2010-04-30

Dias de Abril

Durante 48 anos Portugal foi sobrevivendo dogmatizado na Ditadura. Uma madrugada de Abril desbloqueou o país para implentar uma visão disruptiva e no regresso "ao fórum das nações livres e amantes da paz" tomando como deslumbrante lema "Democratizar, Descolonizar, Desenvolver". Entrou depois num processo que quase provocou o descalabro, mas os desafios que enfrentou permitiram devolver esperança e dinamismo para um futuro decente.
De muitas denominações iniciadas por D se pode caracterizar Portugal.

Ao longo de 36 anos vimos crescer um país novo, assumindo-se moderno e europeu, com capacidades e competitividades diversas. Mas pouco a pouco descobrimos (o que quisémos esconder) um país que se sustentou no engano da sua real dimensão, na demagogia da sua doutrina, no desencontro do seu desígnio. Sem um qualquer deus Atlas para suportar o peso da desigualdade sócio-económica e o volume da sua desarticulação territorial desde a Revolução Industrial (estações ferroviárias fora dos centros das cidades como exemplo maior), Portugal é tão claramente um país desestruturado e desequilibrado não muito diferente do retratado por Eça, Bordalo ou Antero - que mais de cem anos depois até arrepia.
Portugal sofre cíclicos episódios de demência e depressão.
Portugal é bipolar.

O descrédito político que não cessa. Dou como exemplo a condição da deputada Inês de Medeiros. Será ética e moralmente justo que cada deputado tenha direito a outras remunerações quando já auferem um salário de €3815,17, constituído a partir de dinheiro de todos os contribuintes? Se nivelássemos todos os salários por este princípio onde iriam as empresas encontrar dinheiro extra tendo em conta as condições reais do mercado?
A delirante decisão no caso Domingos Névoa - Sá Fernandes, que delapida o pouco que restava da confiança na justiça ao limpar o corruptor e criminalizar o corrumpido.
O desastre diário que se tornaram as contas públicas e o perturbante drama que descodifica na essência o desacerto de um sistema global que ameaça despedaçar mais vidas e países à (má) fé de depreciativas e desprezíveis movimentações que nos escapam ao entendimento e controlo.
E agora a decisão de prosseguir com o TGV e o novo aeroporto mesmo nesta fase revela a manutenção de um caminho irresponsável por parte de um Governo errado e erróneo, com dificuldade em discernir soluções alteradoras para um país à beira de um ataque de nervos colectivo que poderá (e talvez deveria) suceder para forçar à mudança para acções concretas e decisivas.

Delegamos em pessoas (supostamente) habilitadas o ofício de gerir bens e Estados, e o que vemos são desbundas crescentes de políticas de casino e interesses individuais de curto prazo com tal distorção da verdade e justeza que assusta. O cidadão comum que honra o seu trabalho e o seu esforço, que se sacrifica, não consegue entender toda esta confusão e não encontra razões para sofrer por decisões infundadas, mal calculadas, interesseiras, narcísicas, diletantes e dolosas.
Não entendo nada de contas. Mas eu não contribuí para esta situação. Tenho um só crédito (habitação), temos o mínimo de gastos extraordinários; suportamos despesas para equilibrar doença crónica; eu muito gostaria de ter um iPhone, eu bem necessitaria ter um computador novo. Mas sei demasiadas vezes como é o salário definhar antes do meio do mês. O risco é diário e dificuldades destas muitos portugueses enfrentam.

A gravidade da actual situação é desconcertante e muitos só agora estão a sair da fase de negação. Mas igualmente mau são aqueles que na fase de aceitação se conformam e não avançam para a etapa seguinte. Pior entre estes são os muitos que se vêem impedidos de sair, sem meios. Sobrevivem um mês de cada vez, uma semana de cada vez, um dia de cada vez. A questão é que não chegámos ainda à fase determinante, ou seja, enfrentar, agir, reagir. Resta-nos esperar que a Lei de Murphy não se aplique e nos mergulhe de novo na incredulidade e desespero.

