Quando, no ano passado, se começou, naquele jeito especulativo-truculento da política, a avançar com vários nomes no seio do PS para a Câmara de Lisboa, o de Ferro Rodrigues sempre me pareceu inconcebível. O senhor até pode ter competência e estofo para o ofício, mas os acontecimentos vários à volta da sua pessoa nunca o colocariam em posição de vantagem face a adversários do PSD. E também, desde a primeira hora, em que houve uma vontade não abertamente expressa, mas implicitamente notória, que apoio a potencial candidatura de Manuel Maria Carrilho. O único - verdadeiro - Ministro da Cultura que Portugal teve, é o melhor candidato para a Câmara de Lisboa: pelo trabalho desenvolvido enquanto ministro, pelas ideias e propostas de cidade e urbanidade, pelo cariz combativo e concretizador, até pelo carisma - mesmo que haja quem dele não goste, não negará o atrás descrito (quase como não gostamos da postura de José Mourinho, mas reconhecemos a excelência enquanto treinador de futebol).
Nunca entendi o apoio do BE a Ferro, sempre consideraria natural a tendência Carrilho, mas a abrangência na capital a uma eventual candidatura deste último é notória.
"(...) conseguiu, de maneira extraordinariamente competente, criar uma teia de cumplicidades e de apoios que condicionaram, e de que maneira, a opção de José Sócrates e Jorge Coelho. Sabendo que jamais seria uma escolha natural, utilizou o capital criado enquanto ministro da Cultura para lançar uma candidatura cuja força vem de fora do aparelho. Conseguiu, por exemplo, o apoio declarado de José Saramago e de António Lobo Antunes, o que é a concretização de uma verdadeira quadratura do círculo. (...) Manuel Maria Carrilho, se ganhar as eleições, poderá ser o melhor presidente da Câmara de Lisboa. Como foi, aliás, o melhor ministro da Cultura. A vontade de deixar uma marca, algo que perseguiu obsessivamente durante a sua experiência governativa, aliada à visão que tem do futuro da cidade, são mais- -valias evidentes. Tem opiniões firmes sobre urbanismo, sobre a identidade cultural de Lisboa, sobre a recuperação do rio como matéria estruturante do próprio pulsar da cidade, sobre a humanização da vida numa grande metrópole. (...)"
Editorial de Luis Osório, n'A Capital
Quinta 17 Março 2005
2005-03-24
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