2007-12-21
2007-12-15
Niemeyer 100
"Ora não me venha com conversas, 100 anos é uma merda... Posso dizer merda numa revista?"
"Arquitectura não é importante. Importante é a vida. Passei a vida sobre a prancheta mas, para mim, a política importa mais do que a arquitectura. Quem não é solidário, quem não se preocupa com a miséria, pode ser o melhor profissional e ficar rico, mas é um cretino."
"Arquitectura é a arte do espanto, feita para comover o povo. Falam tanto em 'função', mas acredito, como Le Corbusier, que a Bauhaus é o paraíso da mediocridade. No entanto, veja que beleza esse capricho nada funcional, as pirâmides do Egipto, no meio do deserto."
"Só um ateu faria projectos tão futuristas para uma catedral. O crente deslumbra-se com a ideia da nave, acredita na simbologia de encurtar a viagem e o caminho até Deus."
Visão 771 - 13 Dezembro 2007
Depoimentos recolhidos por Norma Couri
O Globo: Oscar Niemeyer, 100 anos, persegue arquitetura poética
Edição de Câmara Clara (RTP2) dedicada ao mestre (ver em wmv ou realvideo)
Casa das Canoas (aqui)
Clarice Lispector, nas suas crónicas no Jornal do Brasil,
escreveu em 1970, sobre Brasília o seguinte:
"Brasília é construída na linha do horizonte. Brasília é artificial. Tão artificial como devia ter sido o mundo quando foi criado. Quando o mundo foi criado, foi preciso criar um homem especialmente para aquele mundo. Nós somos todos deformados pela adaptação à liberdade de Deus. Não sabemos como seríamos se tivéssemos sido criados em primeiro lugar e depois o mundo deformado às nossas necessidades. Brasília ainda não tem o homem de Brasília. Se eu dissesse que Brasília é bonita veriam imediatamente que gostei da cidade. Mas se digo que Brasília é a imagem de minha insônia vêem nisso uma acusação. Mas a minha insônia não é bonita nem feia, minha insônia sou eu, é vivida, é o meu espanto. É o ponto e vírgula. Os dois arquitetos não pensaram em construir beleza, seria fácil: eles ergueram o espanto inexplicado. A criação não é uma compreensão, é um novo mistério."
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Victor Barreiras
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Architecture
2007-12-13
2007-12-12
2007-12-07
oportunidade x oportunismo
Foto tirada no Lubango, Agosto 2006
E assim foi. Mugabe está cá, Gordon Brown recusou-se a vir. Se Mugabe não fosse convidado, vários países africanos fariam boicote. Um símbolo pode ser considerado como tal quando é tão óbvia a sua demência?
Sete anos após a primeira cimeira UE-África, a segunda edição esteve por um fio. Mas a questão que fica, ainda antes do encontro se iniciar - para que serve? Quais as verdadeiras razões? Valerá a pena? É minha convicção que esta reunião é importantíssima. A Europa necessita de encetar, como um todo, um diálogo com África, afirmar-se para si e para o mundo como um bloco económico com uma consciência social efectiva enquanto política exterior. Então é só para encher o ego, perguntar-se-á. Sim e não. Neste fim-de-semana reforçam-se os alicerces da Europa unida e humanista, farol da democracia e blá, blá, blá. Tudo em que acredito, não desdenho, mas de facto importante e que desejo que seja o menos visível desta cimeira. O que está em causa aqui estão outras duas razões: a China e África. Desde a cimeira do Cairo em 2001, o "Império do Meio" já teve uma mão cheia de encontros com África, e temos visto bem os dividendos que os chineses têm retirado do continente negro. Mas existe um problema: a China quando investe ganha muito mais do que aquilo que retribui - é a tecnologia, o dinheiro, a mão-de-obra inteiramente chineses que, quando acaba o trabalho regressa tudo a casa. Qual é o legado que a China deixa em África? O máximo são as estradas - que eu bem vim em Angola o ano passado - que passados meses está em más condições de circulação. A China retira petróleo, gás e outras matérias-primas. A China "impõe" a sua influência, dá dinheiro fácil para administrações corruptas, "impede" um verdadeiro crescimento e desenvolvimento sustentado de África.
A Europa pode e deve ser o oposto. Mas deve abandonar de vez os tiques colonialistas. Assim como África tem de erradicar a vitimização anti-colonial. Esta cimeira pode ser o inicio de uma nova oportunidade. Contudo seria preciso uma cimeira para isso? A diplomacia funciona tanto ou mais nos bastidores, mas aqui existirão diversas conversas intercalares. É é urgente mostrar a todos os intervenientes e ao mundo como a aposta em África pode ser uma conquista para um futuro melhor. A interdependência dos povos no mundo globalizado necessita de políticas e relações de cooperação eficazes por forma a combater a pobreza, a guerra e as alterações climáticas, por forma a melhorar a governação e o respeito pelos povos e os direitos humanos. São estas as áreas-chave que estão sobre a mesa. Durante demasiadas décadas se olhou para África como um continente perdido. Chegou a hora de mudar isso, pelas pessoas, pelo continente, pelo planeta. Os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio da ONU têm de ser aplicados.
E quanto às "persona non-grata"? A ausência do PM britânico tornar-se-á menos sentida que a presença do senil Mugabe. Durante semanas que se tenta evitar a ideia que seja, somente, uma cimeira UE-Mugabe. É necessário não empolar demasiado a sua presença, mas chamar à atenção de todos sobre as atrocidades que são cometidos em África todos os dias. De início o que parecia uma posição nobre e de força, parece-me agora uma atitude individual e com menos resultados práticos que o desejado.
De 53 países, apenas meia-dúzia se pode apresentar como verdadeiramente democrático ou livre. Segundo escrevem David Miliband e Doulgas Alexander do Foreign Office "o primeiro-minstro britânico não estará presente - devido à nossa preocupação com a tragédia que se está a desenvolver no Zimbabwe, que afecta pessoas de todas as raças e que acreditamos ser culpa de Robert Mugabe". Então e no Congo, no Sudão, nos Camarões, no Chade, na Etiópia, na Somália, onde a guerra, a miséria e o despotismo são tão ou mais graves que no Zimbabwe? Há meses que se tenta na ONU uma solução para o Darfur - há mais de quatro anos que milhares de pessoas sofrem e são mortas naquele território, no que há muito se considera um genocídio. Fez-se finca-pé à presença do presidente do Sudão em Lisboa?
Nos meandros diplomáticos há que falar com todos, mesmo com aqueles que possamos detestar. É a nossa força e superioridade ética e democrática contra a sobranceria e o despotismo. A conversar é que a gente se entende, não é? A UE perde aqui uma oportunidade de falar a uma só voz...
A nova relação com África deverá ser de parceria, estratégica e humanista. O humanitarismo não deve terminar, mas é uma visão que não deverá ser considerada como a única. É com cooperação aberta, laços fraternos, políticas de desenvolvimento e atitudes nobres que devemos construir uma África do futuro, com futuro, para o futuro. O continente africano é uma das maiores riquezas do planeta com os seus imensos recursos naturais, a extraordinária biodiversidade, e sua magnífica multiculturalidade. A nossa esperança enquanto verdadeiros cidadãos e civilização democrática e livre pode também residir em África.