Estes dias de Abril trouxeram definitivamente novos "D" - são o desnorte, a descrença, a dívida, o desemprego, a desilusão. Enquanto não se definir um novo rumo, construir novos paradigmas, permaneceremos aprisionados a uma diálise inútil sem qualquer vislumbre de melhorar.
Assaltam-nos dúvidas quanto ao presente e ao futuro, quanto à decência que escasseia, quanto ao desmaio dos ideais que deveriam reger o mundo.
Vivemos um momento invulgar, atravessamos um periodo de crise gritante, não só económica e social, mas acima de tudo de crenças e valores. O caminho que todo o planeta toma de seguida ditará a sua transformação, seja ela qual for.
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2010-04-29

USA Today for iPad

2010-04-25

Popular Science for iPad

2010-04-24

book covers








Adoro livros. Adoro design de capas.
A colecção do Público "Livros que Mudaram o Mundo" tem contudo más capas. Assim, fiz algumas capas do que considero mais adequado (e atraente) ao título de cada livro. E com uma estrutura de colecção entre o clássico e o moderno, recorrendo à fonte Helvética, a formas e imagens, defini cores para cada temática: cyan-Ciências, púrpura-Política, verde-Religião, laranja-Ficção, vermelho-Social.
Uma vez impressas cada livro tem em minha casa uma sobrecapa que valoriza muito mais os conteudos.
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I love books. I love book cover designs.
The collection from Público newspaper "Books that Changed the World" that I've been buying has, however, bad covers. So, I made some new ones more accurate and appealing. And with a structure between classic and modern, supported on Helvetica, shapes and images, I defined colours to each subject: cyan for Science, purple for Politics, green for Religion, orange for Fiction and red for Social issues.
Once printed each book I own on my bookshelf gains an over-cover with much more personality and value.




2010-04-23

Saint George's Day



Every year this discussion comes around. What is England? What is englishness and how do english perceive their country? How does History and Modernity join to build a nation?
It's the eternal question of "who am I, where do I come from, where do I go".
What are the definitions of ourselves when it comes to the place where you were born? Do we feel some kind of energy that keeps us attached no matter what? Should the sense of belonging to a land be more symbolic or more patriotic? How close must one feel to a place?

Today is the day of Saint George. And the death of William Shakespeare.
And therefore, the Day of England.

Sharing the name with this religious-mythological-symbolic character has always brought me closer to a land that has left in me a strange feeling of presence despite being distant. I try to keep my link everyday, knowing that this orphan sense of relationship is built on the need that everyone has to know where they come from. There must be some kind of completion that helps to shape a character, a personality, ingredients that mould inner beliefs, a stronghold ground of truth that brings meaning for existance.
England gave me my background values with its sense of fair play, the eagerness to know, the grandeur of History and Culture, the difference of being, the audacity of humour. And these I will always cherish in my heart and mind.
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2010-04-21

Brasília 50





Brasília 50 anos
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Finland pavilion Shanghai 2010

Finland pavilion Kirnu designed by JKMM Architects for Shanghai Expo 2010.

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2010-04-20

O princípio da infelicidade

"A infelicidade tem a sua melhor definição na diferença
entre as nossas capacidades e as nossas expectativas"
Edward Bono

A minha postura de paixão nunca foi em momento algum de ferrenhice, histeria, intolerância, omnipresença. De tal modo que muitos julgam até que não aprecio futebol. Muito pelo contrário. O futebol foi desde pequeno uma oportunidade ímpar para o espírito de equipa, o partilhar de alegrias, o entusiamo do jogo bonito, a regra do fair play. E é por aí que desde os primeiros tempos de adepto do Liverpool vencedor da década de 70, passando pelo Mundial de 82 em Espanha, e todos os campeonatos da UEFA e FIFA seguintes, a adesão às cores sportinguistas, a empatia pelo Boavista e pelo Braga, a redescoberta das raízes pelo Chelsea (via Mourinho), a paixão eterna pelo Barcelona (via Figo), o encantamento por Cantona, Rui Costa, Figo, Raul, Zidane, Paolo Maldini, Davids, Van Basten, Klinsman, Beckham, Ryan Giggs, Drogba, Cristiano, Puyol, Xavi, Messi demonstram sempre a beleza deste desporto. Não sou um Luis Freitas Lobo (admirável) nem um exaltado treinador de bancada. Sem exuberância mas com descrição observo o futebol sem ler os jornais desportivos, estando mais a par das ligas inglesa e espanhola que da portuguesa pela qualidade inequívoca dos primeiros, e futebol visto na TV cinge-se a isso mesmo - pela qualidade - da Champions e Europa League, dos Campeonatos da Europa e do Mundo.

