2004-11-22

A-Zarp: A

ÁFRICA. É luz, aquela luz que não se encontra mais algum lugar. É o cheiro, quente, doce, que nos invade. As pessoas, simples, hospitaleiras, bonitas (black is beautiful...). A imensidão - ok, estive só numa ilha, mas mesmo pequena nos enchia os olhos - mas no continente é de uma vastidão interminável. A natureza, bela, viva, aconchegante, mesmo na vulcânica ilha de São Vicente, o agreste abraça num jeito manso e amigo. Mas também o mar, azul, límpido, gigantesco. A comida, exótica, nutritiva, pura.

O chamamento existe. Embora nunca pisando terra continental, a minha estada em Cabo Verde foi das viagens mais fascinantes que já fiz. Costumo dizer que os meus últimos anos - com dinheiro... - passarei nas quentes e calmas terras africanas. Onde, não sei. Aliciam-me com o interior angolano, mas para lá ir agora. Mas como posso trabalhar profissionalmente como designer? Sendo uma actividade muito citadina, para sociedades mais desenvolvidas nos seus aspectos económicos, sociais e tecnológicos, haveria alguma hipótese no sul? Em Luanda, talvez. Mas para vingar teria de possuir uma estrutura capaz de "chegar, ver e vencer", e Luanda, sendo uma grande urbe de extremos gritantes, não seria pêra doce...
Espero um dia abraçar África. Encontrar as "origens".


ARQUITECTURA. Sou um amante de boa arquitectura - em criança dizia que queria ser arquitecto - desde sempre me entusiasmo com os diversos movimentos que ao longo da História se sucederam Tenho particular "afeição" pela arquitectura egípcia, azteca, bizantina, gótica, arte nova, o estilo internacional-modernista e, da actualidade.

Enquanto cidadão, considero a arquitectura como um bem comum, que a todos toca, mesmo que muitos não se apercebam da sua verdadeira importância. Enquanto designer, acredito que a arquitectura como acto criativo e projectual necessita com urgência ser protegida, difundida, aceite. A arquitectura e o urbanismo molda formas de viver e de trabalhar, condiciona a relação entre as pessoas e com a própria cidade, sendo que estes factores são importantíssimos que se possam cumprir com o objectivo de criar boas cidades, logo bons cidadãos, pois um deriva da outra.
O Direito à Arquitectura é por isso algo a lutar. A porcaria em que se tornaram as cidades e vilas deste país é devido a essa lei retrógada e velha (73/73) que permite que não-arquitectos assinem projectos. Logo, construtores com 4ª classe e insuficientemente inteligentes, apenas querendo o lucro fácil e rápido, contratam engenheiros ou desenhadores cuja formação profissional não contempla aspectos como a relação e escala humanas, e sem formação histórico-estética-criativa necessárias. Urbes desorganizadas, feias, com poucas soluções de emenda, afastando as pessoas, prendendo-as em gavetas de complexos armários nos subúrbios vazios de dia, estranhos à noite. Poucos ou nenhuns espaços verdes. Localidades saturadas de trânsito e sem transporte públicos com alternativa.
Também sou contra essa praga que há alguns anos se espalha pelo país que é o que chamo "pseudo-estilo-neo-tradicional-cheio-de-recortes-e-janelas-pequenas", numa uniformização "pós-fascista" do modo de viver em comunidades estranhamente concretizadas à volta de mais umas cunhas e milhões de euros ganhos a mais pelos construtores.

Pensar a cidade é sempre urgente. Pensar e agir de acordo com as ideias e ideais há muito investigadas e divulgadas mas que quem tem (qualquer tipo de) poder para nada interessam. Cada vez mais pessoas vivem nas cidades abandonando as terras e aldeias. As cidades do futuro, humanizadas e funcionais, tem de começar a existir


ABORTO. A favor da interrupção voluntária da gravidez, dentro dos moldes propostos pelo PS, BE e PCP. Contra a hipocrisia. Pela liberdade de acção das mulheres.


AMOR. Money makes the world go around, mas é o amor que nos aproxima. Fatal como a morte, o amor surge sempre nas nossas vidas, ora às vezes, ora para sempre. Entre duas pessoas, de pais para filhos, avós e netos, entre amigos. All we need is Love.


ANTI-IMPERIALISTA. Na sua vertente política e militar. Excesso do uso do inglês. (Mas não deixo de ver filmes e séries de TV americanos, não excluo marcas, não rejeito pessoas.)


APPLE. Melhor marca de computadores do mundo. Assumir a diferença como vantagem estratégica e funcional pela simplicidade, design, fiabilidade. Resistência inteligente à Microsoft.


ARTE. Forma magnífica de expressão, da criatividade, de emoção, vontade, utopia, intervenção do ser humano. A construção cultural do Homem é uma das pedras basilares da nossa evolução. É a compreensão do seu tempo e uma herança para o futuro. Faz-nos pensar, sonhar, divertir. Cria beleza, entendimento, alegria, agitação, polémica. A promoção e o ensinamento das artes é primordial. Eu não consigo viver sem arte.

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