2005-03-29

StarWars III: Revenge of the Sith



Maio, 19. Desde garoto que faz parte do meu imaginário e é um dos responsáveis do fascínio pela FC; aguardo com grande expectativa o Episódio III da saga. Espero que seja melhor que os anteriores I e II, e que não seja apenas a magnífica Natalie Portman a única actriz humana que se aproveite...

2005-03-28

Babel: Europa



Terá a "confusio linguarum" tomado já conta da Europa? Nas instituições da UE é um problema diário lidar com esta nova Torre de Babel do séc XXI.

A inovação da construção da UE, assente nas suas estruturas políticas, económicas e sociais, no seu ideal de unificação e desenvolvimento das nações europeias, assenta igualmente na riqueza da diversidade cultural e linguística. Acontece que num continente onde existem tantos países como línguas faladas, é um problema igualmente comum. Como lidar então com a comunicação numa estrutura supranacional de 25 países e 20 línguas oficiais (sem mencionar as segundas e terceiras línguas oficiais de alguns)? Sendo hoje, o inglês a língua franca, para franceses e alemães, com as suas importâncias, desejos, objectivos e influências no contexto europeu, os seus idiomas não são para menosprezar. Mas a estruturação de laços de vária ordem, em particular com os novos 10 membros - Letónia, Lituânia, Estónia, Polónia, Rep.Checa, Hungria, Eslováquia, Eslovénia, Malta e Chipre - tornam a língua uma "ponta-de-lança" decisiva. Sendo, no entanto o alemão, historicamente mais imediato nos países do centro-leste, o inglês toma clara vantagem nas ilhas mediterrânicas. Aliás o nível de conhecimento dos idiomas europeus está bem documentado no portal da UE.

Mas algo não deverá escapar a este novo alargamento: o reconhecimento e aprendizagem das línguas locais pode ser uma grande vantagem. Recordo que quando há 7 anos estive em Praga, foi dificílimo encontrar um jovem que falasse inglês, arranhavam o alemão, e era com satisfação para eles quando lhes cumprimentava ou agradecia em checo. Hoje o panorama deve ser outro decerto, mas a facilidade lusa de aprender línguas é um ponto de vantagem sobre vários colegas nossos da UE. No entanto, veja-se o exemplo do cidadão holandês: para além da sua, aprenderá inglês e alemão, e possivelmente francês, ou seja, dada a sua localização geoestratégica poderá ser fluente em 3/4 idiomas, obtendo daí uma infindável série de vantagens.

Contudo, os próximos alargamentos, de novo a leste, trarão ainda mais idiomas (servo-croata, romeno, búlgaro, turco e russo/ucraniano) traduzindo-se num problema maior o nível e a capacidade de entendimento entre os povos, que se pretende que seja uma das principais forças-motrizes da integração europeia. A vinda do russo e do turco representará uma vasta oportunidade nos mais diversos domínios. As importâncias geo-estratégica e histórico-políticas da adesão destes é por demais conhecida.

Sendo eu um europeísta convicto, consciente das metas e das dificuldades que o futuro nos reserva, onde o Tratado Constitucional é apenas a primeira etapa, importa realçar que a riqueza cultural-linguística que a Europa ostenta poderá ser uma barreira à real integração e interacção num território com cerca de 400 milhões de habitantes. A comunicação e o conhecimento são a chave. Nunca o isolamento.

2005-03-24

Design: Fontes

FONTLEECH.com.
Um guia para as melhores fontes grátis.
Actualizações diárias.
Recomendo vivamente.

extraordinário: Verne



Sempre fui fascinado por histórias fantásticas, em grande parte devido à obra deste autor extraordinário. A visão de um futuro alucinante, o mergulho em aventuras deslumbrantes, as descobertas científicas e mundos fantásticos.

"Tudo o que um homem é capaz de imaginar, um outro é capaz de o realizar".
Hoje, 100 anos após a morte de Jules Verne. E também no Público, nova colecção de livros à quarta-feira: Planeta Verne.