- - - -
Comentário de Silvino Silva
Dizes bem quando olhas para África e, realmente, apontas que déspotas é coisa que lá não falta, até aí em absoluto acordo. Mas também se pode dizer que, desde o fim do colonialismo, é a interferência externa e em grande medida ao bajular da escumalha política do Ocidente que, em busca da delapidação sistemática dos recursos locais africanos, mantém elites ditatoriais no poder.
Prender o senhor Robert Mugabe do Zimbabwe, o senhor José Eduardo dos Santos de Angola, e levá-los para serem julgado no T.P.I. de Haia, com os restantes tiranos, é acima de tudo um dever moral da Europa e de todos os países, ocidentais ou não, que se auto-intitulem, como democráticos.
"Não é a falar que nos entendemos", chega de "falinhas mansas", mas antes é com acções concretas que demonstrem efectivamente que os valores que os governantes ocidentais dizem defender não passam de palavras vãs.
A juntar aos tiranos, africanos ou de outras origens, está na altura de começar a levantar a voz contra gente tão hipócrita como Durão Barroso e José Sócrates, entre outros governantes europeus, que vão sendo coniventes com situações anti-democráticas.
Deixem-me recordar o recente "namoro" Sócrates-Hugo Chavez, da Venezuela, o pseudo-democrata que limita cada vez mais a liberdade dos venezuelanos... Viva o petróleo, já que as pessoas não contam.
Deixem-me recordar também o célebre caso das O.G.M.A., em que o senhor Durão Barroso (então Ministro dos Negíocios Estrangeiros), achou bem que Portugal interferisse a favor dum dos lados da guerra civil angolana, aniquilando até hoje qualquer possibilidade de vir a haver verdadeiramente uma democracia naquele país, tão caro aos Portugueses.
A Angola do século XXI tem no seu presidente um dos homens mais ricos do mundo, no entanto o povo vive miseravelmente. Doenças que estavam praticamente erradicadas no tempo do colonialismo português (como a tuberculose e a doença do sono), já para não falar da malária que então tinha um quadro bastante mais favorável, constuituem hoje autênticas pandemias.
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Victor Barreiras
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Africa
2007-12-06
2007-12-03
2007-11-29
Strawberry Chocolate Oasis pie
"It could solve all the problems of the world, that pie," he declares, his normally surly face starting to crease beatifically. "It's downright expert, a thing of beauty — how each flavor opens itself one by one, like a chapter in a book. First the flavor of an exotic spice hits you, just the hint of it. And then you're flooded with chocolate, dark and bittersweet, like an old love affair. And finally strawberry, the way strawberry was always supposed to taste but never knew how."
in Waitress, Fox
in Waitress, Fox
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Victor Barreiras
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TV
2007-11-22
2007-11-12
2007-11-04
2007-11-03
2007-11-02
Darfur Now
A story of hope in the midst of one of humanity’s darkest hours - a call to action for people everywhere to end the catastrophe unfolding in Darfur, Sudan. In this documentary, the struggles and achievements of six different individuals from inside Darfur and around the world bring to light the tragedy in Sudan and show how the actions of one person can make a difference to millions.
Darfur Now: trailer e site
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Mia Farrow backs new appeal for Darfur
SKYnews | 02.12.2007
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Victor Barreiras
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Africa
2007-10-31
Classics of everyday design No 34: Lego
"Some 20 billion Lego bricks were made last year and the genius of the design is that each of them will connect with any piece sold in the last 45 years"
Jonathan Glancey, The Guardian's architecture critic.
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Victor Barreiras
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Design-industrial
2007-10-30
Turner: the greatest British artist ever
"After railing against the idea for a while, I've finally accepted it. JMW Turner is simply the greatest British artist of all time."
Jonathan Jones
2007-10-25
2 Modern Design Talks
O blog 2 Modern Design Talks tem uma impressionante quantidade e fantástica qualidade de informação.
Deliciosas peças de design e arquitectura estão aqui divulgados.
2007-10-22
Monocle
Monocle magazine
A fresh focus on global affairs, business, culture, design and all you need in life.
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Victor Barreiras
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Branding,
Design-Editorial
2007-10-20
2007-10-16
Design Can Change
As designers, we can choose to make
a great difference.
O nosso papel enquanto designers pode - e deve - ir mais além. Podemos contribuir para um mundo mais sustentável, um ambiente mais protegido e uma atitude mais humana.
Design Can Change é um movimento que apela à protecção do planeta, chama a atenção às consequências do uso de produtos e campanhas sem nexo nem respeitadoras do ambiente, e propõe soluções e actos de cidadania a favor da comunidade, das empresas e da Terra.
2007-10-01
2007-09-26
O logotipo da discórdia
Decidi - após a opinião do meu colega - pesquisar opiniões sobre o logotipo dos Jogos Olímpicos de Londres 2012 e coloco aqui o resultado dessa pesquisa e a minha análise.
No dia 4 de Junho foi apresentado o logotipo dos Jogos Olímpicos de 2012, que serão realizados em Londres e que gerou uma grande discussão na internet e entre profissionais e simpatizantes de marketing, artes, comunicação e design. A “polémica criação”, se assim a podemos classificar, envolveu a cifra de 600 mil euros, facto que já serviria para muitas especulações. A aposta numa imagem diferenciada e inovadora – até certo ponto – confirma que, ao fugir do roteiro tradicional de produzir um desenho dentro de padrões estéticos que são “bem aceites”, o impacto conquistado junto ao público e aos meios de comunicação foi instantâneo e enorme, com uma repercussão a altura do glamour do evento. A questão que deve ser analisada, é até onde vale a pena gerar toda esta polémica.
Acima, ao comparar o visual “aceitável” do logotipo de candidatura de Londres como sede para as Olimpíadas (à esquerda) com desenho “diferente” – para alguns estranho – do logotipo oficial (à direita), nota-se que as diferenças das propostas são gritantes. Essa característica, feita de maneira intencionalmente ou não, foi essencial para alcançar o “expressivo resultado” de discussão na opinião pública. Antes de quaisquer julgamentos – sejam a favor, sejam contra – quanto ao logotipo, é necessário verificar qual o objectivo da organização do evento. Se foi gerar notícias, independentemente do posicionamento, o resultado foi positivo. Agora, se em algum momento houve a intenção de conquistar apenas críticas positivas, de facto, essa meta não foi cumprida, uma vez que, se pesquisarmos na internet, encontramos várias – entenda-se muitas – opiniões desfavoráveis.
Foi toda esta miscelânea de opiniões que serviram de mote à criação da minha crítica de design. O que afinal entendemos como bom ou mau design gráfico? Como podemos apontar o dedo a esta criação e antever o seu sucesso ou insucesso? São as respostas a estas e outras questões que tentarei abordar e esclarecer.
Bastaram apenas três dias após o lançamento do novo logotipo para o "The Sun", um dos maiores tablóides de Inglaterra, olhar com descrédito para a criação. Não apenas isso, mas um grande furor motivou 30000 pessoas a assinar uma petição online solicitando a sua substituição e, logo após a emissão do seu spot de lançamento, houve quem relatasse situações de ataques epilépticos após o seu visionamento.
