum tempo que tenho evitado comentar sobre política. A overdose do ano passado, as incertezas, desilusões e outras ilusões, visões abertas e saudáveis de outras realidades, levaram-me a colocar de lado, quase ignorar, o recente percurso político nacional. Mas a questão das eleições presidenciais, tendo em conta os inesperados desenlaces ocorridos e as candidaturas em disputa forçam-me a tomar opiniões, divergências e escolhas.

Por esta altura o ano passado, o país vivia o culminar de meses de intensa e radicalizada discussão, como há muito não se vislumbrava por estas paragens. Delirante por vezes, excitante outras, acabou por esgotar psicologicamente a nação, tentando desse modo encerrar o desvio Santana com a maioria absoluta Sócrates. Durante diversos meses, conseguimos respirar de alívio pelo sossego intelectual e ideológico, não sem no entanto, cedo mergulharmos de novo (apesar do regresso do Benfica campeão) no fatalismo e na inconsequência colectiva apesar do esforço diário, quer pelo ADN, quer pelas medidas do Governo. Contudo chegou finalmente a inércia total do verão, onde só os incendiários e os bombeiros se esforçam.
Mas logo depois, eis as eleições autárquicas. Muito barulho, muito lixo.
De seguida uma (longa) pré-campanha para a eleição presidencial, onde à partida tudo parece estar escolhido, decidido, entendido, no qual ainda há pouquíssimos dias entrámos na recta final.

Mas qual o sentido da figura do Presidente da República, quando tantos o entendem como fundamental, mas onde outros o vêem como inútil? Entre a soberania política, o factor simbólico, o defensor do regime democrático, árbitro das regras instituicionais e de governação, estará este cargo desde sempre sobreestimado por todos? Até onde vai o poder concreto (para além da "bomba-atómica", vulgo dissolução da AR) do PR no regime e na observância dos valores e leis da Constituição? Grande parte do país pensa que o Presidente ostenta o tacho-mor e um dolce fare niente. Mas a ignorânica de tantos não vale nada perante a real importância do cargo. Argumentos vários se podem apresentar com os diversos exemplos pós-25 de Abril, a favor e contra. Assim como o alargar dos poderes e da intervenção do PR perante a sociedade, a Assembleia e sobre o Executivo. Tudo isto se tem falado nesta pré-campanha pelos candidatos, pelos analistas, pelos jornalistas, pelas pessoas. Tal como tantos assuntos de maior e (muito) menor importância, e muitos que nunca vêem à baila, pelo que por tanta vez se foge à verdadeira dimensão do cargo, ora colocando-o sempre acima das suas competências, ora colocando-o abaixo da sua importância, sobrevalorizando uns candidatos, subestimando outros, num contexto de muito pouco vislumbre político para o futuro e mais de com um estranho messianismo unificador, afinal o pecado luso por tantas ilusões e fantasias.

2006-01-09

Novo DN


Design editorial da equipa de Henrique Cayatte
"... procura não só uma melhor interacção com o trabalho dos jornalistas, como quer estabelecer pontes eficazes enre texto e as diferentes expressões da imagem. Da fotografia ao cartoon, da ilustração à infografia.
Por tudo isto a legibilidade e a clareza de leitura impoõem-se. Assim escolhemos três alfabetos tipográficos nacionais, que , nas suas diferentes utilizações, procuram grafar o texto evitando "ruído" entre a construção da informação e a sua leitura."



Tipos de Mário Feliciano

2006-01-06

The fall of Falcon-Sharon ou a Terra da Instabilidade


Quando Ariel Sharon entrou no Pátio das Mesquitas em Setembro de 2000, precipitou Israel e a Palestina numa nova etapa, daquelas que (demasiado) ciclicamente transformam tudo, causando bastante temor para os tempos vindouros. O Likud venceu as eleições face ao enfraquecido Labour, e a partir daqui foi o que todos sabemos. A complexa situação da Terra Santa face à arrogância dos Homens que invocam a fé a par da vingança - quer de um lado, quer do outro - afinal povos irmãos, como os cristãos, filhos de um mesmo Deus, continuamente colocam tudo e todos em sobressalto, pois o que ali se passa é um epicentro político de mais importância que muita gente julga. A Terra Prometida é nada mais que a Terra da violência, da inexistência de liberdade e futuro, dos dias de sobrevivência vividos como se fossem o último, do ódio e do desprezo. Sharon eliminou o Processo de Paz número 3 mil e tal (quantos mais serão necessários?), construiu o Muro Opressor (no entanto tem conseguido afastar os ataques, but what goes up wil come down). Mas com coragem retirou de Gaza, que contudo não deixa de ser um presente envenenado, como se tem visto nas últimas semanas.
Nunca apreciei Sharon, sempre o considerei um homem perigoso. Deu uma nova definição a Eretz Israel (uma utopia como qualquer outra, irrealizável) retirando de Gaza, isolando a Cisjordânia e não abdicando de Jerusalém, com isso invialibilizando tecnicamente um futuro Estado da Palestina e assegurando a soberania político-militar e "moral" sobre a região.

O terramoto político da criação do one-man-party Kadima, agora com a sua grave situação clínica parece que não irá sobreviver sem o seu mentor. O rumo do destino parece querer evitar uma vitória certa de um renovado (?) Sharon, empenhado em sustentar as suas políticas (unilaterais) de "pacificação" (mas com resultados positivos) de braço dado com Peres Nobel da Paz (cujo valor eleitoral é inferior em muito ao seu valor político) nas próximas eleições de Março. E se Sharon se vir incapacitado, ou eventualmente - para gáudio do Hamas - morrer? Peres não é solução, perdedor tradicional, diz-se em Israel que se concorresse consigo próprio também perderia. O Labour ainda não terá força suficiente. Mas numa infeliz repetição da História, o (abominável) Netanyahu pode subir de novo ao poder (como quando após o assassinato de Rabin há 10 anos atrás). Com isso contará novamente com a preciosa ajuda de diversos ataques dos grupos extremistas palestinianos, ainda mais motivados com a radicalização do Irão e do conceito Al-Qaeda. Mas estará a sociedade israelita motivada para a paz, ou iludida para a radicalização (ou vice-versa)?

Com a queda do falcão, afinal o menos mau - parece a Rússia desde Gorbatchov - da direita israelita (!) poderá mergulhar-nos para novas e incertas evoluções negativas. A Terra Prometida da Paz e da Liberdade continuará uma miragem. Ou também é uma utopia?

2006-01-05

blogs de arquitectura

Eis links para blogs de muito interesse sobre e de arquitecura:
postHABITAT
ArchWorks
BLDGBLOG

Via [a barriga de um arquitecto]

2006-01-01

Excelente 2006


Não fosse o aquecedor ao meu lado
e aqui estaria tanto frio como no ártico...
[Portfolio: ilustração]