Contudo existem elementos vários que o conseguem ridicularizar e que no mínimo merecem que sejam ignorados, desprezados. Isto porque o presidente do Sporting, o meu clube, tem a proximidade com o ridículo em vezes demasiadas quando emite opiniões deveras originais e únicas, tal como aconteceu com esta:
"Quando alguma sportinguista tiver a infelicidade de se casar com um benfiquista, tem o dever de fazer com que o filho continue a ser sportinguista. Este trabalho de sapa nas famílias é fundamental e as mulheres têm um papel decisivo na orientação da vida das crianças".
É de fugir! Não bastava o Sporting estar como está, muito por culpa deste senhor, vem agora com tiradas que roçam a intolerância e o desprezível, provando mais uma vez a falta de qualidade argumentativa de muitos dirigentes desportivos nacionais. O futebol deve ser falado e vivido na sua raiz, ou seja, pelo que sucede no campo com a bola, a beleza e a estratégia do jogo é que devem ser enaltecidos como argumentos primordiais da sua essência desportiva. O protagonismo deverá somente pertencer aos jogadores e à bola.
Claro que um clube apenas vive se tiver adeptos, mas este conselho como condicionante sine qua non é tão tola como intromissiva. Os bons valores que cada pai e mãe defendem serão transmitidos com base na honestidade e no respeito, não na exigência sem alternativa. Se para muitos o futebol é uma religião a sua perpetuação não deverá basear-se numa entronização unívoca e bacoca. A realidade vive de alternativas e opções, as nossas decisões devem estar mais condicionadas ao livre arbítrio e menos ao caminho único. Também a partir de casa a verdade desportiva deverá ter lugar, a paixão clubística terá sempre de possuir o respeito pela diferença e pelos outros. Se queremos cidadãos exemplares não o teremos sem adeptos exemplares.

Não nego o sportinguismo e labor profissional do senhor Bettencourt, mas desde que se tornou o líder do clube nunca o Sporting no seu todo viveu tantas trapalhadas e incoerências.
Infelicidade é ter um presidente que diz coisas destas.
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2010-04-19

Green Party

2010-04-18

Eyjafjallajökull

Eyjafjallajokull April.17 2010 from Jonmundur on Vimeo.


O inpronunciável vulcão é o mais recente vilão que teima em ajudar a crise e contrariar a recuperação. Durante quanto mais tempo pode isto acontecer? É mais um sinal de como as coisas têm de mudar numa economia e sociedade globais. O modo como viajamos - tornou esta situação a um apelo para um melhor sistema ferroviário na defesa de um articulado sistema europeu de transporte; a maneira como transportamos bens e como estamos tão dependentes de determinados produtos (como comida) que poderiam ser produzidos localmente em cada país.
Imaginemos se o vulcão islandês continua em erupção durante meses, como aconteceu há muitas décadas atrás, será uma perturbação inédita para um futuro cinzento. Esta é no entanto uma nova oportunidade para um pensar novo de soluções em vez de remédios de emergência que adiam os problemas. Esperemos que estas cinzas não toldem a visão dos nossos políticos.

The unpronounceable vulcano is the latest villian that insists on helping the crisis and avoiding the recovery. For how long can this endure? It's another sign that things must change in a global economy and society. The way we travel - this stands out for a better railway system; the way we transport goods and are overdependent on foreign products when some (like food) could be produced in every country.
Just imagine if the Iceland vulcano continues in eruption for months as it happened many decades ago, the disruption that causes is a grey future. This is another chance to new thinking solutions instead of quick band-aids. Let's hope that the ashes don't cloud our leaders.

2010-04-16

2010-04-15

‘When a man is tired of London, he is tired of life"



"Sir, when a man is tired of London he is tired of life,
for there is in London all the life can afford."
Samuel Johnson (1709-1784)

Design by STW, available here.
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2010-04-14

Rethink Possible

2010-04-13

SpaceCollective


SpaceCollective Where forward thinking terrestrials exchange ideas and information about the state of the species, their planet and the universe, living the lives of science fiction today.
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2010-04-12

Bringing people together

2010-04-10

JL

2010-04-09

Think Different. Think Plaid



The UK General Elections are coming and an exciting campaign too. So the political messages and the way they are broadcasted are due to make a difference.
Like this video from Welsh nationalist party Plaid Cymru literally does. Expanding the famous Apple claim "Think Different" added by "Think Plaid", it's good to see how a political concept can be explained when made with design and simplicity, can be fresh and seductive, aims to reach out with an attitude to connect people to a common goal with meaningful objectives.
And what I most enjoy about this video is how, as seen since the SNP won in Scotland, that much more than a multicultural approach, Plaid shows a strong understanding of what our world is today. Because the whole world lives in our neighbourhoods, our towns, our countries - we are one world, we are one people - but never neglecting the sense of place and love and commitment to where we live and belong.
It is a statement that marks an alliance between the old and the new, the proud historical and cultural heritages of "natives" and newcomers, with the empowering modernity and exchange as a gateway for achievement, for fair development, for a better future.
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2010-04-05

Art History video lesson

2010-04-01

No nukes