2005-03-21

dia: mundial da poesia

Um poema exemplar

Um poema exemplar: em linhas como:
«Cidade, rumor e vaivém sem paz das ruas,
Ó vida suja, hostil, inutilmente gasta,
Saber que existe o mar e existem praias nuas,
Montanhas sem nome e planícies mais vastas
Que o mais vasto desejo,
E eu estou em ti fechada e apenas vejo
Os muros e as paredes e não vejo
Nem o crescer do mar nem o mudar das luas.
Saber que tomas em ti a minha vida
E que arrastas pela sombra das paredes
A minha alma que fora prometida
Às ondas brancas e às florestas verdes»



Sophia de Melo Breyner Andresen
«Cidade», Livro Sexto



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Eu adoro poesia. Cada momento que passa sinto mais a força e o doce sabor das palavras. Nelas me encontro, nelas me perco. Embalam e assaltam meus sentidos. Num tempo onde o tempo não tem tempo, e quando o tempo não satisfaz as agruras do nosso tempo, há um terrível esforço pelo tempo das palavras, pelo aconcheço e o amor das mesmas. Fartos estamos nós da violência dos dias onde as palavras se transformam em armas vis, ou mesmo quando a maldade não deixa sequer tempo para a palavra. A candura e a beleza, a firmeza e preserverança na palavra se podem encontrar. Não leiam mais isto. Leiam um poema. Um por dia.