By Dieter Rams
Good design is innovative.
Good design makes a product useful.
Good design is aesthetic.
Good design helps us to understand a product.
Good design is unobtrusive.
Good design is honest.
Good design is durable.
Good design is consequent to the last detail.
Good design is concerned with the environment.
Good design is as little design as possible.
Back to purity, back to simplicity.
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2009-03-29
2009-03-27
Caldas Welcome
Caros e queridos amigos arquitectos, designers (e outras profissões) e, especialmente para aqueles que tenham laços com a cidade de Caldas da Rainha. Como sabem sou um amante de arquitectura e o urbanismo, quer nos seus aspectos criativos e artísticos, quer nos seu contornos sociais e políticos. Foi apresentada há dias no Centro Cultural e de Congressos a iniciativa "Caldas Welcome", onde se procura pensar sobre a intervenção na cidade.
Nas últimas semanas tenho vindo a elaborar um conjunto de textos sobre diversos aspectos da cidade das Caldas sob o tema "Pensar a Cidade", parte inicial já no blog neste link, antes de ter conhecimento desta iniciativa. Diversas questões apontadas nessas linhas enfocam sobre a falta de estratégia e de ideias para o município.Acontece que pelos vistos existem agora algumas, o que, não foge à crítica também inscrita no meu texto de que quando surgem o são em ano eleitoral...
Sem querer desvalorizar o trabalho do Vereador ou o empenho das equipas responsáveis por algumas soluções, nomeadamente ao nível de urbanismo e planeamento, parece-me à partida fogo de vista todas estas apresentações que sucederão ao longo dos próximos sábados - que sem dúvida farei por estar presente, e depois julgar sobre matéria concreta o quão belo poderá ser a luz desse fogo.
Porque a coexistência num ambiente urbano é muito mais que casa-trabalho-supermercado-casa. São espaços exteriores, o modo como o espaço urbano interage e molda o espaço vivencial entre cidadãos, equipamento urbano, veículos, natureza. Porque uma cidade são as pessoas e a história que elas fizeram, a cultura que nela inscreveram, a identidade individual e colectiva no qual se construiram por via dessa cidade.
Sendo assim, aproveito para, caso seja do vosso interesse, sugerir assistirem à apresentação deste projectos, pensar também vós sobre o que é uma cidade e como algumas soluções poderão ser elaboradas,quer no contexto que nos é mais próximo, como é Caldas da Rainha, quer no sentido mais genérico discutir e analisar como uma cidade do séc. XXI deverá ser.
- este sábado 28Bar Pópulus, 21:30
“Evolução da cidade contemporânea”. (arquitecto Nuno Antunes)
"Cidade com identidade” (atelier TraçoMais)
- Sábado 4 de Abril
café do CCC, às 21h30
Marketing territorial e o futuro das cidades” (por Álvaro Cidrais)
café do CCC, às 21h30
Marketing territorial e o futuro das cidades” (por Álvaro Cidrais)
“Museu da Água” (por Os Espacialistas)
- Sábado 18 de Abril
Mazagran Café, pelas 21h30
“Cidade em movimento” (vereador arq. João Aboim)
“Novo parque da cidade” (atelier Embaixada da Arquitectura)
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Mazagran Café, pelas 21h30
“Cidade em movimento” (vereador arq. João Aboim)
“Novo parque da cidade” (atelier Embaixada da Arquitectura)
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Victor Barreiras
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metropolis
2009-03-26
Pensar a Cidade

ONTEM
A humanidade vive em grupos. Aldeias, vilas, cidades, ao longo de milénios, sempre nos reunimos em densidades mais ou menos intensas, e com isso moldamos esse novo espaço com vida, com construção, com crescimento, mudança. Com as cidades introduzimos espaços privados e públicos, de recreio e de comércio. Construímos habitação, locais de culto, equipamento administrativo e de lazer. Nas suas ruas nos transportamos para o trabalho e tantos outros sítios. Nos seus bairros fizémos amigos, jogámos à bola, brincámos. Por tantas vezes houve momentos trágicos e felizes. Nas cidades fizémos história, levantámos barricadas e fizémos revoluções. Nas cidades nascemos, vivemos, estudamos, casamos, trabalhamos, socializamos, morremos. A cidade é um compósito de emoções e de vida, de tudo isto que nos define enquanto indivíduos, de tanto que nos forma enquanto cidadãos. É um local único que a cada década se intensifica, cresce e se estrutura como sociedade particular, pois as cidades são as comunidades que nela residem e trabalham, mas também estas se moldam pelo modo como são feitas essas mesmas cidades.