O Medo do Novo
Tudo o que é genuinamente original, normalmente é sempre bastante criticado e pouco aceite até à sua total assimilação. Isto acontece em arte, música e até em design gráfico. Aliás, é esse mesmo facto que os designers mais resistentes alegam: "Dêem uma oportunidade ao logotipo" - disse Lance Wyman que desenhou o logotipo dos Jogos Olímpicos do México em 1968 - "Tem uma forma reconhecível e poderá oferecer várias possibilidades criativas nas aplicações futuras para se manter fresco até 2012. Temos ainda 5 anos pela frente". Desenhado pela agência Wolf Olins, autora de muitos logotipos reconhecidos em Portugal, tal como a EDP e a PT, é talvez o seu trabalho mais polémico.
Se o objectivo principal do logotipo era ganhar reconhecimento e chamar atenção para o evento, então podemos dizer que estamos perante um verdadeiro sucesso. Basta mostrá-lo a alguém nas ruas de Inglaterra para reconhecerem-no imediatamente. Quanto logos poderão gabar-se do mesmo?
O Lado Bom
Apesar da primeira reacção ser de choque, há vários motivos para gostarmos do logotipo.
1. Não é chato: As cores vivas e design distintivo realmente chamam à atenção e é imediatamente reconhecível. Toda a gente fala dele. Os designers estão sempre a reivindicar mais status no meio social, pelo que é de admirar que tão poucos estejam a tomar partido de tão criativa obra.
2. É diferente: Ele evita as normas banais de construção de logotipos. Não tem traços a imitar a mão humana. 3. Não tem sombras. reflexos, gradientes, cores patrióticas, laços, fitas, símbolos de unidade, mapas ou globos.
4. É reproduzível: Apesar da palavra "London" parecer estranha quando representada numa página de internet, é bom ver um logotipo facilmente impresso, emitido e moldável (ao contrário do que aconteceu com o arco-íris de 9 cores impresso nos copos do McDonald's). E até é apelativo em preto e branco.
5. É flexível: Uma variedade de combinações de cores, formas e texturas estão disponíveis, colocando o logotipo ligeiramente diferente em cada peça, mas ao mesmo tempo consistente e uniforme. É preciso ter em mente que este logotipo é para ser usado, quase sempre, em conjunto com outros logotipos menos inspirados dos patrocinadores. Nesse aspecto, este logotipo quadrado certamente sobressairá.
6. É o básico para um sistema gráfico: O evento requer um complicado sistema de sinalética, identificação, decoração e arquitectura. Este logotipo e as suas cores, formas, tipografia e texturas são o perfeito ponto de partida para criar fantásticas soluções de sinalética, ícones, banners, bilhetes, uniformes e merchandising.
7. É intemporal: Sabe-se que todo o design é influenciado por outro design. Mas este design foi feito acima de qualquer influência, apesar de permanecer simples o suficiente para sobressair por ele próprio. Se o estilo for desenvolvido, indo ao encontro das reproduções a 4 cores e apresentações tridimensionais (3D), este logotipo pode permanecer ainda mais actualizado daqui a 5 anos.
8. É um logotipo inglês, sem dúvida: Quando analisamos o design inglês, dois nomes saltam à vista: Neville Brody e Peter Saville, dois designers de reputação comprovada. Apesar de não ter ligação directa com estes, o logotipo dos Jogos Olímpicos de 2012 é uma ovação aos trabalhos destes designers, aos movimentos de nova geração, ao punk, à cultura rave e a tudo o que nos possamos lembrar acerca do Reino Unido.
9. É simples: Quando ouvimos a célebre frase: "Até o meu filho podia ter desenhado aquilo!", pensamos "é um sucesso!". Vendo bem, alguns dos logotipos mais populares são bastante simples, como a estrela da Mercedes. De facto, até uma criança podia ter desenvolvido o logotipo, mas não o fez. Se o seu filho o tivesse feito, parabéns por ter educado um génio. Aconselha-se a enviar o currículo dele à agencia de comunicação mais próxima. Custou 600 mil euros mas pode ser considerada, provavelmente, uma pechincha, já que estamos a falar de um sistema de identidade muitíssimo completo e com uma complexidade de alto-rendimento dirigida a um evento de escala mundial desenhado por profissionais experientes. Qualquer um que avalie a importância do design, deve também saber dar a devida importância ao projecto global.
10. É um logotipo inesperado: Chicago, que está na corrida para os Jogos Olímpicos de 2016, surgiu com um logotipo temporário que é um exemplo decente de design. É atractivo, memorizável e é fácil gostar dele. É ainda um logotipo que absorve algum protagonismo na imprensa e internet. Mas aquelas "pinceladas" e gradientes não se reproduzem bem em todos os suportes. Além do mais, a sua estrutura vertical poderá complicar o seu uso e as torres "Sears", provavelmente, serão o terceiro edifício mais alto de Chicago em 2016. Mais que tudo o logotipo para os Jogos Olímpicos de 2012 transfere a imagem do evento para um novo patamar de abstracção e simplicidade. Talvez estaremos todos a ser um pouco invejosos.
Depois de dezenas de logotipos esquecidos dos anteriores Jogos Olímpicos e campeonatos mundiais de futebol (os logotipos dos campeonatos de 2006 e 2010 estão entre os piores exemplos), é bom ver algo diferente e pensado na sua validade a longo prazo. Certamente não é a criação mais perfeita e as suas mensagens de comunicação talvez sejam algo ridículas, mas assim que o conceito seja interiorizado e aplicado nas diferentes peças da identidade, com certeza tornar-se-á num ícone de orgulho para Londres e para os Jogos Olímpicos.
O Lado Menos Bom
As pessoas repudiam-no: É bom ser tema de conversa, mas não quando a conversa serve só para criticar negativamente. Este é um evento público, pago usando dinheiro público, não seria então lógico o preparar o público para aceitar o logotipo?
O seu design parece influenciado pelas últimas tendências da moda. O problema é que as últimas tendências da moda serão para o ano ultrapassadas e copiadas.
Como tal, o logotipo corre então o risco de ficar "gasto" rapidamente.
As pessoas não irão usá-lo: Estes eventos garantem alguns dos seus ganhos pela venda de material de merchandising, mas este material depende do logotipo que lhes será aplicado. Deve ser algo que as pessoas se orgulhem de mostrar, como o símbolo da Nike. Se o logotipo está a ter um impacto negativo na opinião pública, certamente resultará em más notícias para vendas.
O objectivo do logotipo está também a tentar ser abrangente demais. E isso nota- se pela descrição dada pela Wolf Olins e pelo comité dos Jogos Olímpicos: "Este novo emblema usará o espírito olímpico para inspirar todos e chegar aos mais novos. (...) Esta é uma marca-ícone que resume o que Londres 2012 é - inclusivo, aberto à recepção e diversificado". É esta falta de objectividade que poderá trazer por terra todo o conceito criado.
Este logotipo é um exemplo de design que resulta quando políticos e empresários tentam mostrar-se modernos e actuais, mas que no fim de tudo ficará relegado às classes sub-urbanas que fazem a sua jardinagem com um polo vestido. É uma tentativa frustrada de fazer design "de ponta".
