2009-02-27

2009-02-25

A New Bus for London



O Mayor de Londres Boris Johnson e a Transport of London, lançaram em 2008 um concurso de ideias para renovar a frota dos icónicos Routemaster buses, os famosos autocarros vermelhos de dois pisos introduzidos em 1954.
Este mês foram anunciados dois finalistas que, ao longo dos próximos meses deverão apresentar protótipo real e planificação de produção.

The Mayor of London Boris Johnson and the Transport of London, issued in 2008 a competition to renew the iconic fleet of Routemaster buses, the famous two-deck red buses introduced in 1954.
The two finalists were known this month, and through the following months they are to present a real size prototype and a detailed production plan.



Este tipo de transporte, para além de todo o simbolismo da sociedade e cultura britânicas é obviamente um excelente veículo para a cidade. Se se constroi em altura dada a escassez de espaço, a optimização do transporte de passageiros de forma vertical torna-se benéfica para a menor ocupação horizontal do espaço rodoviário. E sendo uma ideia com várias décadas, a reformulação do conceito para a Londres do século XXI (onde também cabe a intenção de "matar" os buses articulados introduzidos pelo anterior mayor Ken Livingstone) contribui para definir soluções de design e sustentabilidade melhor elaboradas para o transporte de passageiros.

Estão em exibição no London Transport Museum (Covent Garden, de 14 Fev - 29 Março) todas as propostas apresentadas.




Aston Martin and Foster + Partners



Capoco Design


Outras propostas

2009-02-24

Desafiar



"A Origem do Mundo", 1866
Pintado por Gustave Courbet

A liberdade de expressão é uma das pedras basilares da democracia. O entendimento de que a liberdade do indivíduo termina quando começa a do outro, dentro dos valores do respeito e do bom senso, da aceitação da diferença e no confronto civilizado da discussão das ideias, parece que têm nos últimos tempos sido esquecidos, mal interpretados, a raiar demasiadamente próximo de comportamentos entre a censura e a intolerância.

A imagem ostentada na capa do livro "Pornocracia" de Catherine Breillat (editado em Portugal pela Teorema) e a sátira ao computador Magalhães no Carnaval de Torres Vedras demonstram que ainda existem preconceitos e maus conceitos, seja sobre sexo, seja sobre o que é a sua discussão e livre pensamento, seja o que é sátira e diversão.
O controlo sobre o pensamento, a sua divulgação e a prática verbal e visual de opiniões diferenciadas é uma tendência para o autoritarismo, o medo e a inépcia intelectual. Pode o dogmatismo, a presunção, a demagogia, a ignorância sobrepôr-se ao consagrado pela Constituição da República Portuguesa, pela Declaração Universal dos Direitos Humanos? Claramente os recentes acontecimentos pecaram por exagero e incompreensão por parte das autoridades judiciais e policiais. A sátira e a ironia são formas inteligentes e criativas da expressão de ideias e crítica. Chocantes, atentados, pornográficos? Todos os dias os vemos nas TVs (nas notícias, nas séries) e nos filmes - já ninguém se importa com o morticínio e outras desgraças de carácter pornográfico em guerras ou calamidades. Tornou-se banal.

O declínio das democracias acentua-se também por actos deste género. Quando não respeitamos e exigimos de outros um comportamento padrão, estamos a cercear a sua liberdade. O controlo sobre essa liberdade apenas surge quando é lesiva para terceiros e para a comunidade. E para isso a lei tem os mecanismos para actuar em conformidade.


Eis o que diz a Constituição da República Portuguesa:

Artigo 37.º
Liberdade de expressão e informação

1. Todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, bem como o direito de informar, de se informar e de ser informados, sem impedimentos nem discriminações.

