2009-12-31
2009-12-25
2009-12-23
2009-12-22
2009-12-21
Pela lama
2009-12-18
I want to hope
2009-12-17
Fringe
Há muitos anos atrás, antes da transição do Milénio havia uma frase que nos ecoava como um desejo profundo, como um projecto de vida, como uma necessidade de entender. "I want to believe" era o leit motiv de Fox Mulder. E o nosso também, espectadores de culto de "The X Files" onde as mais estranhas criaturas coexistiam entre nós, acontecimentos bizarros com explicações científicas alternativas, mistérios vários no meio de teorias da conspiração governamentais.
Depois tivémos, também criado e produzido por Chris Carter, a curta série "Millennium". Promissora narrativa que explorava os contornos mais negros da existência, sempre interligada com as profecias do Apocalipse. Igualmente conspirativa, Frank Black dava-nos uma densidade perturbadora de uma realidade sobrenatural que podia mudar o planeta.
De facto foi "Twin Peaks" fantástica e delirante criação de David Lynch que abriu caminho para poderosas narrativas televisivas onde o inexplicável circula entre nós. Onde sinais misteriosos nos conduzem a locais estranhos e perturbadores, até aos mais escabrosos esconderijos nas nossas mentes (como no filme "A Cela"), a capacidades e acontecimentos do paranormal tão míticas ou impossíveis de entender como paradoxalmente assimilados na cultura e existência humanas. Pois a sociedade humana sempre existiu entre simbologias e crenças e se regeu segundo parâmetros de razão e mística, factos e ciência, possibilidades e sonhos.
O ser humano na sua natureza intrínseca é um ser complexo, seja na forma psicológica, social e espiritual, e é isso que estas séries exploram bem. Os segredos, as incongruências, passados escondidos, na verdade as personagens têm muito mais a esconder que a revelar, e de cada vez que há um vislumbre nas suas verdadeiras intimidades, o voyeurismo nos compele a desejar saber mais, imaginar enredos extra para entendê-las e tornarmo-nos parte da narrativa, intrometendo e decifrando a(s) realidade(s) que episódio após episódio sofregamente, avidamente ingerimos. A adesão é tão igual como quem vê telenovelas - é impossível perder - a excepção é a qualidade e a densidade destes programas.
Esta atitude do espectador renasceu com "Lost". Todas as características mencionadas atrás existem aqui, e tanto nos prende a busca pela verdade (que ilha é aquela) como a evolução das personagens e o seu papel central na história. Nisto é particularmente brilhante Hugh Laurie interpretando o Dr Gregory House na série "House".
J.J. Abrams, criador de "Lost", lançou no outono de 2008 uma óptima súmula desta, juntando alguns ingredientes de "Alias" (também obra sua) e com notória inspiração de "The X-Files", a que chamou "Fringe".
Junte-se uma agente especial (Olivia Dunham como uma combinação de Sydney e Mulder) do FBI numa unidade (FBI Fringe Division) que investiga acontecimentos estranhos e pessoas bizarras, alguma dose de conspiração latente, predestinação, ciência alternativa (fringe) com instituições suspeitas, e temos um thriller onde a trama explora a ténue linha entre realidade e (aparente) ficção científica. A base pode não ser original, mas as histórias demonstram intensidade dramática e fluidez narrativa assentes sobre uma composição visual muito bem elaborada e grafismos inovadores em televisão (só visto anteriomente no genérico de "Panic Room") e um cast de actores extremamente bem escolhidos (quer pelas suas interpretações, quer pelas suas próprias imagens que expõem carácter adicional às suas personagens).
