Vergonhosamente com gravata de luto, PSL em nada adiantou, apenas piorou a sua performance. Sempre com cara de enfado, sempre a mandar bocas.
Sócrates nada mais adiantou. A falta de capacidade de novas formas sucintas de explicação... O que vale é que em entrevistas ao Público/RR/2: e ontem numa conferência transmitida pela TSF, percebi melhor sobre o Plano Tecnológico e outros "objectivos".
Portas e Louçã são almas gémeas opostas. O némesis um do outro, sendo os verdadeiros protagonistas do debate, mais audazes e esclarecidos/esclarecedores, politicamente firmes e espicaçantes.
Quem perdeu foi o simpático Jerónimo e a CDU.
2005-02-16
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A Capital: Editorial de Luis Osório
ReplyDeleteO debate a cinco, em que Jerónimo de Sousa foi mais eficaz no seu silêncio forçado do que se tivesse falado, pode ter significado o fim de Santana Lopes. Não que Portugal seja um país onde as mortes políticas sejam definitivas e as ressurreições pouco valorizadas, mas apenas porque a imagem que deu ao País foi de uma fragilidade demasiado evidente.
O ainda primeiro-ministro esteve tanto tempo a reivindicar por mais debates, que, ao vê-lo nos dois confrontos com José Sócrates, quase parece que Santana Lopes não é deste filme. Se no já célebre cartaz, que foi mandado retirar por Cavaco Silva, parecia um "penetra" que se põe a jeito para aparecer na fotografia, neste último debate a sensação que ficou foi exactamente a mesma. Ao lado de Paulo Portas, parecia um parceiro minoritário de uma coligação em apuros; ao lado de Louçã, um aluno pouco aplicado; ao lado de Sócrates, um político sem estratégia nem competência.
Se o PS não conseguir atingir a maioria absoluta nestas eleições, jamais a conseguirá atingir nos próximos largos anos.
O secretário-geral socialista cumpriu a receita que Cavaco Silva soube construir para atingir a sua primeira maioria absoluta; não se desviou um milímetro do que quis dizer em cada momento, dramatizou quanto baste a questão da instabilidade e foi extremamente cauteloso com promessas. Ao contrário de Cavaco, que tinha Sampaio e Freitas como adversários, Sócrates tem como obstáculo um homem que lutou uma vida inteira em função de um objectivo para o qual não estava preparado. Não há muito mais a dizer, e as pessoas que mais contribuíram para a história do PSD sabem-no melhor do que ninguém. Quanto maior for a derrota de Santana, maior será a hipótese de redenção do partido fundado por Sá Carneiro.
Francisco Louçã e Paulo Portas, de formas diferentes e tentando concretizar objectivos opostos, estiveram muito bem.
O líder do PP, de uma maneira forçada, tentou falar do que fez enquanto ministro da Defesa, mas foi eficaz tanto na forma como enunciou algumas ideias para a educação como na gestão da sua relação com Sócrates. Em poucas palavras, Portas sabia que tinha a seu lado um morto político e utilizou-o magistralmente como bote salva-vidas para a sua sobrevivência e, quem sabe?, para o aumento de votos do PP.
A figura mais emblemática do Bloco de Esquerda, que arrisco dizer é o próprio Bloco, levou consigo alguns papéis comprometedores para o governo de coligação, mas Portas deixou que fosse Santana a carregar com a cruz. Na área económica, que ocupou quase toda a primeira parte do debate, Francisco Louçã esteve bem, assumiu pose de Estado e não foi tão claro como costuma quanto à possibilidade, em caso de maioria relativa, de uma coligação com o PS.
Jerónimo de Sousa talvez tenha sido, se exceptuarmos Sócrates, o que mais capitalizou com este debate. Apesar de não conseguir soltar a voz, nunca perdeu a simpatia que o seu olhar transmite. No início da segunda parte do debate, na sua despedida, foi capaz de uma frase que entrará decerto para o livro de ouro dos heróis comunistas. «Posso ter perdido a voz, mas não perdi a esperança.»
No que é essencial, Santana Lopes mostrou que a sua fragilidade é maior do que alguém imaginaria. Dizer que José Sócrates ganhou o debate é redundante e óbvio. Na próxima segunda-feira, o novo primeiro-ministro terá de começar a fazer por merecer a confiança que o País lhe oferecerá.
PS: Excelente trabalho da direcção de informação da RTP. O debate foi bem realizado, e o décor escolhido não comprometeu o essencial. Quando se apontam e agitam tantos nomes para ocupar os mais variados lugares, uma palavra de apreço a Luís Marinho e José Alberto Carvalho, dois excelentes profissionais, dois homens livres.