2004-12-10

insulto ignóbil vs insulto inteligente

O - quase deposto - ministro de Estado e da Presidência, Nuno Morais Sarmento, acusou o Presidente da República, Jorge Sampaio, de ter decidido dissolver a Assembleia da República numa “lógica da caudilho”, acrescentando que esta decisão, do ponto de vista da democracia, é um sinal de “imaturidade de regime”. O insulto político de baixo nível espalha-se como nuvens negras de tempestade. Estes meninos que agora se vêem importantes, descobrem palavras divertidas no dicionário e, supondo-se tão inteligentes quanto os mais velhos e experientes que cá andam, acabam por se ver em trapalhadas para se desenvencilharem das anteriores.
Exemplo máximo de uma resposta de tão inteligente e fatal, que se o ministro tivesse vergonha metia-se num buraco e só abria a boca para o ano, foi o comentário do insuspeito Diogo Freitas do Amaral: «O único fenómeno caudilhista que houve em Portugal passados 30 anos do 25 de Abril chama-se Pedro Santana Lopes. Portanto, acusar Jorge Sampaio de caudilho, quando ele é o oposto do caudilho, só dá vontade de rir».

1 comment:

  1. Caro Deauville

    Como é sabido, de políticos que temos pouco há a esperar infelizmente. Conheces bem a minha posição. Agora, entre afirmar que a experiência de uns vale menos que a pertinência de outros, é tapar o sol com a peneira. O que está em discussão aqui é a forma e o conteudo de falar/fazer política. Aceito perfeitamente que a firmeza deva ser um valor/qualidade política-governativa, mas vir com acusações de caudilho absolutamente desajustadas do contexto democrático em que vivemos é ir longe demais. O Presidente da República é a mais alta figura do Estado, e tentar transformá-lo em figura de caudilho ou de parvo é não ter a noção do seu lugar. Mesmo que a forma encontrada - cerceado pelo que a Constituição permite - não tenha sido a melhor, não há razões para insinuar actos meta-democráticos. É isso que está em causa aqui.

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