Estratégia: Europe's West Coast



A proposta de Pedro Bidarra - Europe's West Coast - pensada e divulgada há já algum tempo, mas não devidamente apreciada por quem de direito, re-posiciona Portugal, numa visão que vai muito para além do simples conceito de destino turístico. É audaz, visionário, num aspecto eventualmente polémico e, inteligentemente estruturante para modificar, com sucesso, o que Fernando Pessoa afirmou: "falta cumprir-se Portugal".

"(...) Será que um país à margem, longe de tudo e de todos, sem cosmopolitismo, sem mundo, parado, é o que os portugueses e o Governo querem? Será isto bom para o investimento e exportações, para os criadores e criações portuguesas e para a afirmação de Portugal no mundo? (...) Esta Ocidental Praia Lusitana é também uma Ocidental Praia Europeia. O que proponho então como "novo filtro" é o West e a solução comunicar Portugal como a Europe's West Coast. O que é que ganhamos com isto? Uma poderosíssima rede de associações que induzirá o estrangeiro a reavaliar o país. Uma reavaliação benéfica, muito para além do turismo embora este seja o primeiro a beneficiar com o reposicionamento (...)"




Recordo-me de ter lido o artigo quando no Público saiu, e há semanas atrás descobri a apresentação PDF. Nós apoiamos a 100%.

Lisboa: Carrilho

Quando, no ano passado, se começou, naquele jeito especulativo-truculento da política, a avançar com vários nomes no seio do PS para a Câmara de Lisboa, o de Ferro Rodrigues sempre me pareceu inconcebível. O senhor até pode ter competência e estofo para o ofício, mas os acontecimentos vários à volta da sua pessoa nunca o colocariam em posição de vantagem face a adversários do PSD. E também, desde a primeira hora, em que houve uma vontade não abertamente expressa, mas implicitamente notória, que apoio a potencial candidatura de Manuel Maria Carrilho. O único - verdadeiro - Ministro da Cultura que Portugal teve, é o melhor candidato para a Câmara de Lisboa: pelo trabalho desenvolvido enquanto ministro, pelas ideias e propostas de cidade e urbanidade, pelo cariz combativo e concretizador, até pelo carisma - mesmo que haja quem dele não goste, não negará o atrás descrito (quase como não gostamos da postura de José Mourinho, mas reconhecemos a excelência enquanto treinador de futebol).
Nunca entendi o apoio do BE a Ferro, sempre consideraria natural a tendência Carrilho, mas a abrangência na capital a uma eventual candidatura deste último é notória.

"(...) conseguiu, de maneira extraordinariamente competente, criar uma teia de cumplicidades e de apoios que condicionaram, e de que maneira, a opção de José Sócrates e Jorge Coelho. Sabendo que jamais seria uma escolha natural, utilizou o capital criado enquanto ministro da Cultura para lançar uma candidatura cuja força vem de fora do aparelho. Conseguiu, por exemplo, o apoio declarado de José Saramago e de António Lobo Antunes, o que é a concretização de uma verdadeira quadratura do círculo. (...) Manuel Maria Carrilho, se ganhar as eleições, poderá ser o melhor presidente da Câmara de Lisboa. Como foi, aliás, o melhor ministro da Cultura. A vontade de deixar uma marca, algo que perseguiu obsessivamente durante a sua experiência governativa, aliada à visão que tem do futuro da cidade, são mais- -valias evidentes. Tem opiniões firmes sobre urbanismo, sobre a identidade cultural de Lisboa, sobre a recuperação do rio como matéria estruturante do próprio pulsar da cidade, sobre a humanização da vida numa grande metrópole. (...)"

Editorial de Luis Osório, n'A Capital
Quinta 17 Março 2005

2005-03-22

Dila: exposição em breve




Em primeira mão, alguns pormenores.

De vez em quando é assim:



Jornais que ficam empilhadamente à espera de certas leituras mais atenciosas.
Público, Capital, DN, Independente.
Quando o tempo não chega, há-de sobrar tempo alguma vez.

2005-03-21

Chuva:

Foi com alívio e prazer que me senti nestes últimos dias.

dia: mundial da poesia

Um poema exemplar

Um poema exemplar: em linhas como:
«Cidade, rumor e vaivém sem paz das ruas,
Ó vida suja, hostil, inutilmente gasta,
Saber que existe o mar e existem praias nuas,
Montanhas sem nome e planícies mais vastas
Que o mais vasto desejo,
E eu estou em ti fechada e apenas vejo
Os muros e as paredes e não vejo
Nem o crescer do mar nem o mudar das luas.
Saber que tomas em ti a minha vida
E que arrastas pela sombra das paredes
A minha alma que fora prometida
Às ondas brancas e às florestas verdes»



Sophia de Melo Breyner Andresen
«Cidade», Livro Sexto



+ + + + + + + + + + + + + + + +


Eu adoro poesia. Cada momento que passa sinto mais a força e o doce sabor das palavras. Nelas me encontro, nelas me perco. Embalam e assaltam meus sentidos. Num tempo onde o tempo não tem tempo, e quando o tempo não satisfaz as agruras do nosso tempo, há um terrível esforço pelo tempo das palavras, pelo aconcheço e o amor das mesmas. Fartos estamos nós da violência dos dias onde as palavras se transformam em armas vis, ou mesmo quando a maldade não deixa sequer tempo para a palavra. A candura e a beleza, a firmeza e preserverança na palavra se podem encontrar. Não leiam mais isto. Leiam um poema. Um por dia.

2005-03-20

Pedrosas: Face





2005-03-17

blog: desígnio

Blog deveras interessante, possuindo textos e análises sobre o design, oriundos de diversas fontes.

Em destaque:
Design Management
Manifesto do Design Gráfico
Ética e Design?
Incompreensão do Design
Ensaio sobre o Medium do Design: para além do objecto

2005-03-15

Manual: do Bom Designer

O profissionalismo e qualidade que se pretende atingir vêm nestas atitudes e métodos de trabalho.

1
Ser curioso, inconformado, e bem informado
Pesquisa. Pesquisa. E mais pesquisa. Sempre alerta a tudo: design gráfico/industrial/moda, arquitectura, todas as artes visuais e dramáticas, música bem variada, programas/documentários TV culturais, políticos, científicos, imprensa. Em suma: boa cultura geral.

2
Ciente do mundo
Saber que tudo o que nos rodeia, as nossas experiências pessoais e profissionais, a nossa maneira de ser e de ver o mundo se reflectem no nosso trabalho.

3
Autocrítico
Ser crítico em relação ao trabalhos dos outros e mais ainda quanto ao nosso próprio trabalho.

4
Sempre profissional
Saber que num trabalho se pode sempre fazer melhor. Mas convém que sejas tu a fazê-lo primeiro. Com planeamento e criatividade, originalidade e coerência, qualidade e eficácia. Vestir a camisola. Competitivo e ambicioso. Saber que existe sempre alguém que pode ocupar o teu lugar.

5
A união faz a força
Saber trabalhar em equipa. Não se isolar do mundo. A melhor ideia pode surgir ao virar da esquina ou a ouvir o amigo ou colega do lado.

6
Tolerância (e realismo)
Reconhecer que nem todos têm a tua maneira de pensar. Principalmente os clientes! Por isso é importante saber apresentar, explicar e defender o trabalho para conseguires ser ouvido. Reconhecer também que ninguém nasce ensinado. Mesmo que a escolaridade e cultura nacionais sejam a mais baixa da UE, podendo trazer contratempos.

7
Gráfico ama Macs
Se és gráfico abandona o CorelDraw. Aplica-te no Freehand e Illustrator. Photoshop vem por acréscimo. Só tens a ganhar com isso.
Excomunga o PC, e abraça o maravilhoso mundo Apple Macintosh. Cada vez mais baratos e sempre, sempre fiáveis. A ferramenta dos profissionais.

8
Curso a sério
Cursinhos de design tirados em poucas semanas, não servem para nada. Uma boa formação, de preferência universitária é essencial para criar um bom profissional. Actualizar-se com cursos de formação profissional.

9
Fontes
Ignora Avant Garde, Times, Comic Sans e Arial. Existem milhares e milhares de boas fontes prontinhas para serem usadas.

10
Concorrência desleal
Um arquitecto não é um designer (nem vice-versa) e, enganem-se aqueles que pensam que lá por ser arquitecto, sabe mais que nós. Um informático que faça coisinhas em flash, não é designer. Um curioso que faça uns bonecos, não é designer.

11
Léxico
Excomungar as palavras "espectacular", "fixe", "jeitoso", "giro" e "bonecos".

12
Cidadania
Pensar que ser designer é contribuir. Não fumar. Reciclar no local de trabalho e em casa. Votar.

13
Conclusão
Um Bom Designer não precisa de um Manual.


[elaborado por Zarp, Spear e Fox]

2005-03-11

cartazes: japoneses



DNP Gallery

11: M

Foi há um ano que as trevas de nosso novo inimigo se lançou. Sobre a inocência ceifada pela pura maldade, combatemos os dias futuros, incertos e inseguros, mas firmes e audazes pois a tolerância e a democracia está no sangue que flui como a vida que amamos.

2005-03-10

poesia: Alexandre O'Neill

Ao rosto vulgar dos dias

Monstros e homens lado a lado,
Não à margem, mas na própria vida.
Absurdos monstros que circulam
Quase honestamente.
Homens atormentados, divididos, fracos.
Homens fortes, unidos, temperados.

Ao rosto vulgar dos dias,
A vida cada vez mais corrente,
As imagens regressam já experimentadas,
Quotidianas, razoáveis, surpreendentes.

Imaginar, primeiro, é ver.
Imaginar é conhecer, portanto agir.




E de novo, Lisboa...

E de novo, Lisboa, te remancho,
numa deriva de quem tudo olha
de viés: esvaído, o boi no gancho,
ou o outro vermelho que te molha.

Sangue na serradura ou na calçada,
que mais faz se é de homem ou de boi?
O sangue é sempre uma papoila errada,
cerceado do coração que foi.

Groselha, na esplanada, bebe a velha,
e um cartaz, da parede, nos convida
a dar o sangue. Franzo a sobrancelha:
dizem que o sangue é vida; mas que vida?

Que fazemos, Lisboa, os dois, aqui,
na terra onde nasceste e eu nasci?





Alexandre O´Neill
Poesias Completas
1951/1981
Biblioteca de Autores Portugueses
Imprensa Nacional Casa da Moeda

uma: cor

Uma maioria, um governo, um presidente. Começando hoje (inauguração da AR nesta nova legislatura) e finalmente oficializada sábado com a tomada de posse do novo executivo. Afinal foi o PS e a esquerda que obtiveram o desejo (longíquo) de Sá Carneiro.

Estratégias: nacionais

Nos ultimos dias assistimos à enumeração de desígnios nacionais e à renovação de outros. De novo. A falta de actuação e a inexistência de políticas funcionais sobre diversas matérias essenciais ao país continua. O que falta fazer pode tornar Portugal um país digno do conceito europeu: moderno, eficaz, funcional, justo. É absolutamente necessário elaborar e, acima de tudo, pôr em prática, estratégias de médio e longo prazo que visem a renovação política, económica e social, dos recursos e da adminstração e ordenamento territorial português. Todos os políticos e governos o falam, mas onde estão os resultados concretos das suas intervenções? Pensar tais planos e estratégias não deve cingir-se aos gabinetes ministeriais, deve aglomerar técnicos e responsáveis qualificados, das universidades, de institutos, da sociedade; em conjunto elaborar com eficácia e rigor - e temos agora uma nova oportunidade, que se revela quase derradeira, se queremos atingir os patamares dos nossos parceiros europeus no espaço mínimo de dez anos; senão mais longe e difícil o caminho se tornará.

Água
Poupar e redistribuir correctamente. Evitar a tranformação de quase metade do país num deserto (afinal, petróleo não existe por cá). Água é vida, e no futuro será motivo de guerras em certas regiões do mundo.

Energias alternativas
Apostar definitivamente na energia solar, continuar mais a éolica, desenvolver a das marés. Diminuindo a dependência e custo financeiro do petróleo. Modernizando e autonomizando tecnológica e energeticamente.

Educação e Tecnologia
Criar um currículo estável e abrangente (fim das reformas com cada novo ministro da educação), um regime de estudos básicos e profissionalizantes, interligação efectiva universidades-institutos-mundo laboral, promovendo a investigação e integração no trabalho. O conhecimento técnico e teórico é primordial para a modernização do país, nos mais diversos factores (económico, social, cultural, tecnológico). Promover o ensino das artes, do desporto e de línguas estrangeiras desde o ensino básico. Fundamental a renovação do ensino do Português e da Matemática.

Ordenamento das florestas
Organização e limpeza, em coordenação com autarquias, bombeiros, exército, e programas de laboração especial para presos como trabalho para a comunidade.

Combate aos incêndios
Planear atempadamente. Dotar os bombeiros de meios adequados, suficientes e modernos, abandonando a "técnica" dos alugueres, e reforçando a autonomia e a profissionalização.

Ordenamento do território
Regionalização: deliberação de poderes e competências; cinco regiões contra 20 e tal divisões actuais. Natureza: melhor organização, melhor defesa, melhor fiscalização.

Reforma do Estado
Embora a revisão da Constituição seja apenas em 2009, defendo a redução do número de deputados, a limitação do tempo de todos os mandatos políticos, códigos de conduta.

Ligações ferroviárias
Planificação de uma rede extensiva e eficaz (integrada na nova rede europeia de transportes) e incentivador do transporte de mercadorias e pessoas através de comboio, reduzindo a dependência automóvel e custos de combustível. Na Europa este tipo de transporte representa apenas 12% contra 48% nos EUA.


Tudo isto custa dinheiro. Muito dinheiro. Mas pensar e criar prazos e vontade de cumprir estas metas é essencial. Se não, num futuro que se avizinha sombrio climaticamente e, política e economicamente instável em certas regiões do globo que a todos afecta, ultrapassar as dificuldades nas actuais condições pode ser muito, muito complicado.

2005-03-07

better: by design



No matter where you are in the world, design is increasingly the X-factor that takes a business from "also ran" to "market star"

Pensar, discutir e melhorar o design na conferência Better by design, mesmo sendo nos antípodas da Nova Zelândia, não é razão para ignorar. A construção de melhores abordagens e métodos mais eficazes para o design enquanto diferenciadora e com sucesso é vital para a nossa actividade no século XXI.

“If we are to compete with the rest of the world, design is critical. And that’s design in the holistic sense – product, brand, messages, supporting tools – everything we use to offer product to customers. Design is not just sketching drawings – it’s about businesses coming up with solutions to problems that they might not even know they have.”
Rick Wells
[member of the Furniture Association of New Zealand and has been involved with the New Zealand Furniture Exporters Group]

Design: + links

IDEO
iteration1
hicksdesign
intentionallies
transporter
Weightshift
Enterprise IG/

Red Dot
Better by design
Design Management Institute

a luta: continua

Problema:
Como se convence um cliente de que o nosso trabalho se baseia em conhecimentos aprendidos e experiência adquirida? Qual o método de aliciamento para a compreensão da utilidade e da função estratégica do design? Como ultrapassar a mesquinhez e a visão curta de pessoas com instrução insuficiente? E quando nos deparamos com aqueles, que com cursos superiores argumentam de forma inacreditável para alguem com tal qualificação? Como ultrapassar o "provincianismo cultural" que tanta mossa faz sobre as actividades económicas?