HOJE
Contudo as cidades têm evoluído para formas não amigas do cidadão. O abandono dos centros, seja pela sua degradação, seja pela especulação imobiliária, afasta-os para periferias sem alma, mas trá-los de volta em invasões diárias de veículos e poluição. Tempo perdido em viagens e stresse equivalente à diminuição do conforto individual e familiar, no equilíbrio social e económico, na escassez de liberdade para divertir, respirar, melhor viver.
Os problemas que as cidades hoje enfrentam foram construídas ao longo de décadas de desleixo, insensatez, substancial demanda de espaço para cada vez mais migrantes, desinteresse pelo bem comum, desentendimento de que uma sociedade desenvolvida é apenas construída sobre objectivos, planeamento, equilíbrio, justiça e natureza. A sustentabilidade das cidades, que ao longo deste século se tornaram em aglomerados cada vez mais numerosos e densos, está posta em causa pelas condições, práticas e políticas actuais. Os factores de desenvolvimento das sociedades estarão lesados ou diminuídos se o status quo se mantiver. Urge portanto, promover o debate, questionar quem de direito, encontrar soluções, encetar mudanças. O paradigma presente não colhe - há que alterar o modo como construir o futuro, ou melhor, elaborar mecanismos e projectos que possam edificar um amanhã para todos co-habitarem.
AMANHÃ
As cidades do futuro não são projecções futuristas, irrealistas ou utópicas. A cidade de amanhã deve ser fundada sobre os valores que dela fizeram algo especial - a história, a cultura, a economia - em conjugação com o equilíbrio e a originalidade; na inclusão da diferença e o respeito pela natureza; numa reestruturação urbana e arquitectónica combinada com verdadeiros espaços verdes, vias de comunicação e equipamento habitacional e público em concordância com o espaço que a rodeia, eliminado a ocupação desordenada do território; reduzir elementos factores de poluição. Ou seja, pensada e trabalhada por técnicos e políticos, com profissionalismo, dignidade e ética, empenhados em contribuir para a comunidade.
Uma cidade tem uma imagem a defender, a preservar, a projectar. As novas urbes do século XXI não sobreviverão sem um plano estratégico que não seja atractivo, de desenvolvimento, e coerência sustentáveis. Necessita de uma identidade própria que a defina - encontrar boas razões para que as pessoas tenham um sentimento de pertença e orgulho; evidenciar nos planos social, económico, cultural e regional a construção de um conceito de Place Branding - ou Marca Local. Este pressupõe analisar factos e problemas existentes, pensar soluções de desenvolvimento, elaborar conceitos alternativos e criativos que, assente na realidade dessa mesma cidade ou região, possam dotar o local com factores e eventos de competitividade e appeal, para habitantes, negócio e turismo, assente em valores de confiança, prestígio, cidadania e solidariedade. A cidade deve evidenciar as suas potencialidades e solucionar as suas debilidades. Promover a participação dos cidadãos nos aspectos político e social, de discussão pública, de responsabilização colectiva.
Maus exemplos abundam por tudo o que é sítio. Mas boas cidades existem por exemplo na Europa, no Canadá e nos EUA.