2. O exercício destes direitos não pode ser impedido ou limitado por qualquer tipo ou forma de censura.

3. As infracções cometidas no exercício destes direitos ficam submetidas aos princípios gerais de direito criminal ou do ilícito de mera ordenação social, sendo a sua apreciação respectivamente da competência dos tribunais judiciais ou de entidade administrativa independente, nos termos da lei.

4. A todas as pessoas, singulares ou colectivas, é assegurado, em condições de igualdade e eficácia, o direito de resposta e de rectificação, bem como o direito a indemnização pelos danos sofridos.

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Icon-maker Shepard Fairey



Bigger video image here

2009-02-15

British Design Classics stamps










2009-02-11

2009-02-05

Netanyahu não é Obama


www.netanyahu.org.il


Este é um assunto híbrido. Design e política cruzam-se num contexto que pode definir os tempos mais próximos.

Todo o conceito ideológico - se assim podemos designar - e de design presente na campanha presidencial de Barack Obama (ver renovado site da Casa Branca) tem sido replicado de uma forma ou de outra, pelo espírito da ideia e pela dimensão estratégica (comercial, diga-se) da esperança desde as eleições em Novembro passado.
Agora chegou o "aproveitamento" político. Em Israel haverá eleições daqui a cinco dias (terça, 10 de Fevereiro), e três partidos degladiam-se para ganhar. O Kadima (centro, actualmente no poder), o Labour (trabalhista, coligado com o Kadima) e o Likud (direita). Benyamin Netanyahu, líder do partido de direita Likud, apresenta um site em tudo semelhante ao da campanha de Obama. Tem o seu nome (aqui em inglês), o grafismo é idêntico, a estrutura e os suportes web 2.0 idem. Quanto à mensagem, Netanyahu transmite valores próprios da direita conservadora, alicerçada nos eternos dogmas conservadores de um Israel forte e seguro - "Strong Leadership for Israel's Security and Economy" -, duro contra os seus inimigos que, nas suas acções terroristas beneficiam exponencialmente a candidatura do Likud.
Foi assim em 1996 nas eleições convocadas após o assassinato de Yitzhak Rabin em Novembro de 1995 - nas semanas entre estes dois eventos, o movimento Hezbollah perpretou diversos atentados que levou Shimon Peres a perder para... Benyamin Netanyahu. Os extremos tocam-se, e os interesses de dois lados tão antagónicos podem facilmente conciliar-se para uma vitória conservadora.

A forma da mensagem pega num conceito inovador, apelativo e, mais importante, vencedor. Contudo, Netanyahu não é Obama. O que ele é em nada beneficia a política israelita, sendo mesmo um retrocesso. Pela agressividade das suas políticas e palavras, pela constância da sua intolerância, pela intransigência contra planos para a paz. Israel vive desde que nasceu em permanente estado de emergência, seja pela ameaça de Estados ou organizações que desejam a sua aniquilação. A premissa da defesa territorial e sua população é um direito que assiste a Israel, mas as acções punitivas não trarão a paz, a reconciliação e o equilíbrio para a região. A possível vitória do Likud de Netanyahu, observando o exemplo de há 13 anos não augura um futuro melhor. Mas, sendo o único país democrático do Médio Oriente, Israel tem assisstido a alternância. No entanto sucumbe a uma luta de poder onde quer o Kadima (à procura da legitimidade como verdadeiro partido alternativo, com Tipzi Livni como líder), quer o fragilizado líder do Labour Ehud Barak (Primeiro-Ministro que retirou do sul do Líbano e de Gaza, mas que agora foi o Ministro da Defesa responsável pela intervenção de Dezembro) ficarão sempre dependentes - se não mesmo reféns - dos pequenos partidos, alguns deles de alas extremistas. Como é habitual na política hebraica.

Então qual a mensagem de esperança exposta na programa político de Netanyahu? Nenhuma.


