2010-02-26

Ser ou não ser

A vida moderna é movimento. Uma permanente catadupa de eventos que se expõem a intensidades cada vez maiores.
A vida moderna tem memória curta. O que com facilidade nos chega, facilmente nos abandona, rapidamente esquecida para que novas coisas preencham o mesmo espaço.
A vida moderna é menos. "Less is more" ("Menos é mais") - o aforismo de Mies van der Rohe - transformou-se num dogma erróneo ao sujeitar-nos aos novos padrões do Século XXI: menos tempo, menos sono, menos dinheiro, menos confiança, menos pensar, menos crença.
A vida moderna tornou-se uma confusão.

E é por isso que certos comportamentos se tornaram aceitáveis para a maioria. O dia-a-dia é demasiado curto para nos aborrecermos, para tentar entender. Todas as semanas sabemos de algo novo que nos irrita, envergonha, nos deixa atónitos, mas no fim, como podemos lidar com factos que nos escapam o controlo, que estão longe de entendermos as verdadeiras razões que movem determinados actos e (não-)argumentos? Por fim ficamos entorpecidos e não queremos mais saber.

Mas ao lidarmos com estes assuntos, demasiadas questões se levantam. Os últimos meses têm sido pródigos em (demasiada) turbulência, desconfiança, danos. Apesar do poder do conhecimento rápido, a vigilância dos media, e formas cada vez mais difíceis de esconder a verdade, a nossa crença nos valores da democracia não deverão, por muito difícil que possa parecer, serem minados.
A virtude do Estado depende da virtude dos Homens, disse Cícero. Terá a virtude sucumbido? Terá a virtude perdido o seu valor? Que valores do carácter importam realmente? Quão bem conhecemos alguém? Podem - devem - acontecimentos modificar o modo como percepcionamos as pessoas? Devemos reajustar as nossas crenças pensando apenas para o bem comum? Terá a persuasão se tornado num jogo cada vez mais enganador para ganhar (confiança) a qualquer custo? Acreditar em alguem é reconhecer que as suas falhas são naturais não importa as consequências? Devemos aceitar um mau carácter de forma menor ou maior que um mau político?
No Brasil um político local quase venceu umas eleições com um slogan surpreendente: "Rouba mas faz". Impressionante (a abertura) e escandaloso (o padrão). Podemos aceitar isto? Onde moram os princípios de igualdade e justiça, ética e rectidão?

Portugal e o Reino Unido estão sob dúvidas semelhantes sobre os seus líderes. José Sócrates e Gordon Brown são contudo homens bem diferentes. Quando o primeiro frequentemente tornou mentiras numa percepção geral; o segundo tem sido recentemente apresentado como um puto de gang. Sócrates perdeu a sua credibilidade interna e, por causa da agenda política actual, é bem capaz de permanecer no poder mais do que devia. Brown tem estado sempre sob o fio da navalha - por inúmeras razões - podendo mesmo perder as próximas eleições para um Partido Conservador que (me) inspira alguns receios.
Ambos têm, aos olhos do público, muitas razões para não inspirarem confiança - apesar de tudo são políticos(?) -mas o nosso julgamento dos seus carácteres foi redefinido pelo que poderão ser: um é um mentiroso, o outro um bruto? Assim sendo, como fica todo seu trabalho?
De um Primeiro-Ministro esperamos que tenha a maioria das (boas) qualidades humanas. Qualquer homem - todo o político - é definido pelo seu carácter. Melhor o homem, melhor o político. É isto que queremos deles.

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To be or not to be

"Everyone has the obligation to ponder well his own specific traits of character. He must also regulate them adequately and not wonder whether someone else's traits might suit him better. The more definitely his own a man's character is, the better it fits him."


Cicero

Roman author, orator, & politician (106 BC - 43 BC)



Modern life is motion. A continuous display of events that unfolds at ever increasing speed.

Modern life has short memory. What easy comes easy goes, quickly forgotten so that new things may fill the same space.
Modern life is less. "Less is more" - Mies van der Rohe's (true) aphorism - transformed itself into a wrong dogma that subjects us to the new standards of the 21st Century life: less time, less sleep, less money, less trust, less thinking, less believeing.
Modern life sometimes becomes a mess.
And so it is that some behaviours become acceptable by the majority. Everday life is too short to bother, to try to understand. Every week we hear of something new that makes us angry, ashamed, but in the end, how do we deal with facts that escape our control, that are far from understanding the true reasons that lie beneath certain acts and (un)thinking? In the end we get numbed, and care less.

But so many questions rise on how to deal with these matters. Recent months have been wild with (too) much turbulence, mistrust, mischief. Despite the power of fast knowledge, media surveillance, and more difficult ways to hide the truth, our belief in the values of democracy must not, as hard it may seem, be undermined.
The virtue of the State depends on the virtue of men, said Cicero. So, has virtue collapsed? Has virtue lost its value? What values of character really matter? How do we truely know who someone is? Can - must - events change the way we percieve people? Should we readjust our beliefs only to stand for the greater good? Has persuasion been an ever more deceiving game to win (trust) at any cost? To believe in someone is to acknowledge that flaws are natural no matter what? Where lies good behaviour and good ethics in life and labour? Must we accept bad character more or less than bad politics?
In Brazil a local politician almost won an election with this most outstanding claim: "He steels, but he does". Amazing (the openness) and outrageous (the standard). Can we accept this? Where are the principles of equality and justice, ethics and rightness?

Portugal and the United Kingdom face similar doubts about their leaders. José Sócrates and Gordon Brown however are very different men. When the first has frequently turned lies as common perception; the latter has been recently portrayed as a gang kid. Sócrates has lost internal credibility, and despite the political agenda, he may hold power far more than any one may desire. Brown has always been over the wire, and might lose his job to a Conservative Party that offers in my view some fears.
Both now have, in the eyes of the public, many reasons not to be trustworthy - after all they are politicians - but our judgement of their character has been redefined for what they may in fact be: one is a liar, the other a bully? Then, where stands their body of work?
We expect a Prime-Minister to have the best of most human qualities. Any man - every politician - is defined by his character. The better the man, the better the politician. That is what we want them to be.
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2010-02-18

Catarina Zimbarra Fotografia

Imagens intimistas, belas, eternas. Com alma, simplicidade e ternura.
Momentos especiais captados pela Catarina. Imprescindível.
Novo site, a mesma paixão.


2010-02-10

"Graphic Design: A User's Manual" Adrian Shaughnessy



Adrian Shaughnessy's new book


2010-02-01

A Brand for London


The GLA has announced Saffron as the winner for the new London brand.
But before knowing yet how it looks like, how about a visit to the blog A Brand for London.
An open initiative from Moving Brands that presents many interesting visions made by them (images above) and other designers who freely gave some of their time and knowledge with their interpretation of what a brand for Englands' capital might or should be.






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And here is venturethree's bold proposal: