2005-01-06

The End of Days: a ressaca

Os primeiros dias desta catástrofe de proporções impressionantes, tão incrivelmente "global" como os atentados 9/11, horrorizou-me profundamente. Por diversas vezes não contive a emoção e chorei perdidamente, sofrendo pelas perdas irreparáveis dos sobreviventes, imaginando como seria perder o meu próprio filho: o fim do mundo e a entrada no inferno. Que dor tamanha, de dimensão imensa maior que o universo, maior que tudo. E quando os números aumentavam a um ritmo avassalador, e as imagens novas nos entravam TV dentro, a consciência do terror de um instante nunca visto desde o Dilúvio de Noé trespassavam os nossos corações.
Como Kofi Annan proclamou no dia seguinte, uma tragédia de proporções sem precedentes exige uma ajuda de proporções sem precedentes, e isso tem-se revelado verdadeiro.

Diz-se que os locais sagrados, por mais frágeis que eram em nada sofreram. Que isto foi um castigo divino, ou da natureza contra o desprezo e a malvadez dos homens. Será? Mas o mal continua a monte, sabe-se de crianças raptadas e violadas. Num dos locais mais pobres e difíceis do mundo sentirá Deus dor tamanha para os castigar? Mas Deus, Buda, Allah é amor, paz, vida. Gaia, espírito da Terra, actuou à revelia de seus superiores? Como é doloroso tentar compreender as razões. Estamos nós abandonados à nossa sorte e ao fado da nossa vulnerabilidade? Qual o caminho da redenção? Como modificar as mentalidades dos poderosos (bons e maus) de que o dia de hoje de nada servirá se amanhã tudo se desmoronar; que as suas acções pelo bem da Humanidade são o seu legado mais importante?

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