Contudo o que interessa agora é colocar as questões necessárias e elaborar sobre esses bons exemplos e outras boas ideias no que nos é mais próximo. O local onde cada um de nós vive é precioso de diversas maneiras. A nossa participação, individualmente ou em grupo, não deve ficar restrito (pese a costumeira abstenção) aos actos eleitorais. Não devemos ficar refém de promessas vagas ou de encher o olho. Ou inconformarmo-nos, ou julgar mal. Cabe-nos agir, pelos meios que forem possíveis, pelo bem do sítio onde vivemos, pela defesa da honra e da justiça, contra caciquismos e falsos altruísmos, inépcia e inconsequência. Pois a construção de uma sociedade justa, civilizada e moderna parte de dentro para fora, de baixo para cima. Cada indivíduo é um cidadão. Cada cidadão é responsável pelos seus actos. E cada acto bem pensado pode fazer a mudança.
Publicado na Gazeta das Caldas de 10 de Abril
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Victor Barreiras
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Ensaios/Essays,
metropolis
2009-03-18
Keep Calm and Carry On

Um poster feito por um simples cidadão por alturas dos ataques V2 a Londres, na Segunda Guerra Mundial, está a voltar a fazer furor no Reino Unido face à crise cada vez mais densa.
O poder da mensagem escrita, num contexto de união de valores comuns, de modo a dar a volta por cima.
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A poster made by a simple english citizen when London was under the V2 bombings, during World War II, is making a very interesting return int the UK due to the ever deeper crisis.
The power of the written message, in a context of common values gathered to make the best of it.
via The Guardian.
http://www.keepcalmandcarryon.com
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2009-03-17
A mais bela Rainha do Mundo / The most beautiful Queen of the World

Porque a fascinante beleza exterior de Rania da Jordânia é batida pela simplicidade e empenho firme demonstrado no seu importante trabalho, quer no contexto regional e cultural, quer no seu contributo para melhorar o mundo.
Que pode ser visto aqui e aqui.
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Because the fascinating outer beauty of Rania of Jordan is beaten by the simplicity and strong commitment demonstrated in her most important work, in the regional and cultural environment that is the Middle East, and her contribution to a better world.
That can be seen here and here.
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2009-03-16
Paris XXI

The proposals by Richard Rogers' group aims to unite Paris's disparate communities.
Photograph: Rogers Stirk Harbour + Partners
França possui uma larga tradição de obras de regime. O Palais de Versailles, l'Arche de Triumphe, Centre Georges Pompidou, a Pirâmide do Louvre, l'Arche de La Defense, o Musée du quai Branly. Edificadas por ordem de reis, imperadores e presidentes, todos eles personificam a grandeza da nação na imortalização do seu autor moral. Chegou a vez de Nicholas Sarkozy "instituir" a sua obra de regime. Contudo ele consegue ir mais longe promovendo uma revolução urbana para Paris quase a jeito do Plano Hausmann do século XIX. Foram consultados arquitectos franceses e internacionais para elaborarem ideias para a Grand Paris do séc XXI - projectando-a moderna, sustentável e mais humana. Existe uma magnífica oportunidade para arquitectos e urbanistas, sem esquecer outros intervenientes (especialistas sociais, associações, habitantes) num enorme desafio, em pensar e redesenhar uma cidade - tão somente a cidade mais visitada do mundo - de acordo com os novos conceitos urbanos, habitacionais, vivenciais, sociais e ambientais.
Se tudo é design, tudo também é política. O modo como a sociedade e o poder político interagem define como ambos constroem a sua identidade individual e colectiva, os seus propósitos e objectivos. As obras de regime, por mais transversais que sejam no seu uso e importância pública, são evidentemente armas políticas sem contestação.
A sede de querer ficar na história por se ter feito isto ou aquilo e, seguramente mais do que nunca a frase "à grande e à francesa" estará tão bem aplicada, revelam a importância que sucessivas presidências francesas têm (tal como os regimes anteriores) em deixar marcas físicas, especialmente na capital, é deveras curioso. Mudar leis, elaborar outras, não é marcante o suficiente. O ímpeto de deixar um qualquer sólido na urbe (as esculturas não contam para este campeonato), não é exclusivo de franceses. A necessidade de afirmação, o avolumar do ego ("eu fiz isto"), o desejo de imortalidade, são aspectos que definem o carácter humano, sendo exponenciado quando se detém "o" poder. Assim, estas construções arquitectónicas são demonstrações de Poder, tal como as Pirâmides o foram. E Nicholas Sarkozy terá o seu nome associado à renovação de Paris, marcando indelevelmente a cidade bem para lá do séc. XXI.