Se em "The X Files" o Governo dos EUA era um todo-poderoso e potencialmente perigoso detentor da "verdade", em "Fringe" assistimos à realidade dos nossos dias onde as empresas (aqui a Massive Dynamic) têm poderes eventualmente desmesurados, sendo muito mais difícil o seu controlo e o real entendimento das suas necessidades e interesses. "Fringe" explorou toda a primeira temporada essa suspeição com base em diversos eventos - estranhos, perigosos, criminais - cientificamente excitantes, misteriosamente inexplicáveis, nos domínios da nano-tecnologia, química, biologia, ciência quântica, da possibilidade de atingir universos paralelos e alternativos, intercalados com pequenos ícones (sapo, borboleta, etc) que nos abrem caminho a códigos secretos (como em "Lost"), com inteligência e densidade crescente até o último episódio cujas cenas finais são de absoluta imprevisibilidade e fascínio narrativo e de uma nova personagem finalmente em acção interpretada surpreendentemente por... Não posso dizer para quem não teve a oportunidade de assistir.
Mas é hoje à noite, de volta à RTP2 pelas 22H40, que podemos encontrar respostas a tantas dúvidas suscitadas, e entender o porquê de certos acontecimentos e atitudes. O mais certo é perdermo-nos de novo em novas e excitantes inquietações que nos fazem prender os olhos e a mente ao écran a cada episódio.
Segunda Temporada: Episódios 1 e 2
RTP2, quintas-feiras às 22:40
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2009-12-15
2009-12-14
2009-11-30
Your Scotland, Your Voice
2009-11-26
Hopenhagen
2009-11-25
arabic calligraphy
On this Al Jazeera report about Chinese Muslims as they prepare to undertake the Hajj pilgrimage, the iman Yahya Salih (Ma Yi Ping) wonderfully shines out as a master in arabic calligraphy.
2009-11-24
Bohemian Rhapsody and The Muppets
Queen, Freddie Mercury and The Muppets - three iconic characters that will always stay in my mind and heart.
2009-11-23
Esquire Augmented Reality issue
2009-11-20
Quem? / Who?
Why Sarah Palin is so hot
TIME by Brian Adams / Rapport
2009-11-19
2009-11-15
2009-11-12
2009-11-11
2009-11-10
2009-11-09
A queda
As divisões, quando sucedem, são-no por diversas razões. Os desentendimentos e as desconfianças também. Mas submeter durante quase três décadas uma cidade - e por conseguinte um povo em dois países - à sombra de um muro físico-ideológico é ir longe demais. A Guerra Fria produziu muitas situações dificeis, perigosas e bizarras. O Muro de Berlim era o símbolo máximo da divisão político-militar-ideológica do mundo. A opressão e a repressão, a intriga e o isolacionismo, os dogmas e as mentiras do lado de lá da Cortina de Ferro acabaram por levar à implosão de todo um sistema politico-social.
Eu lembro-me, quase como se estivesse lá. Em directo pela TV a revolução aconteceu em directo nessa jovem noite. Recordo os meses que a antecederam: a abertura das fronteiras Hungria-Áustria, a visita de Gorbatchov à moribunda RDA e o metafórico beijo de morte que o líder soviético deu a Erich Honecker, a manifestação pacífica e contundente de 2 milhões de pessoas em fila ao longo das três repúblicas soviéticas do Báltico. Lembro também as mirabolantes semanas que se seguiram: a queda do regimes Socialistas em mais de dez países, a Revolução de Veludo na Checoslováquia, os dias sangrentos da Roménia que culminaram no fuzilamento de Ceausescu. Tudo "floresceu" numa ânsia para tentar saber o máximo e sentir a contagiante e repentina onda de liberdade dos povos do "lado de lá".
Dia 9 de Novembro de 1989 foi um enorme símbolo transformador. Para a própria Alemanha foi um momento de catarse único que coincidiu com os cinquenta e um anos depois da Kristallnacht (Noite de Cristal) de 1938, o início do terror Nazi anti-semita. Neste horrífico aniversário os alemães libertaram-se de toda a opressão.
2009-11-07
Al Gore interview
'Civil disobedience has a role to play'
Al Gore was born to be the most powerful man on Earth, but fell just short of his political destiny. Can the former law-maker now win his place in history as the man who helped save the planet?
