2004-10-20

Que horizonte?

Chegámos a um periodo da nossa história no qual as incertezas dominam o nosso horizonte. À parte toda a evolução e desenvolvimento das nossas (ocidentais) sociedades, a sustentabilidade do planeta continua deveras instável e constantemente em perigo. Vem aí o fim dos tempos?

É o projecto Europeu que caminha desligado dos cidadãos. A interminável questão israelo-palestiniana, problema-solução de diversos conflitos e atritos. A ilegalidade da intervenção no Iraque. O ameaça constante da Al-Qaeda. A ineficaz e desrespeitada ONU. A eterna fome e guerras em África. As pobrezas e desiguladades na América Latina. A tragédia de Darfur continuamente trágica. A destruição das florestas húmidas. A proto-ditadura dissimulada de pseudo-democracia nos EUA, na Rússia, na China. O governo Santana/Portas que olha mais para o seu umbigo e para os media do que para as reais necessidades deste país. É (alguma, mas mais consumida) comunicação social que se debruça enjoativamente sobre futilidades e inutilidades e dramas humanos exaustivamente abordados.
Os interesses materiais, imediatos e pessoais, sobrepõem-se aos interesses colectivos dos cidadãos e da natureza. O desrespeito pelos valores da Revolução Francesa, o desprezo pela Carta das Nações Unidas, o esquecimento dos ideais do 25 Abril, são reflexo da mesquinhez individual e do poder que os líderes/administrações políticas e económicas possuem.

Dir-me-ão que ainda existem coisas belas no mundo, para não ser pessimista. Concordo inteiramente. O planeta é extraordinário. Já repararam na excelência do design, por exemplo, das frutas? As formas, as soluções, as cores? Pensem na banana, na laranja, no côco. Deliciem-se com as belezas das milhares de orquideas que existem, e da imponência dos embondeiros. O espanto que são os crocodilos, os elefantes, os falcões. A inteligência, ainda por explorar mais, dos golfinhos e das baleias. A variedade supra-maravilhosa das paisagens naturais como Uluru na Austrália, as quedas do Niagara, as estepes da Sibéria, o Serengueti, o Gerês. A valiossísima riqueza e legados históricos e artísticos dos nossos antepassados, tais como as civilizações Egípcia, Azteca, Polinésia, Chinesa, Europeia, Islâmica. A variedade da criação artística actual. As maravilhas do avanço (positivo) da ciência e da tecnologia.

Como vêem motivos não faltam. Mas a realidade actual doi. É o futuro do nosso mundo, nas suas espantosas diversidades que está em causa.
Que horizonte queremos? Que horizonte teremos?

2 comments:

  1. Há quem diga:
    "Caga e segue em frente"

    Mas acho que o problema está mesmo aí..

    Não sei se fumáste a ganza antes ou depois de escrever este texto, mas mesmo assim conselho-te a enrolar mais uma. Vai ver o mar, convida os amigos para uma pequena festinha, leva a família para um passeio.
    Desfruta da vida. Não penses em tanta coisa pelas quais não tens qualquer controlo.

    Ás vezes é melhor ser um ignorante.

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  2. Felizes são aqueles que vivem na ignorância. Mas valerá a pena nos alhearmos do mundo que nos rodeia? Bem sei que pouco ou nada posso fazer para mudar, embora acredite na possibilidade de que um só homem pode mudar muito, e já os houve na História.
    Enquanto cidadão e designer, a reflexão sobre as coisas são-me essenciais. Permitem pensar, evoluir, melhorar, pelo menos qualquer coisa. Também podem nos fazer perder tempo, como este blog por exemplo. A nossa contribuição para a sociedade deve ser mais vasta que trabalhar, pagar(?) impostos, consumir bens e fazer filhos.

    No que eu posso controlar, e modificar atitudes, orientações, ideias, formas é enquanto designer. E isso muitas vezes é dificil, penoso, também calha ser inútil. Também aqui, o horizonte pode ser difuso. Mas faço por ser mais agradável. Todos os dias.

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