2007-07-04

Lusofonia

A Lusofonia tem tanto de comum como de diverso, elementos apaixonantes que nos transformam numa comunidade única no mundo e onde todo o potencial não foi ainda explorado, nem tão pouco institucionalizado de forma coerente e forte (como a Commonwealth inglesa) através da CPLP. O elo comum é a língua, matriz para uma cultura suis generis que, na sua multiplicidade é um território de identificação invulgar. Restrito temos estado ao trinómio Portugal-Brasil-África, sinónimo de uma certa estranheza geral, apenas vivida por cada um, e quando mais abrangente, é-o pelo lado mais comercial vulgo menos criativo/qualitativo.

O século XXI tem permitido uma maior fusão de ideias, maior cruzamento de elementos, crescente actividade entre três territórios com muito mais ligação que o oceano que os separa. Vemos alguns escritores - destacando José Eduardo Agualusa e Mia Couto, entre muitos outros - e principalmente na música (lista imensa) e na dança, iniciado primeiro entre Brasil e África, depois Portugal com África, e finalmente Portugal com Brasil. Aos poucos vai havendo consciência de algo maior que a distância, onde "a língua é a minha pátria" é um valor imenso e inexplorado. Cabe aos agentes culturais fomentar o evoluir de uma identidade lusófona, onde a utopia política tem falhado. Esta espantosa diversidade com imensas bases comuns, tem muito mais que os signos sol, calor, cor, exotismo. Tem o idioma, a riqueza cultural, a mestiçagem, a alegria, um projecto novo, modernidade e cidadania, urbanidade e tradição, tem pessoas, uma ideia de irmandade.