Parisian architect Roland Castro's vision for a greener Paris in La Courneuve.
Photograph: Castro Denisoff/AFP/Getty Images
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Comentário de Silvino Silva
É pertinente pensar que, apesar das mudanças de regime (ainda por cima desde, pelo menos, o tempo dos faraós), a Humanidade tenha aprendido tão pouco e continuemos a dar valor a um mar de parasitas narcisistas de dimensões impressionantes. Aquilo que eu gosto de designar por "vermes da história".- - - -
Pois, em vez de se valorizar o povo, a "arraia miúda" nas palavras do grande Fernão Lopes (na sua dimensão educacional e cultural, técnica e científica), verdadeiro interlocutor histórico, de forma a que este aprenda a conhecer o mundo (nas suas dimensões espacial e temporal-histórica) e, portanto, a conhecer-se a ele mesmo, e poder valorizar ambos, continua-se a deixar estes homens vulgares (porque realmente praticamente todos, com muito poucas excepções, almejam ficar na história, ser grandes e poderosos, famosos, e deixar uma marca imortal) desperdiçarem recursos absolutamente preciosos, na maior parte das vezes em autênticas inutilidades, por mais bonitas que estas possam ser.
Cidades "modernas, sustentáveis e humanas" são tudo palavras bonitas que servirão de pretexto para que, na prática, em Paris (e noutras cidades acontecerá o mesmo) vão-se traduzir em especulação imobiliária, acumulação de riqueza em cada vez menos gente, promoção de monopólios numa mão cheia de empresas dominadas pela mesma gente.
Vão surgir edifícios cada vez maiores e mais altos, que são tudo menos sustentáveis, pois tudo tem de vir do exterior e os gastos são enormes.
A questão da mobilidade em mega-urbes (excesso de trânsito) e a excessiva concentração de gente, com todos os problemas sociais que isso acarreta, a poluição, serão sempre problemas tremendos, com manifestas consequências nocivas para o planeta e a própria Humanidade. Ou será que vai haver a coragem de fechar Paris ao trânsito inútil, limitando-o ao mínimo indispensável e, em contrapartida, fornecer uma rede de transportes gratuita para todos, em que as únicas limitações deverão ser questões ligadas à higiene pessoal e apresentação, para manter padrões elevados de salubridade.
Será que o rio Sena vai deixar de ser aquela massa de "água" verde e pastosa, nojenta? Duvido!
Além disso, se realmente é para mudar Paris, então, primeiro que tudo, a cidade precisa dum curso global de Relações Públicas, pois o parisiense é, duma forma geral, pela minha experiência de contactos enquanto guia com outros povos (com portugueses, britânicos, italianos, espanhóis, brasileiros, alemães, suecos, finlandeses, japoneses, malaios, sul-africanos, canadianos, norte-americanos, angolanos, moçambicanos, cabo-verdeanos, russos, ucranianos, moldavos, romenos, checos, austríacos, húngaros, eslovenos, eslovacos, chineses, e até marroquinos, senegaleses... certamente esqueci-me de alguma nacionalidade de grupos que tenha feito), o "animal mais chauvinista à face da Terra, duma arrogância geral transcendental e insuportável, que tem a mania que a sua cidade é o centro do mundo, a melhor de todas, que tem tudo de melhor".
Paris tem edifícios espectaculares, mas está longe de ser uma cidade muito bonita, muito menos, "cidade-luz"; jamais trocaria a nossa Lisboa por Paris (e mais nunca fui um grande fã de Lisboa).