"Designing Obama" book
Designing Obama from mas / menos on Vimeo.
"Selling change isn’t easy in a world that tends to prefer the comfort of the familiar. We all know what a revolution looks like: handmade signs, scrawled graffiti, the voice of the people. But Obama’s campaign was the opposite. Reportedly, the candidate resisted at first. “He did not initially like the campaign’s blue and white logo — intended to appear like a horizon, symbolizing hope and opportunity — saying he found it too polished and corporate,” reported the New York Times. But David Axelrod and his team prevailed. They must have known that the revolution, when it finally came, would have to be wrapped up in the most comprehensive corporate identity program the 21st century has yet seen. And it worked, as Designing Obama, the new book from Scott Thomas, Design Director of New Media for Obama for America, reveals."
2009-11-02
Chimamanda Adichie: The danger of a single story
Inspired by Nigerian history and tragedies all but forgotten by recent generations of westerners, Chimamanda Ngozi Adichie’s novels and stories are jewels in the crown of diasporan literature.
http://www.ted.com/talks/chimamanda_adichie_the_danger_of_a_single_story.html
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2009-10-28
Blair is not The One
Because Tony Blair has an eternal ghost called Iraq. Because even as the most european prime-minister in decades the UK had, he did not stregthen the ties of Britain within the european project. Because the job wasn't made for him. Because Tony Blair is no longer the star in international politics.
Because the European Union is not a federation, nor a uniform and one-voice political project. Because the path of the european build-up is long and the Lisbon Treaty, not being perfect, is stil the best common stage to move forward. Because the President is not elected by the citizens. Because Europe needs a european vision.
All the respect and admiration for Tony Blair (not excluding the disapointments) are not enough to support his bid to the job. I've said it before (here and here).
However, there is no other person in Europe with the "grandeur" of Blair. And the illusion of an american-style presidency helped to maintain the wish of many. Tony Blair included. The usual "guerrilla" among big and small countries will dictate who will get the job. Getting it is an eternal european-style negotiation.
Teresa de Sousa perfectly summarizes a concern I share:
"You can feel the outcome. A small Europe. And a lost opportunity. The opposite will occur within the order of miracles. For example, if the presidents can be from the same party, then they can also be from the same region. At least Felipe González would be something. A good thing."
Copyright © Martin Rowson 2009
Blair não é o Escolhido
Porque Tony Blair tem uma bagagem eterna chamada Iraque. Porque mesmo sendo o Primeiro-Ministro britânico mais europeu das últimas décadas, não aprofundou a integração do Reino Unido no projecto europeu. Porque este posto não foi feito para ele. Porque Tony Blair não tem mais lugar cimeiro na política internacional.
Porque a União Europeia não é uma federação, nem um projecto político uniforme e uníssono. Porque o caminho da construção europeia é longo e o Tratado de Lisboa não sendo uma etapa perfeita ainda é o melhor caminho consensual de avanço. Porque o Presidente não é eleito pelos cidadãos. Porque a Europa precisa de uma visão europeia.
Todo o respeito e admiração por Tony Blair (sem excluír as delisusões) não chegam para eu apoiar sequer a sua candidatura. Já o disse em vezes anteriores (aqui e aqui).
Contudo, a grandiloquência de outra personagem como Blair é inexistente. E a ilusão de uma presidência à americana contribuiu para acalentar o desejo de vários. Tony Blair incluído. A costumeira "guerrilha" entre países grandes e pequenos ditará quem deverá ficar com o lugar. A atribuição do posto é uma negociação eterna à europeia.
Teresa de Sousa resume no essencial e na perfeição uma preocupação que partilho:
"Já se pressente o resultado. Uma Europa pequena. E uma oportunidade perdida. O contrário será da ordem dos milagres. Por exemplo, se os presidentes podem ser do mesmo partido, então também pode ser da mesma região. Ao menos Felipe González já era alguma coisa. Era uma boa coisa."
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