Não é um logotipo bonito, é verdade. Para fazer um trabalho criativo, um designer deve, de início, tomar como base um bom conceito, mas no final do projecto o resultado deve ser sempre apelativo. O logotipo para Munique, não simbolizava a cidade anfitriã, nem nada referia quanto a desporto, mas era elegante e sublime, ao contrário do logotipo de Londres.
As empresas anotarão a enorme propaganda gratuita que este tema assume na imprensa. E irão querer aproveitá-la. Levará isto a uma onda de lançamento de ideias provocatórias e sistemas de identidade rejeitados, de maneira a conseguirem ficar na primeira página dos jornais? Servirá esta identidade, como ponto de viragem contra a actual admiração dos designers para com o modernismo suiço? Será este o momento em que a indústria do design se supera a si própria? Durante anos, empresas como a Wolf Olins, incutiram-nos a história do poder das marcas e que o seu "insight" único devem ser o centro de todas as operações. Será que agora querem dizer que isso tudo não interessa? A juntar a isso, temos o facto (ou teoria da conspiração) que o cliente impediu a Wolf Olins de falar e explicar o seu trabalho à imprensa de forma coesa, esclarecendo o que realmente foi feito e como o sistema de identidade funciona. Esperemos que este episódio sirva de lição a todos os clientes: deixem os designers falarem por si próprios ou a imprensa assume o pior.
Mas talvez, e no fim de tudo, o resultado do logotipo de Londres 2012 irá convencer as autoridades responsáveis pelos Jogos Olímpicos a terminar com um disparate de 40 anos. Já que têm um bom logotipo - os anéis - porque não usá-lo simplesmente como é, apenas alterando o nome da cidade anfitriã para cada evento? Com certeza que poupavam imenso dinheiro ou canalizavam-no para outras áreas onde tal investimento seria realmente útil.
CONCLUSÃO
Foi através de um e-mail que fiquei a conhecer o novo logotipo para os Jogos Olímpicos de 2012. A acompanhá-lo, vinham as opiniões de vários designers e pseudo-entendidos da área. “Horrível” - diziam uns, “Parece um logotipo retirado dos anos 80, aquando o lançamento da MTV!” - diziam outros.
De ínício a minha reacção foi acompanhar a tendência. Estranhei as formas, as cores (o cor de rosa nunca foi das minhas cores favoritas). Fiquei confuso. Queria pensar por mim próprio, mas a minha mente estava ocupada com as opiniões de outras pessoas. Visitei sites e blogs. Tudo estava em alvoroço com o assunto.
Consultei o site da petição online. Os comentários continuavam os mesmos: "Um total desastre", "A coisa mais horrível que vi na vida". Decidi fechar as páginas. Tanta crítica negativa assustou-me. Só passados vários dias, quase por coincidência, retomei ao assunto. Visitei o site oficial do evento. Vi o video promocional do evento (o tal dos ataques epiléticos). Foi a primeira vez que pude contemplar o logotipo e contactar com a imagem gráfica de maneira isolada durante uns bons minutos. Durante este período, sem as palavras "desastre" e "fiasco" na minha cabeça, algo começou a mover-me e passei a gostar do que via. À primeira vista, os números "2012" passaram-me despercebidos. Parecia uma visão do antigo mundo, antes dos continentes se moverem e se posicionarem onde estão hoje, passando depois para uma imagem mais destorcida e indefinida. Pareceu-me uma forma diferente cada vez que olhava para ele.
Comecei a pensar que era capaz de ser um bom logotipo. Poderia não ser tão grandioso como o logotipo do México em 1968, ou o de Moscovo em 1980, mas é bem melhor que o logotipo de Los Angeles em 1984, o de Seul em 1988, o de Barcelona em 1992, o de Atlanta em 1996 ou o de Sidney no ano 2000. Em suma, é o mais interessante logotipo dos Jogos Olímpicos em 30 anos!
O único pormenor que ainda me causa alguma confusão é o tipo de letra da palavra "london". Parece infantil demais. O "l", porque não está em maiúscula? Nada que me preocupe em demasia. Afinal, estamos a 5 anos do evento. E em 5 anos muito se pode corrigir e refinar para melhorar o logotipo.
É nesta altura que comecei a preocupar-me. Ao estar a ir contra a corrente, contra as dezenas (se não centenas) de opiniões de criativos e marketeers pelo mundo fora, estará a meu análise crítica a ficar deturpada? Estará o meu sentido estético a ficar fora de moda e a regredir?
Reflecti e concluí que o problema não estava no logotipo em si. O problema estava, afinal, na definição de logotipo. Durante anos de faculdade e de trabalho profissional, foi-nos incutido um conjunto de regras-base que um logotipo deve, obrigatoriamente, cumprir. Todos nós as conhecemos e, quase instintivamente, as aplicamos - "Memorizável", "Facilmente reconhecível", "De fácil aplicação", "Graficamente simples, mas complexamente desenvolvido", "Com formas apelativas", "Que tenha um significado e explicação fáceis". Contudo, são estas mesmas regras que, à primeira visita possam servir de precioso auxílio, dificultam a evolução do nosso trabalho como designer. É aqui que o logotipo para os Jogos Olímpicos assume a sua genialidade ao quebrar estas regras. E é esta mesma genialidade que o torna tão polémico. É um logotipo único e memorizável. O que a agência Wolf-Olins conseguiu fazer, foi criar uma linguagem visual que poderá ser aplicada a qualquer suporte sem tropeçar em repetições monótonas que, quer se goste ou não, é algo extremamente complicado de resolver. Talvez ainda não poderei dizer que é um logotipo que adoro, mas a maneira como é inteligentemente usado em conjunto com a sua própria linguagem, deixou-me realmente convencido.
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www.london2012.org
(website oficial)
www.gopetition.co.uk/online/12539.html
(website da petiação para mudação de logotipo)
www.wolffolins.com
(website da agência que criou o logotipo)
www.aldaver.com
(website com colecção de logotipos dos Jogos Olímpicos)
No dia 4 de Junho foi apresentado o logotipo dos Jogos Olímpicos de 2012, que serão realizados em Londres e que gerou uma grande discussão na internet e entre profissionais e simpatizantes de marketing, artes, comunicação e design. A “polémica criação”, se assim a podemos classificar, envolveu a cifra de 600 mil euros, facto que já serviria para muitas especulações. A aposta numa imagem diferenciada e inovadora – até certo ponto – confirma que, ao fugir do roteiro tradicional de produzir um desenho dentro de padrões estéticos que são “bem aceites”, o impacto conquistado junto ao público e aos meios de comunicação foi instantâneo e enorme, com uma repercussão a altura do glamour do evento. A questão que deve ser analisada, é até onde vale a pena gerar toda esta polémica.
Acima, ao comparar o visual “aceitável” do logotipo de candidatura de Londres como sede para as Olimpíadas (à esquerda) com desenho “diferente” – para alguns estranho – do logotipo oficial (à direita), nota-se que as diferenças das propostas são gritantes. Essa característica, feita de maneira intencionalmente ou não, foi essencial para alcançar o “expressivo resultado” de discussão na opinião pública. Antes de quaisquer julgamentos – sejam a favor, sejam contra – quanto ao logotipo, é necessário verificar qual o objectivo da organização do evento. Se foi gerar notícias, independentemente do posicionamento, o resultado foi positivo. Agora, se em algum momento houve a intenção de conquistar apenas críticas positivas, de facto, essa meta não foi cumprida, uma vez que, se pesquisarmos na internet, encontramos várias – entenda-se muitas – opiniões desfavoráveis.
Foi toda esta miscelânea de opiniões que serviram de mote à criação da minha crítica de design. O que afinal entendemos como bom ou mau design gráfico? Como podemos apontar o dedo a esta criação e antever o seu sucesso ou insucesso? São as respostas a estas e outras questões que tentarei abordar e esclarecer.
Bastaram apenas três dias após o lançamento do novo logotipo para o "The Sun", um dos maiores tablóides de Inglaterra, olhar com descrédito para a criação. Não apenas isso, mas um grande furor motivou 30000 pessoas a assinar uma petição online solicitando a sua substituição e, logo após a emissão do seu spot de lançamento, houve quem relatasse situações de ataques epilépticos após o seu visionamento.
O Medo do Novo
Tudo o que é genuinamente original, normalmente é sempre bastante criticado e pouco aceite até à sua total assimilação. Isto acontece em arte, música e até em design gráfico. Aliás, é esse mesmo facto que os designers mais resistentes alegam: "Dêem uma oportunidade ao logotipo" - disse Lance Wyman que desenhou o logotipo dos Jogos Olímpicos do México em 1968 - "Tem uma forma reconhecível e poderá oferecer várias possibilidades criativas nas aplicações futuras para se manter fresco até 2012. Temos ainda 5 anos pela frente". Desenhado pela agência Wolf Olins, autora de muitos logotipos reconhecidos em Portugal, tal como a EDP e a PT, é talvez o seu trabalho mais polémico.
Se o objectivo principal do logotipo era ganhar reconhecimento e chamar atenção para o evento, então podemos dizer que estamos perante um verdadeiro sucesso. Basta mostrá-lo a alguém nas ruas de Inglaterra para reconhecerem-no imediatamente. Quanto logos poderão gabar-se do mesmo?
O Lado Bom
Apesar da primeira reacção ser de choque, há vários motivos para gostarmos do logotipo.
1. Não é chato: As cores vivas e design distintivo realmente chamam à atenção e é imediatamente reconhecível. Toda a gente fala dele. Os designers estão sempre a reivindicar mais status no meio social, pelo que é de admirar que tão poucos estejam a tomar partido de tão criativa obra.
2. É diferente: Ele evita as normas banais de construção de logotipos. Não tem traços a imitar a mão humana. 3. Não tem sombras. reflexos, gradientes, cores patrióticas, laços, fitas, símbolos de unidade, mapas ou globos.
4. É reproduzível: Apesar da palavra "London" parecer estranha quando representada numa página de internet, é bom ver um logotipo facilmente impresso, emitido e moldável (ao contrário do que aconteceu com o arco-íris de 9 cores impresso nos copos do McDonald's). E até é apelativo em preto e branco.
5. É flexível: Uma variedade de combinações de cores, formas e texturas estão disponíveis, colocando o logotipo ligeiramente diferente em cada peça, mas ao mesmo tempo consistente e uniforme. É preciso ter em mente que este logotipo é para ser usado, quase sempre, em conjunto com outros logotipos menos inspirados dos patrocinadores. Nesse aspecto, este logotipo quadrado certamente sobressairá.
6. É o básico para um sistema gráfico: O evento requer um complicado sistema de sinalética, identificação, decoração e arquitectura. Este logotipo e as suas cores, formas, tipografia e texturas são o perfeito ponto de partida para criar fantásticas soluções de sinalética, ícones, banners, bilhetes, uniformes e merchandising.
7. É intemporal: Sabe-se que todo o design é influenciado por outro design. Mas este design foi feito acima de qualquer influência, apesar de permanecer simples o suficiente para sobressair por ele próprio. Se o estilo for desenvolvido, indo ao encontro das reproduções a 4 cores e apresentações tridimensionais (3D), este logotipo pode permanecer ainda mais actualizado daqui a 5 anos.
8. É um logotipo inglês, sem dúvida: Quando analisamos o design inglês, dois nomes saltam à vista: Neville Brody e Peter Saville, dois designers de reputação comprovada. Apesar de não ter ligação directa com estes, o logotipo dos Jogos Olímpicos de 2012 é uma ovação aos trabalhos destes designers, aos movimentos de nova geração, ao punk, à cultura rave e a tudo o que nos possamos lembrar acerca do Reino Unido.
9. É simples: Quando ouvimos a célebre frase: "Até o meu filho podia ter desenhado aquilo!", pensamos "é um sucesso!". Vendo bem, alguns dos logotipos mais populares são bastante simples, como a estrela da Mercedes. De facto, até uma criança podia ter desenvolvido o logotipo, mas não o fez. Se o seu filho o tivesse feito, parabéns por ter educado um génio. Aconselha-se a enviar o currículo dele à agencia de comunicação mais próxima. Custou 600 mil euros mas pode ser considerada, provavelmente, uma pechincha, já que estamos a falar de um sistema de identidade muitíssimo completo e com uma complexidade de alto-rendimento dirigida a um evento de escala mundial desenhado por profissionais experientes. Qualquer um que avalie a importância do design, deve também saber dar a devida importância ao projecto global.
10. É um logotipo inesperado: Chicago, que está na corrida para os Jogos Olímpicos de 2016, surgiu com um logotipo temporário que é um exemplo decente de design. É atractivo, memorizável e é fácil gostar dele. É ainda um logotipo que absorve algum protagonismo na imprensa e internet. Mas aquelas "pinceladas" e gradientes não se reproduzem bem em todos os suportes. Além do mais, a sua estrutura vertical poderá complicar o seu uso e as torres "Sears", provavelmente, serão o terceiro edifício mais alto de Chicago em 2016. Mais que tudo o logotipo para os Jogos Olímpicos de 2012 transfere a imagem do evento para um novo patamar de abstracção e simplicidade. Talvez estaremos todos a ser um pouco invejosos.
Depois de dezenas de logotipos esquecidos dos anteriores Jogos Olímpicos e campeonatos mundiais de futebol (os logotipos dos campeonatos de 2006 e 2010 estão entre os piores exemplos), é bom ver algo diferente e pensado na sua validade a longo prazo. Certamente não é a criação mais perfeita e as suas mensagens de comunicação talvez sejam algo ridículas, mas assim que o conceito seja interiorizado e aplicado nas diferentes peças da identidade, com certeza tornar-se-á num ícone de orgulho para Londres e para os Jogos Olímpicos.
O Lado Menos Bom
As pessoas repudiam-no: É bom ser tema de conversa, mas não quando a conversa serve só para criticar negativamente. Este é um evento público, pago usando dinheiro público, não seria então lógico o preparar o público para aceitar o logotipo?
O seu design parece influenciado pelas últimas tendências da moda. O problema é que as últimas tendências da moda serão para o ano ultrapassadas e copiadas.
Como tal, o logotipo corre então o risco de ficar "gasto" rapidamente.
As pessoas não irão usá-lo: Estes eventos garantem alguns dos seus ganhos pela venda de material de merchandising, mas este material depende do logotipo que lhes será aplicado. Deve ser algo que as pessoas se orgulhem de mostrar, como o símbolo da Nike. Se o logotipo está a ter um impacto negativo na opinião pública, certamente resultará em más notícias para vendas.
O objectivo do logotipo está também a tentar ser abrangente demais. E isso nota- se pela descrição dada pela Wolf Olins e pelo comité dos Jogos Olímpicos: "Este novo emblema usará o espírito olímpico para inspirar todos e chegar aos mais novos. (...) Esta é uma marca-ícone que resume o que Londres 2012 é - inclusivo, aberto à recepção e diversificado". É esta falta de objectividade que poderá trazer por terra todo o conceito criado.
Este logotipo é um exemplo de design que resulta quando políticos e empresários tentam mostrar-se modernos e actuais, mas que no fim de tudo ficará relegado às classes sub-urbanas que fazem a sua jardinagem com um polo vestido. É uma tentativa frustrada de fazer design "de ponta".
Não é um logotipo bonito, é verdade. Para fazer um trabalho criativo, um designer deve, de início, tomar como base um bom conceito, mas no final do projecto o resultado deve ser sempre apelativo. O logotipo para Munique, não simbolizava a cidade anfitriã, nem nada referia quanto a desporto, mas era elegante e sublime, ao contrário do logotipo de Londres.
As empresas anotarão a enorme propaganda gratuita que este tema assume na imprensa. E irão querer aproveitá-la. Levará isto a uma onda de lançamento de ideias provocatórias e sistemas de identidade rejeitados, de maneira a conseguirem ficar na primeira página dos jornais? Servirá esta identidade, como ponto de viragem contra a actual admiração dos designers para com o modernismo suiço? Será este o momento em que a indústria do design se supera a si própria? Durante anos, empresas como a Wolf Olins, incutiram-nos a história do poder das marcas e que o seu "insight" único devem ser o centro de todas as operações. Será que agora querem dizer que isso tudo não interessa? A juntar a isso, temos o facto (ou teoria da conspiração) que o cliente impediu a Wolf Olins de falar e explicar o seu trabalho à imprensa de forma coesa, esclarecendo o que realmente foi feito e como o sistema de identidade funciona. Esperemos que este episódio sirva de lição a todos os clientes: deixem os designers falarem por si próprios ou a imprensa assume o pior.
Mas talvez, e no fim de tudo, o resultado do logotipo de Londres 2012 irá convencer as autoridades responsáveis pelos Jogos Olímpicos a terminar com um disparate de 40 anos. Já que têm um bom logotipo - os anéis - porque não usá-lo simplesmente como é, apenas alterando o nome da cidade anfitriã para cada evento? Com certeza que poupavam imenso dinheiro ou canalizavam-no para outras áreas onde tal investimento seria realmente útil.
CONCLUSÃO
Foi através de um e-mail que fiquei a conhecer o novo logotipo para os Jogos Olímpicos de 2012. A acompanhá-lo, vinham as opiniões de vários designers e pseudo-entendidos da área. “Horrível” - diziam uns, “Parece um logotipo retirado dos anos 80, aquando o lançamento da MTV!” - diziam outros.
De ínício a minha reacção foi acompanhar a tendência. Estranhei as formas, as cores (o cor de rosa nunca foi das minhas cores favoritas). Fiquei confuso. Queria pensar por mim próprio, mas a minha mente estava ocupada com as opiniões de outras pessoas. Visitei sites e blogs. Tudo estava em alvoroço com o assunto.
Consultei o site da petição online. Os comentários continuavam os mesmos: "Um total desastre", "A coisa mais horrível que vi na vida". Decidi fechar as páginas. Tanta crítica negativa assustou-me. Só passados vários dias, quase por coincidência, retomei ao assunto. Visitei o site oficial do evento. Vi o video promocional do evento (o tal dos ataques epiléticos). Foi a primeira vez que pude contemplar o logotipo e contactar com a imagem gráfica de maneira isolada durante uns bons minutos. Durante este período, sem as palavras "desastre" e "fiasco" na minha cabeça, algo começou a mover-me e passei a gostar do que via. À primeira vista, os números "2012" passaram-me despercebidos. Parecia uma visão do antigo mundo, antes dos continentes se moverem e se posicionarem onde estão hoje, passando depois para uma imagem mais destorcida e indefinida. Pareceu-me uma forma diferente cada vez que olhava para ele.
Comecei a pensar que era capaz de ser um bom logotipo. Poderia não ser tão grandioso como o logotipo do México em 1968, ou o de Moscovo em 1980, mas é bem melhor que o logotipo de Los Angeles em 1984, o de Seul em 1988, o de Barcelona em 1992, o de Atlanta em 1996 ou o de Sidney no ano 2000. Em suma, é o mais interessante logotipo dos Jogos Olímpicos em 30 anos!
O único pormenor que ainda me causa alguma confusão é o tipo de letra da palavra "london". Parece infantil demais. O "l", porque não está em maiúscula? Nada que me preocupe em demasia. Afinal, estamos a 5 anos do evento. E em 5 anos muito se pode corrigir e refinar para melhorar o logotipo.
É nesta altura que comecei a preocupar-me. Ao estar a ir contra a corrente, contra as dezenas (se não centenas) de opiniões de criativos e marketeers pelo mundo fora, estará a meu análise crítica a ficar deturpada? Estará o meu sentido estético a ficar fora de moda e a regredir?
Reflecti e concluí que o problema não estava no logotipo em si. O problema estava, afinal, na definição de logotipo. Durante anos de faculdade e de trabalho profissional, foi-nos incutido um conjunto de regras-base que um logotipo deve, obrigatoriamente, cumprir. Todos nós as conhecemos e, quase instintivamente, as aplicamos - "Memorizável", "Facilmente reconhecível", "De fácil aplicação", "Graficamente simples, mas complexamente desenvolvido", "Com formas apelativas", "Que tenha um significado e explicação fáceis". Contudo, são estas mesmas regras que, à primeira visita possam servir de precioso auxílio, dificultam a evolução do nosso trabalho como designer. É aqui que o logotipo para os Jogos Olímpicos assume a sua genialidade ao quebrar estas regras. E é esta mesma genialidade que o torna tão polémico. É um logotipo único e memorizável. O que a agência Wolf-Olins conseguiu fazer, foi criar uma linguagem visual que poderá ser aplicada a qualquer suporte sem tropeçar em repetições monótonas que, quer se goste ou não, é algo extremamente complicado de resolver. Talvez ainda não poderei dizer que é um logotipo que adoro, mas a maneira como é inteligentemente usado em conjunto com a sua própria linguagem, deixou-me realmente convencido.
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www.london2012.org
(website oficial)
www.gopetition.co.uk/online/12539.html
(website da petiação para mudação de logotipo)
www.wolffolins.com
(website da agência que criou o logotipo)
www.aldaver.com
(website com colecção de logotipos dos Jogos Olímpicos)
2007-09-25
a pureza da luta
Milhares de monges budistas pacificamente se manifestam pela democracia na Birmânia.
"No injustice can last for ever", says Gordon Brown
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Victor Barreiras
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Globo
2007-09-24
Realpolitk para as urtigas
China's Neurotic Petulance over Tibet
German Chancellor Angela Merkel shakes hands with the Dalai Lama after private talks at the Chancellery.
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Victor Barreiras
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Globo
2007-09-18
Rebranding Israel the sexy way?
Sexing up a violent region
http://news.sky.com/skynews/video/videoplayer/0,,31200-1284371,.html
no YouTube
http://www.youtube.com/watch?v=svgyvyHpdkc&NR=1
http://www.youtube.com/watch?v=t6MCn8wPR1I&mode=related&search=
http://www.youtube.com/watch?v=pNk8kgdtRGE&mode=related&search=
+
A Brand Image Challenge for Israel
http://www.americanchronicle.com/articles/viewArticle.asp?articleID=20866
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Victor Barreiras
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Branding
2007-09-16
Realpolitik, por razões óbvias
Pela segunda vez o Dalai Lama veio a Portugal. E ainda não foi desta que foi recebido pelo Governo português, nem tão pouco a Presidência da República "inventou" um encontro como Jorge Sampaio havia feito em 2001. Para além de uma falta de respeito e indelicadeza pessoais, é um profundo desprezo político e humanitário. Como muito bem disse Ana Gomes, não se sabe que alguém tenha sido comido por Pequim, mas o que é certo - ou melhor, "por razões óbvias" - Portugal tem medo que isso lhe aconteça. A sua posição de fragilidade face à pressão da China apenas reforça a real insignificância que Portugal tem no panorama das relações internacionais. Pelo menos a este nível. O medo de afrontar para não prejudicar o "investidor" chinês é sintomático da hipocrisia e baixo nível intelectual desta diplomacia. O facto de sermos uma nação com uma relação longa e única com a China, ao fim e ao cabo, não trouxe vantagem alguma. Durante décadas se dizia que Macau era a porta de entrada de Portugal no Oriente, mas a China nunca foi muito nessa conversa não se interessando por fazer o percurso inverso quando tinha a todo-poderosa Hong Kong mesmo ali ao lado. Assim como se continua a clamar que as ex-colónias são portas de entrada em África. Falso. A pequenez lusa cai sob o poderio chinês - e de outros - que tem se estendido por quase todo o continente sem precisar deste ou daquele para lá entrar. A China entra para obter poder, "por razões óbvias".
Portugal diplomaticamente rege-se por estranhas e contraditórias atitudes, onde apenas Timor foi a causa justa. Aliás, de causas justas está o mundo cheio, mas são atitudes justas que escasseiam. De forma a romper isto está o governo de Gordon Brown a opôr-se a Mugabe. A cimeira UE-África, a realizar-se Dezembro em Lisboa poderá ficar marcada negativamente pela vinda do ditador do Zimbabwe e a ausência do PM britânico. Mas de ditadores continua África a ter demais, e eles virão cá também. Contudo, uma posição de força está o Reino Unido a tomar contra actualmente o pior déspota africano, que continua no poder defendido, por exemplo, por Angola - que muitos se esquecem, ou fazem por isso, de que se trata de um Estado autocrático. Com a mesma mão que recusou apertar a do Dalai Lama, apertará o Governo português a de Mugabe, José Eduardo dos Santos, entre outros. Os valores humanistas e humanitários continuam somente nas conversas coloquiais de conferências mediáticas. A hipocrisia e a falta de atitudes correctas continuam a dominar as agendas.
Portugal diplomaticamente rege-se por estranhas e contraditórias atitudes, onde apenas Timor foi a causa justa. Aliás, de causas justas está o mundo cheio, mas são atitudes justas que escasseiam. De forma a romper isto está o governo de Gordon Brown a opôr-se a Mugabe. A cimeira UE-África, a realizar-se Dezembro em Lisboa poderá ficar marcada negativamente pela vinda do ditador do Zimbabwe e a ausência do PM britânico. Mas de ditadores continua África a ter demais, e eles virão cá também. Contudo, uma posição de força está o Reino Unido a tomar contra actualmente o pior déspota africano, que continua no poder defendido, por exemplo, por Angola - que muitos se esquecem, ou fazem por isso, de que se trata de um Estado autocrático. Com a mesma mão que recusou apertar a do Dalai Lama, apertará o Governo português a de Mugabe, José Eduardo dos Santos, entre outros. Os valores humanistas e humanitários continuam somente nas conversas coloquiais de conferências mediáticas. A hipocrisia e a falta de atitudes correctas continuam a dominar as agendas.
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Victor Barreiras
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2007-08-30
O poder da influência
Temos sobre os nossos filhos diversas responsabilidades e deveres, sendo uma delas essencial, fazer deles seres humanos. Cabe a nós pais definir e conduzir a sua educação segundo regras e formas de conduta que consideramos as mais correctas - sendo estas tão ambíguas como variadas de família para família - mas existem ideais comuns a todos: a honestidade, a argúcia, o respeito, a tolerância. Possuímos sobre eles um poder imenso para moldá-los à nossa semelhança, ao que gostaríamos que fôssemos, ao que desejamos que sejam, às leis universais democráticos e humanistas, aos cânones da nossa sociedade e civilização. Tudo isto é a base para o futuro das crianças, seja agora, seja quando adultas.
Também na Palestina isso é claramente visível. Mas é por demais conhecido o ódio palestiniano ao ocupante israelita, conflito demasiado longo e demasiado complexo, mas igualmente demasiado importante para o Médio Oriente e o resto do mundo. E este ódio vive todos os dias, faz parte da existência de muita gente na dura realidade do que é um povo aprisionado na sua própria terra, subjugado diariamente à humilhação, à pobreza, à miséria, ao não-futuro, à morte. Mas a luta pela liberdade não pode socorrer-se de determinados meios. Enraizada entre todos, a política olho-por-olho, dente-por-dente, nunca foi, nem nunca será o caminho. Durante cinquenta anos gerações de palestinianos sobrevivem à custa de algo inacreditavelmente poderoso, e intrinsecamente humano: o ódio. Sucessivas gerações têm-se alimentado desse ódio como arma vital contra o inimigo, apenas para prolongar o sofrimento de todos e inviabilizar soluções justas e libertárias.
A meio do primeiro semestre deste ano, a TV do movimento Hamas (o governo da Autoridade Palestiniana até Julho, agora confinado a Gaza) iniciou um programa destinado às crianças, no mínimo suis generis. Nele surgia um rato em muito semelhante a Mickey Mouse (a estratégia da sedução), de seu nome Farfour. Este, em conjunto com a jovem apresentadora apelava à Jihad anti-sionista e a supremacia islâmica (a estratégia da mensagem) em linguagem tão conhecida como incrivelmente inocente na voz destes interlocutores. Do mesmo modo como quem ensina uma criança a contar. Crianças telefonavam tecendo palavras violentas que ouvimos de tantos adultos (a estratégia da fraternização). Entretanto, numa maior dramatização, a par dos intensos conflitos pró-guerra civil entre facções do Hamas e do Fatah, o querido Farfour foi capturado pelos serviços secretos israelitas, interrogado e sumariamente executado (a estratégia do inimigo). Tudo isto encenado. "Devemos dar graças ao nosso mártir Farfour, que sucumbiu sob o nosso inimigo sionista" informava a menina (a estratégia da vitimização).