QUEM FAZ AS CIDADES SÃO AS PESSOAS, tudo o resto não passa de poeira para os olhos de ignorantes. E neste ranking o francês (e sobretudo o parisiense) está no fundo da tabela. É necessário reduzir o tamanho das cidades, torná-las mais humanas através da redução da sua escala, e não mais esmagadoras, símbolos pérpetuos da inveja humana, que quer ter uma urbe maior que a do vizinho só para se sentir maior e, portanto, supostamente melhor. É um fenómeno próprio do consumismo que se vê, por exemplo, na ideia generalizada de que possuir um "carrão" (grande, espaçoso e potente) é melhor do que ter um Mini, o que, dependendo das circunstâncias de cada um, não é necessariamente assim, até porque um carro grande consome mais e, por isso, mais dependente do exterior. O mesmo acontece com as mega-urbes.
Meu caro amigo
De novo nos presenteias com um óptimo comentário. Contudo, compreendendo as tuas preocupações e, dando valor às tuas observações sempre pertinentes, devo acrescentar que dos projectos em causa existem propostas válidas, audaciosas e de facto objectivamente diferenciadoras para construir uma cidade nova.
Cada projecto criativo é, obviamente, sempre uma oportunidade de ouro para fazer algo novo. O desafio que se coloca neste caso - gigantesco é certo - foi considerado por muitos dos ateliers convidados como o projecto mais dificil e entusiasmante, inovador e percursor do seu trabalho. Porque o que podemos imaginar daqui é algo com muito mais importância e factor transformador que a edificação de Brasília. A capital do Brasil é toda ela monumental, expandindo-se sobre até aspectos principais da sua centralidade que pecam por defeito - as relações entre o ser humano, o espaço físico e o espaço natural. O projecto Brasília, mesmo que moderno e futurista, foi fruto das teorias urbanas e utopias sociais de 1950s. Os conceitos de cidade e urbanidade mudaram e melhoraram substancialmente nos últimos 60 anos, e só agora se vislumbra a possibilidade de serem aplicados com o apoio social e político. Se se observar alguns dos projectos, veremos que combinam em coerência a construção, natureza e habitante. Se o Homem faz parte de um todo, esse todo terá de fazer parte de si.
Mais do que nunca, pensar a cidade e apresentar soluções para nele vivermos é essencial. O modo como no futuro habitarmos neste planeta é definido hoje. Transformar as cidades pode ser uma tarefa hercúlea, mas é uma estratégia de habitabilidade que não podemos descartar. Com certeza que quem faz as cidades são as pessoas que nela habitam - mas é evidente que a arquitectura e o urbanismo molda o modo como essas pessoas se comportam e interagem. Renovar uma urbe não é um destruir-velho-construir-novo, é justamente por causa das pessoas, dos cidadãos, os habitantes das cidades, que pelos seus ideais, desejos, dificuldades, debilidades, e os valores de comunidade, trabalho, história que se pretende edificar um espaço digno para todos e o planeta em si.
Todos os factores negativos que rodeiam a construção serão forçosamente inevitáveis?
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Victor Barreiras
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Architecture,
metropolis
2009-03-10
2009-02-27
Generation Y: the Transformer generation
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Victor Barreiras
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Ideas
2009-02-25
A New Bus for London

O Mayor de Londres Boris Johnson e a Transport of London, lançaram em 2008 um concurso de ideias para renovar a frota dos icónicos Routemaster buses, os famosos autocarros vermelhos de dois pisos introduzidos em 1954.
Este mês foram anunciados dois finalistas que, ao longo dos próximos meses deverão apresentar protótipo real e planificação de produção.
The Mayor of London Boris Johnson and the Transport of London, issued in 2008 a competition to renew the iconic fleet of Routemaster buses, the famous two-deck red buses introduced in 1954.
The two finalists were known this month, and through the following months they are to present a real size prototype and a detailed production plan.

Este tipo de transporte, para além de todo o simbolismo da sociedade e cultura britânicas é obviamente um excelente veículo para a cidade. Se se constroi em altura dada a escassez de espaço, a optimização do transporte de passageiros de forma vertical torna-se benéfica para a menor ocupação horizontal do espaço rodoviário. E sendo uma ideia com várias décadas, a reformulação do conceito para a Londres do século XXI (onde também cabe a intenção de "matar" os buses articulados introduzidos pelo anterior mayor Ken Livingstone) contribui para definir soluções de design e sustentabilidade melhor elaboradas para o transporte de passageiros.
Estão em exibição no London Transport Museum (Covent Garden, de 14 Fev - 29 Março) todas as propostas apresentadas.



Aston Martin and Foster + Partners


Capoco Design
Outras propostas


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Victor Barreiras
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Design,
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UK
2009-02-24
Desafiar

"A Origem do Mundo", 1866
Pintado por Gustave Courbet
A liberdade de expressão é uma das pedras basilares da democracia. O entendimento de que a liberdade do indivíduo termina quando começa a do outro, dentro dos valores do respeito e do bom senso, da aceitação da diferença e no confronto civilizado da discussão das ideias, parece que têm nos últimos tempos sido esquecidos, mal interpretados, a raiar demasiadamente próximo de comportamentos entre a censura e a intolerância.
A imagem ostentada na capa do livro "Pornocracia" de Catherine Breillat (editado em Portugal pela Teorema) e a sátira ao computador Magalhães no Carnaval de Torres Vedras demonstram que ainda existem preconceitos e maus conceitos, seja sobre sexo, seja sobre o que é a sua discussão e livre pensamento, seja o que é sátira e diversão.
O controlo sobre o pensamento, a sua divulgação e a prática verbal e visual de opiniões diferenciadas é uma tendência para o autoritarismo, o medo e a inépcia intelectual. Pode o dogmatismo, a presunção, a demagogia, a ignorância sobrepôr-se ao consagrado pela Constituição da República Portuguesa, pela Declaração Universal dos Direitos Humanos? Claramente os recentes acontecimentos pecaram por exagero e incompreensão por parte das autoridades judiciais e policiais. A sátira e a ironia são formas inteligentes e criativas da expressão de ideias e crítica. Chocantes, atentados, pornográficos? Todos os dias os vemos nas TVs (nas notícias, nas séries) e nos filmes - já ninguém se importa com o morticínio e outras desgraças de carácter pornográfico em guerras ou calamidades. Tornou-se banal.
O declínio das democracias acentua-se também por actos deste género. Quando não respeitamos e exigimos de outros um comportamento padrão, estamos a cercear a sua liberdade. O controlo sobre essa liberdade apenas surge quando é lesiva para terceiros e para a comunidade. E para isso a lei tem os mecanismos para actuar em conformidade.
Eis o que diz a Constituição da República Portuguesa:
Artigo 37.º
Liberdade de expressão e informação
1. Todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, bem como o direito de informar, de se informar e de ser informados, sem impedimentos nem discriminações.
2. O exercício destes direitos não pode ser impedido ou limitado por qualquer tipo ou forma de censura.
3. As infracções cometidas no exercício destes direitos ficam submetidas aos princípios gerais de direito criminal ou do ilícito de mera ordenação social, sendo a sua apreciação respectivamente da competência dos tribunais judiciais ou de entidade administrativa independente, nos termos da lei.
4. A todas as pessoas, singulares ou colectivas, é assegurado, em condições de igualdade e eficácia, o direito de resposta e de rectificação, bem como o direito a indemnização pelos danos sofridos.
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2009-02-15
2009-02-11
2009-02-09
Les blogs du Diplo
Excelentes textos nos blogs da publicação Le Monde Diplomatique.
A não perder.
Kuduro faz renascer a consciência de classe
O Kuduro é o novo som de Angola. Fruto da mestiçagem das músicas dançadas pelos mais velhos - kizomba, mas também o semba - com as programações electrónicas fabricadas nos estúdios por jovens produtores alimentados pelo house, ragga, hip-hop, e outras músicas urbanas novas.
O que é o Hamas?
Análise de Alain Gresh, uma das crónicas de Nouvelles d'Orient.
