Desilusão, devo confessar. Não motivou entusiasmo. Na esperança de ver um homem mais aberto, o Conclave rápida e decisivamente preferiu, pela influência e a falta de coragem e o medo da polémica, o denominador comum que garantisse alguma unicidade e continuidade da actual política religiosa do Vaticano. Ortodoxia e conservadorismo garantiram que o "vice" de João Paulo II subisse a Papa. Inteligente, intelectual, culto, centralizador, o Cardeal Joseph Ratzinger foi a escolha que alguns apontavam como possível, ou seja, o resultado foi afinal previsível, mas coloca igualmente dúvidas para o futuro, mesmo que se o considere como de transição. Dentro da Capela Sistina estavam 115 homens, cujo destino eles supõem ser de intervenção divina - os desígnios de Deus são por vezes misteriosos, também assim se pensou em 1978 na eleição de Karol Wojtyla.
Para mim, numa lógica de renovação e alteração de atitude seculares, o novo Papa deveria ser progressista, ao encontro das verdadeiras realidades sociais da Europa e do Mundo, ainda maior diálogo ecuménico e intervenção mais eficaz pela paz; ser negro, indiano ou asiático, rompendo com a tradição europeia, abrindo-se com enorme simbolismo e esperança ao mundo multicolor que habitamos.
Segundo as Profecias de São Malaquias, este é o penúltimo Papa (tem 78 anos, o fim está próximo?...), cujo lema é "De Gloria Olivae": alguém que trabalhará intensamente pela paz no mundo? Será que apesar destes receios iniciais daqueles que vêem Bento XVI como uma liderança burocrática e intransigentemente dogmática, possa com o correr do tempo ser corrigida? Como finaliza António Marujo, hoje no Público: "A Igreja Católica acredita que cada Papa acaba por se revelar um homem à altura do seu tempo. Resta saber que tempo será o de Bento XVI".
2005-04-20
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