Solução:
Demonstrar atitude, firmeza, seriedade. Expôr uma imagem de profissionalismo, de carácter, de ajuda, de parceiro. Evidenciar o mais possível, e de forma mais clara e concisa possível, as vantagens do Design. Negar facilitismos, afastar regateios. Evitar arrogância e esconder dissabores. Ter paciência. Muita.

Conclusão:
Difícil: por vezes a ponto de desistir. Sorte: há sempre alguém que nos ouve, outros que nos compreende. Batalhar sempre. O caminho do design em trilhos ainda se constroi neste país-fora-da-capital.

2005-03-01

Design: Audi RSQ



Concept-car RSQ da Audi.
Para o filme I, Robot.

Tanto: frio

Longo inverno gelado que nos entranha desde Novembro. O dia (e noite) mais frio em Portugal registou em Leiria, o não tão estranho -5ºC; afinal é costume o ar frio das serras aqui chegar. Tempo demais para um tempo demais. Brrrrr.....

Palavras: do tempo que existe

Do Velho ao Novo Milénio: Humanidade e Divindade

Que sentido tem a vida neste final de milénio? Ou melhor, qual o sentido das crenças, dos valores, das ideias, das vontades? Como em qualquer fim de tempo, todas estas questões são levantadas, mas creio que nunca tanto como agora.
Todo o conhecimento adquirido nos últimos cem anos tornou o planeta num local onde tudo, ou quase tudo, é explicável, entendível e fascinantemente interessante. A evolução de todas as formas de tecnologia até agora realizadas — nas suas imensas aplicações, da arte à energia, da informação à investigação — possibilitou o mundo aproximar-se e conhecer-se. O desenvolvimento da política e, a expansão, por fim, dos valores e instituições democráticas, nos últimos 25 anos numa forma cada vez mais generalizada, trouxeram a liberdade, a paz e o progresso. A nova identidade e a sua vontade de implementação do conceito de União e Cidadania Europeias, num olhar muito próximo — e parcial, diga-se — é um ideal de profunda beleza democrática cultural.
Contudo, obviamente há pontos negativos a retirar de todas estas benesses, e que todos sabem identificar, criticar, dissertar, divagar, melhorar. A questão é que, num mundo vasto de saber, alegria, emoção, realização, há em simultâneo um outro de pobreza, tristeza, miséria, tormento, destruição. Tudo isto é feito pelos Homens deste planeta, que buscam já em concreto num sonho lindo o Cosmos. Apenas o Homem cria, apenas o Homem destroi. E é aqui que outros valores e crenças há muito enraizadas na Humanidade — desde que ela própria surgiu — são discutidos e colocados em causa: qual o papel de Deus, porquê Deus e, existe Deus?
O Final do Milénio, época de transformações meteóricas, seja por intervenção e profetização divina, seja pela natural evolução do pensamento e comportamento humano e da Natureza, existe de facto. O limiar do Terceiro Milénio tem em si ao mesmo tempo uma esperança de renovação e idealização que este trará, contido na maioria dos habitantes do planeta azul, seja por devoção religiosa, seja por acreditar no espírito humano.
É o espírito humano o mais espantoso de todos, independentemente daquilo em que se acredita. E isto leva-me a ponderar a posição de Deus no meio de nós. Qual o seu nível de intervenção? Se criou o mundo e os homens, porquê chegarmos às tragédias mais abomináveis, que ainda hoje ocorrem? Se as explicações científicas da evolução da vida e do universo se justificam cada vez mais, afinal, quem é Deus?

escrito em Dezembro 1998