2007-05-01

Reino (des)Unido-III



Grande Aliança


A 1 de Maio de 1707, há precisamente 300 anos o Reino de Inglaterra e o Reino da Escócia uniam-se sob o Tratado da União, como um estado novo e unitário com a designação Reino Unido da Grã-Bretanha.
O The Guardian dava destaque na sua edição de 8 de Fevereiro da seguinte forma: May 1 will mark the 300th anniversary of the Act of Union between Scotland and England. Yet there will be little celebration in either country. Does no one care any more - or are we witnessing the return of the auld enmity? Ian Jack reflects on Britishness, his experiences as a Scot in England and the rise in nationalism on both sides of the border.

Uma das grandes questões é por que razão a Escócia e a Inglaterra se uniram? O desejo de conquista do território de tradição celta pelos ingleses foi sempre grande. Diversas batalhas e controlos de poder ditaram historicamente a relação entre ambos os reinos, como já referido nos textos anteriores.

O estatuto político e nacional dos dois reinos modificou-se com um dos tratados mais originais e duradouros até hoje. Em 1707 os Parlamentos escocês e inglês decidiram fundir-se e o estatuto bi-estadual transforma-se num estado único com sede em Londres onde figuravam três nações - Inglaterra, Escócia e Gales (território anexado à Inglaterra desde 1535) formavam através do Tratado "Act of Union" o novo Reino Unido da Grã-Bretanha. Apesar da Irlanda pertencer por acréscimo a esta união, não possuía um regime autónomo pois, durante muitos séculos foi somente uma possessão inglesa.

Mas o facto de enquanto estado independente a Escócia, com as suas possessões na América via-se cada vez mais fragilizada face ao domínio e grandeza do Reino de Inglaterra. O lado prático dos interesses políticos e económicos viu a incorporação como a melhor saída para o futuro do país. O Tratado de 15 artigos estabelecia diversas condições e direitos - como o impedimento da linha sucessória de nobres católicos, o reconhecimento da Igreja Presbeteriana como a Igreja Oficial da Escócia, a transformação dos parlamentos escocês e inglês num único em Westminster (em Londres), pares do reino escoceses com assento na Câmara dos Lordes, transferências monetárias anuais para o território escocês, uma moeda e economias comuns. No entanto, a grande maioria da população nunca concordou com a perda da independência, e logo desde o início houve diversas manifestações violentas acusando os nobres escoceses de corruptos por venderam o país a Inglaterra por £20,000.

Mas foi a partir daqui que uma nova Escócia floresceu. O novel e poderoso Império Britânico surge num momento exacto e glorioso. A união permitiu a constituição de forças armadas poderosas, em grande parte devido ao contributo bravo dos regimentos escoceses. No entanto seria com o periodo do Iluminismo, que diversos indivíduos de enorme qualidade foram surgindo das terras altas no seio da nova massa intelectual londrina, de tal forma que se designa o periodo entre 1730 e 1800 como o Scottish Enlightment. Se em França temos Voltaire e Rosseau entre outros, na Escócia temos vários filósofos, pensadores e outras figuras importantes para o país e para o Reino Unido. Nomes como Francis Hutcheson, David Hume, Thomas Brown, Adam Ferguson, James Burnett, Joseph Black, Robert Adam, Robert Burns, Sir Walter Scott, Adam Smith, James Watt, John Walker, etc, contribuiriam também para a evolução da civilização Ocidental no seu todo. Assim tal como com o advento da Revolução Industrial, os parceiros Escócia e Inglaterra tornaram-se nos motores comerciais, económicos e intelectuais da Europa entre 1750 e 1850.

A existência da união tornou o Reino Unido na maior potência global da história do mundo.