Nascem e crescem milhares de crianças entre os escombros de uma sociedade votada ao ódio e à vingança. Como poderão eles fazer do seu futuro um horizonte de liberdade? Haverá hipótese de alcançar a paz num ambiente que, por sua culpa e do ocupante hebraico, apenas conhece a violência e a prisão? Crescerão como adolescentes que atiram pedras nas ruas contra os soldados, e tornar-se-ão militantes armados ou suicidas mártires. O ciclo repetir-se-á e a esperança de mudança nunca se poderá erguer. É o radicalismo em todas as suas variantes que determina o futuro destas crianças. A influência dos adultos sobre as novas gerações fá-los acreditar que apenas a luta armada é o caminho, o ódio uma arma poderosa, a morte a salvação. Não é isto que devemos ensinar às crianças, por mais justa que seja a luta do povo da Palestina.
- - -
Aqsa TV
16 Abril: http://www.youtube.com/watch?v=jB4bKLnXPIQ
30 Abril: http://www.youtube.com/watch?v=2zSR2QnJ0Z4
CNN: Teaching kids to hate
http://www.youtube.com/watch?v=IbOHZp3Ru_4
Islamic militant group takes the Mickey
The Islamic militant group Hamas enlisted a familiar-looking rodent to spread its message of armed resistance. This giant mouse, now pulled from screens, had been preaching in a high-pitched squeak to kids on a popular TV show about fighting Israel.
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Victor Barreiras
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Terror
2007-08-27
2007-08-03
2007-08-02
Diálogos
Diálogo sobre uma proposta de identidade, trabalhado sobre um conceito promissor e muito interessante, mas após a apresentação teve de ser adaptada aos gostos do cliente.
Como assimilar o que nos é pedido? Até onde a interferência? Como aceitar alterações opostas ao apresentado? Como é possível compreensões conceptuais tão diversas?
V: Não consigo entender a falta de cultura visual de algumas pessoas. Em nada, mas nada está o que eu associo ao tema. Posso até admitir que as nossas primeiras propostas não fossem bem aquilo que o cliente afinal queria. Mas... desta forma?
F: Talvez tenhas razão, mas de uma série de ideias que fiz, o cliente rejeitou-as.
E no fundo caímos sempre no mesmo: Ou fazemos como o cliente quer e paga. Ou não fazemos o trabalho.
Infelizmente não me é possível ser selectivo em relação aos projectos.
V: Afinal, quem pode?
F: O mentor do projecto até só contou comigo para o design, por ter sido recomendado pela cliente.
V: Tenho pena, pois é um trabalho com imensa visibilidade. É bom dinheiro ao menos?
F: Infelizmente é um pouco sempre assim. Talvez é falta de tanga de vendedor para abrir os olhos aos clientes, o que leva a um gajo a "adaptar" a criação para poder vender o trabalho.
V: O dinheiro sabe bem, mas nestas circunstâncias parece que nos vendemos de forma suja. Trabalho é trabalho, e há que ser remunerado por isso. Mas o empenho poucas vezes é retribuido.
F: Trabalhar para o cliente ou para os clientes do cliente? Deviam ser duas situações uniformes. Infelizmente há muitos casos em que as diferenças são enormes.
V: Refiro-me ao empenho em trabalhar, sabendo que nos esforçamos para encontrar a solução certa.
F: O problema está na definição de "solução certa".
V: Ambíguo sempre mas, como falámos antes, bem apresentado/vendido sobrepõe-se à do cliente.
F: Solução certa para o criativo: a mais de acordo com o conceito e valores? A mais apelativa? A solução certa para o cliente/empresa é a solução económica?
V: Mas ambos são conciliáveis. O problema existe quando a mente não é suficientemente aberta ou compreensiva.
F: É a discussão entre o jogador de futebol e o dirigente desportivo. O jogador é o que está no campo e conhece as dificuldades, os adversários. O dirigente tem em mente a sustentabilidade do negócio-futebol.
V: E as tricas...
F: Podem estar no mesmo "campo", mas dificilmente falam a mesma linguagem.
V: No fundo é disso que se trata sempre: comunicação.
F: Sim, entre o criativo e o cliente. Acredito também que comunicação do projecto possa ser favorecida com uma estrutura gráfica apelativa. É isso que vou tentar fazer. Cada vez mais tento não dar importância em demasia aos logotipos. O grafismo, os textos e conceito, tudo deve estar bem coordenado ou de nada vale um bom logotipo. Aliás, os grafismos e as peças onde o logotipo está inserido devem comunicar por si só, tal como se o logotipo não existisse.
Por exemplo. Se vir só o logotipo da "Virgin" num fundo branco, acho-o super desactualizado. Agora, quando o vejo aplicado num site ou outra peça, já me agrada. Agrada-me a imagem que vejo, as cores, o tipo de letra, etc. Ou seja, admiro todo o conjunto e nunca um pormenor específico da peça, como o logotipo.
Ou seja, quando crio tento guardar parte dos cartuchos para os projectos pós-logotipo. Assim, o trabalho vai-se renovando, o cliente vai ficando mais espantado com os resultados obtidos ao longo do tempo. E, claro, motivo-me mais.
V: O logotipo por si, para além de difícil, nunca poderá definir toda a comunicação. Obviamente que a comunicação em si é dada pelas diversas peças delineadas. O conjunto definirá o conceito de forma mais ampla e original. Agora para vender um projecto, a apresentação do conceito deverá ser clara, apelativa, cativante. Mostrando todas as peças ou não de inicio caberá ao briefing, ou à relação com o cliente. A comunicação visual e oral são sempre elementos primordiais. Entregar uma proposta sem apresentação oral pode ser um ponto a desfavor do trabalho. Mas isso pode ser colmatado com um breve apresentação em flash.
F: Flash, talvez resultaria. Mas torna-se trabalhoso e dispendioso.
Mas acontece que há quem diga sempre: "Entendo perfeitamente o que queres dizer. Mas estava a pensar noutra coisa..."
V: Mas quando o cliente diz isso é porque:
1 - não sabe o que quer, afirmando-o
2 - não disse tudo o que queria dizer
3 - não se entendeu o que o cliente pediu
F: Concordo.
V: Imagina que é um concurso, ou é primeiro mostrado a uma pessoa dentro da empresa e não o "chefe", dificilmente reproduzirá o que lhe dissémos. Vantagens: apresentação clara, apelativa, cativante, sempre. Em qualquer altura.
Mas isto desta forma, claro que dependerá do tipo e forma de contacto com o cliente. Tal como na medicina, cada caso é um caso
F: Mas ao contrario da medicina, todos se julgam criativos, até o próprio cliente.
V: Verdade infelizmente.
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Victor Barreiras
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Design
2007-07-31
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