2004-11-15

Discurso positivo ou o regresso das utopias?

Existem diversas formas de falar. Outras ainda de pensar. Há vários tipos de discurso. Também convém, na argumentação de um falatório, ter a noção da realidade, do futuro, do ridículo. Ter como facto que palavras ditas têm (deveriam ter) consequências práticas. Compreender que os ouvidos pertencem a gente que pensa e avalia por si próprio. Entender que de promessas está o inferno cheio. Encarar um projecto de dimensão imensa que é dirigir um governo é muito mais que aparecer nos media pelas mais (inúteis) diversas razões. Que tudo o que se escreve sobre e contra o estado das coisas em Portugal deverá ser tido em conta. Que trabalhar para uma nação (e não pelas imagens pessoais daí consequentes) é muito mais árduo que se imagina, e muito mais grave os erros cometidos.
Por muita boa vontade que exista, o discurso que o Santana Lopes ontem proferiu no congresso do PSD, flutuam na ténue e perigosa fronteira entre positivismo e utopia, entre honestidade e populismo. É preciso muito cuidado com estas opções verbais e consequentes aplicações práticas - o Orçamento de Estado e (haverá?) plano estratégico para Portugal. O PM actua com um olho na bola de cristal e outro para os media e opinião públicas, navegando ao longo da costa, suficientemente longe para se salvar, demasiadamente perto da tempestade. O desejo de ser popular que nem José Castelo Branco cumpriu-se, e subindo na carreira política sem concluir o que começara, entronizado de bandeja como líder de partido e Primeiro-Ministro, acabará ele o que promete começar? Ou acabará de vez com o país? Positivismo ou utopia? Blue pill, or red pill?

Nota: Já viram logotipo mais ridículo para um partido? Anda-se para trás até aqui... Vou escrever uma análise sobre a identidade e iconografia dos partidos em Portugal.

Mais sobre o assunto:
"A retoma"
"O acossado", por Ana Sá Lopes
"O Enterro de Barcelos" por Vasco Pulido Valente

No comments:

Post a Comment