Qu’est-ce que le Hamas? E aqui em português.
EUA: o mito do melting-pot
As mudanças demográficas serão afinal diferentes do esperado?
- - -
Site português do Le Monde Diplomatique
A não perder.
Kuduro faz renascer a consciência de classe
O Kuduro é o novo som de Angola. Fruto da mestiçagem das músicas dançadas pelos mais velhos - kizomba, mas também o semba - com as programações electrónicas fabricadas nos estúdios por jovens produtores alimentados pelo house, ragga, hip-hop, e outras músicas urbanas novas.
O que é o Hamas?
Análise de Alain Gresh, uma das crónicas de Nouvelles d'Orient.
Qu’est-ce que le Hamas? E aqui em português.
EUA: o mito do melting-pot
As mudanças demográficas serão afinal diferentes do esperado?
- - -
Site português do Le Monde Diplomatique
2009-02-05
Netanyahu não é Obama

www.netanyahu.org.il
Este é um assunto híbrido. Design e política cruzam-se num contexto que pode definir os tempos mais próximos.
Todo o conceito ideológico - se assim podemos designar - e de design presente na campanha presidencial de Barack Obama (ver renovado site da Casa Branca) tem sido replicado de uma forma ou de outra, pelo espírito da ideia e pela dimensão estratégica (comercial, diga-se) da esperança desde as eleições em Novembro passado.
Agora chegou o "aproveitamento" político. Em Israel haverá eleições daqui a cinco dias (terça, 10 de Fevereiro), e três partidos degladiam-se para ganhar. O Kadima (centro, actualmente no poder), o Labour (trabalhista, coligado com o Kadima) e o Likud (direita). Benyamin Netanyahu, líder do partido de direita Likud, apresenta um site em tudo semelhante ao da campanha de Obama. Tem o seu nome (aqui em inglês), o grafismo é idêntico, a estrutura e os suportes web 2.0 idem. Quanto à mensagem, Netanyahu transmite valores próprios da direita conservadora, alicerçada nos eternos dogmas conservadores de um Israel forte e seguro - "Strong Leadership for Israel's Security and Economy" -, duro contra os seus inimigos que, nas suas acções terroristas beneficiam exponencialmente a candidatura do Likud.
Foi assim em 1996 nas eleições convocadas após o assassinato de Yitzhak Rabin em Novembro de 1995 - nas semanas entre estes dois eventos, o movimento Hezbollah perpretou diversos atentados que levou Shimon Peres a perder para... Benyamin Netanyahu. Os extremos tocam-se, e os interesses de dois lados tão antagónicos podem facilmente conciliar-se para uma vitória conservadora.
A forma da mensagem pega num conceito inovador, apelativo e, mais importante, vencedor. Contudo, Netanyahu não é Obama. O que ele é em nada beneficia a política israelita, sendo mesmo um retrocesso. Pela agressividade das suas políticas e palavras, pela constância da sua intolerância, pela intransigência contra planos para a paz. Israel vive desde que nasceu em permanente estado de emergência, seja pela ameaça de Estados ou organizações que desejam a sua aniquilação. A premissa da defesa territorial e sua população é um direito que assiste a Israel, mas as acções punitivas não trarão a paz, a reconciliação e o equilíbrio para a região. A possível vitória do Likud de Netanyahu, observando o exemplo de há 13 anos não augura um futuro melhor. Mas, sendo o único país democrático do Médio Oriente, Israel tem assisstido a alternância. No entanto sucumbe a uma luta de poder onde quer o Kadima (à procura da legitimidade como verdadeiro partido alternativo, com Tipzi Livni como líder), quer o fragilizado líder do Labour Ehud Barak (Primeiro-Ministro que retirou do sul do Líbano e de Gaza, mas que agora foi o Ministro da Defesa responsável pela intervenção de Dezembro) ficarão sempre dependentes - se não mesmo reféns - dos pequenos partidos, alguns deles de alas extremistas. Como é habitual na política hebraica.
