As divisões, quando sucedem, são-no por diversas razões. Os desentendimentos e as desconfianças também. Mas submeter durante quase três décadas uma cidade - e por conseguinte um povo em dois países - à sombra de um muro físico-ideológico é ir longe demais. A Guerra Fria produziu muitas situações dificeis, perigosas e bizarras. O Muro de Berlim era o símbolo máximo da divisão político-militar-ideológica do mundo. A opressão e a repressão, a intriga e o isolacionismo, os dogmas e as mentiras do lado de lá da Cortina de Ferro acabaram por levar à implosão de todo um sistema politico-social.
Faz hoje 20 anos que os leste-berlinenses sentiram o lindo e doce sabor da liberdade, o ar puro que um muro derrubado deixou passar, uma alegria imensa própria das revoluções justas e verdadeiras.
Eu lembro-me, quase como se estivesse lá. Em directo pela TV a revolução aconteceu em directo nessa jovem noite. Recordo os meses que a antecederam: a abertura das fronteiras Hungria-Áustria, a visita de Gorbatchov à moribunda RDA e o metafórico beijo de morte que o líder soviético deu a Erich Honecker, a manifestação pacífica e contundente de 2 milhões de pessoas em fila ao longo das três repúblicas soviéticas do Báltico. Lembro também as mirabolantes semanas que se seguiram: a queda do regimes Socialistas em mais de dez países, a Revolução de Veludo na Checoslováquia, os dias sangrentos da Roménia que culminaram no fuzilamento de Ceausescu. Tudo "floresceu" numa ânsia para tentar saber o máximo e sentir a contagiante e repentina onda de liberdade dos povos do "lado de lá".
Eu lembro-me, quase como se estivesse lá. Em directo pela TV a revolução aconteceu em directo nessa jovem noite. Recordo os meses que a antecederam: a abertura das fronteiras Hungria-Áustria, a visita de Gorbatchov à moribunda RDA e o metafórico beijo de morte que o líder soviético deu a Erich Honecker, a manifestação pacífica e contundente de 2 milhões de pessoas em fila ao longo das três repúblicas soviéticas do Báltico. Lembro também as mirabolantes semanas que se seguiram: a queda do regimes Socialistas em mais de dez países, a Revolução de Veludo na Checoslováquia, os dias sangrentos da Roménia que culminaram no fuzilamento de Ceausescu. Tudo "floresceu" numa ânsia para tentar saber o máximo e sentir a contagiante e repentina onda de liberdade dos povos do "lado de lá".
Dia 9 de Novembro de 1989 foi um enorme símbolo transformador. Para a própria Alemanha foi um momento de catarse único que coincidiu com os cinquenta e um anos depois da Kristallnacht (Noite de Cristal) de 1938, o início do terror Nazi anti-semita. Neste horrífico aniversário os alemães libertaram-se de toda a opressão.
A queda do Muro da Vergonha foi o último dia da Guerra Fria. Simbolicamente diz-se que foi o ano em que acabou o século XX. No entanto persistem outras barreiras cujos efeitos esta noite não conseguiu atingir: Belfast, Chipre, e as Coreias. E assistimos diariamente à construção de outros muros na Palestina e na fronteira EUA-México.
Há vinte anos atrás foi o primeiro dia de um tempo novo, o desabrochar de novos desafios, novos objectivos, e novas incertezas, o recomeçar para uma Europa nova, um mundo diferente.
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