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Comentário de Silvino Silva:

Gostei do artigo sobre Israel mas, efectivamente, o que se está a passar não é novidade nenhuma para mim, que acompanho e sempre acompanhei e li sobre o assunto.
E é sempre assim, a existência dum extremo só se justifica pela presença de outro; é essa a energia motora da direita israelita, assim como das forças extremistas muçulmanas. Se um dos extremismos desaparecesse, rapidamente o outro se evaporaria, por ficar esvaziado o sentido da sua existência.
"Então qual a mensagem de esperança exposta na programa político de Netanyahu? Nenhuma."
Mas a mesma pergunta se pode fazer para os programas políticos muçulmanos... Onde está a esperança duma conciliação? Se não passar pela destruição de Israel então não serve nos meios políticos islamitas - porque não dará votos.
Não deixa de ser curioso que são, precisamente, ambos povos semitas, e que inclusivamente as duas línguas (hebraico e árabe) têm fonemas bastante parecidos, guturais, ainda que o tipo de escrita seja muito diferente. Pode-se dizer que, do ponto de vista histórico, são quase "irmãos desavindos", que nunca se entenderam bem. O irmão mais velho - o povo hebreu, que por isso mesmo reclama os seus direitos - e o irmão mais novo, surgido apenas de forma expressa nos séculos VI e VII, quando do início da Islamização fulminante e notável de grande parte do mundo.

A esperança talvez esteja numa nova política norte-americana, capaz de arrastar atrás outros líderes mundiais, embora eu não acredite muito nisso. E talvez pressões de líderes da América Latina (nomeadamente do Brasil, pois as comunidades muçulmana e judaica são numerosas por aqui), da Europa (quando ela se apresentar com a unidade interna suficientemente forte para tomar uma decisão a uma só voz), dos países muçulmanos (nomeadamente os mais radicais), e talvez da Índia e da China, porque não chamá-los a participar na resolução dos problemas desta "aldeia global".
Eu acredito que o conflito só tem uma solução possível, a criação dum país capaz de albergar judeus e árabes todos juntos, sob a égide das Nações Unidas, em que o mundo os obrigue a entenderem-se numa mesma "casa", e onde o acesso às cidades simbólicas e historicamente importantes para ambas as religiões possa ser possível de forma livre e segura, além do acesso aos recursos hídricos, tão importantes na região pela sua escassez. Além disso, tem naturalmente de passar pela desmilitarização de ambas as sociedades, e o fim das interferências externas, com a salvaguarda da manutenção dum parlamento que tenha 50% de judeus e 50% de muçulmanos (claro que esta ideia é muita mais difícil de aceitar pelos árabes, dado que o seu número é muito maior). Será possível? Não me parece que venha a acontecer enquanto eu for vivo.
O que é certo é que, na Terra Santa, historicamente a ténue paz só foi possível sempre que houve uma força poderosa estranha capaz de ter mão nos dois lados (e ainda assim sujeita a numerosas revoltas); assim se passou nos impérios pré-clássicos (assírio, babilónio, ...), no Império Romano e no Império Otomano, e foi possível haver prosperidade nessas épocas, sobretudo pela localização geográfico-estratégica da região.

Enquanto não surgir essa força quase paternal capaz de pôr os "putos" (o povo judaico e as comunidades muçulmanas) na ordem continuaremos a assistir a ciclos conflituais e períodos de acalmia pouco significativos. E, sobretudo, violência e morte.


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2009-02-04

Discutir Design



O assunto não é fácil. Ou melhor, fácil sempre é dizer mal. O cerne da questão é o que interessa, e a forma tem interpretação digna de crítica.
Discutir design e as ideias sobre esta temática com conteúdo pertinente, acessível e credível pode ser encontrado (ou reencontrado) nestes blogs nacionais The Ressabiator (com Grandes Armazéns do Design), Reactor (agora também com novo espaço chamado Ensaio) e Desígnio.

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Her Morning Elegance / Oren Lavie



Oren Lavie. Uma deliciosa surpresa.
http://www.orenlavie.com/