Então qual a mensagem de esperança exposta na programa político de Netanyahu? Nenhuma.
- - - -
Comentário de Silvino Silva:
Gostei do artigo sobre Israel mas, efectivamente, o que se está a passar não é novidade nenhuma para mim, que acompanho e sempre acompanhei e li sobre o assunto.
E é sempre assim, a existência dum extremo só se justifica pela presença de outro; é essa a energia motora da direita israelita, assim como das forças extremistas muçulmanas. Se um dos extremismos desaparecesse, rapidamente o outro se evaporaria, por ficar esvaziado o sentido da sua existência.
"Então qual a mensagem de esperança exposta na programa político de Netanyahu? Nenhuma."
Mas a mesma pergunta se pode fazer para os programas políticos muçulmanos... Onde está a esperança duma conciliação? Se não passar pela destruição de Israel então não serve nos meios políticos islamitas - porque não dará votos.
Não deixa de ser curioso que são, precisamente, ambos povos semitas, e que inclusivamente as duas línguas (hebraico e árabe) têm fonemas bastante parecidos, guturais, ainda que o tipo de escrita seja muito diferente. Pode-se dizer que, do ponto de vista histórico, são quase "irmãos desavindos", que nunca se entenderam bem. O irmão mais velho - o povo hebreu, que por isso mesmo reclama os seus direitos - e o irmão mais novo, surgido apenas de forma expressa nos séculos VI e VII, quando do início da Islamização fulminante e notável de grande parte do mundo.
A esperança talvez esteja numa nova política norte-americana, capaz de arrastar atrás outros líderes mundiais, embora eu não acredite muito nisso. E talvez pressões de líderes da América Latina (nomeadamente do Brasil, pois as comunidades muçulmana e judaica são numerosas por aqui), da Europa (quando ela se apresentar com a unidade interna suficientemente forte para tomar uma decisão a uma só voz), dos países muçulmanos (nomeadamente os mais radicais), e talvez da Índia e da China, porque não chamá-los a participar na resolução dos problemas desta "aldeia global".
Eu acredito que o conflito só tem uma solução possível, a criação dum país capaz de albergar judeus e árabes todos juntos, sob a égide das Nações Unidas, em que o mundo os obrigue a entenderem-se numa mesma "casa", e onde o acesso às cidades simbólicas e historicamente importantes para ambas as religiões possa ser possível de forma livre e segura, além do acesso aos recursos hídricos, tão importantes na região pela sua escassez. Além disso, tem naturalmente de passar pela desmilitarização de ambas as sociedades, e o fim das interferências externas, com a salvaguarda da manutenção dum parlamento que tenha 50% de judeus e 50% de muçulmanos (claro que esta ideia é muita mais difícil de aceitar pelos árabes, dado que o seu número é muito maior). Será possível? Não me parece que venha a acontecer enquanto eu for vivo.
O que é certo é que, na Terra Santa, historicamente a ténue paz só foi possível sempre que houve uma força poderosa estranha capaz de ter mão nos dois lados (e ainda assim sujeita a numerosas revoltas); assim se passou nos impérios pré-clássicos (assírio, babilónio, ...), no Império Romano e no Império Otomano, e foi possível haver prosperidade nessas épocas, sobretudo pela localização geográfico-estratégica da região.
Enquanto não surgir essa força quase paternal capaz de pôr os "putos" (o povo judaico e as comunidades muçulmanas) na ordem continuaremos a assistir a ciclos conflituais e períodos de acalmia pouco significativos. E, sobretudo, violência e morte.
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2009-02-04
Discutir Design

O assunto não é fácil. Ou melhor, fácil sempre é dizer mal. O cerne da questão é o que interessa, e a forma tem interpretação digna de crítica.
Discutir design e as ideias sobre esta temática com conteúdo pertinente, acessível e credível pode ser encontrado (ou reencontrado) nestes blogs nacionais The Ressabiator (com Grandes Armazéns do Design), Reactor (agora também com novo espaço chamado Ensaio) e Desígnio.
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Victor Barreiras
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