2009-09-26

Reflectir

Pouca discussão sobre o futuro. Ou o medo do amanhã como arma de arremesso. Disparates, broncas, casos. Quase todos os partidos gritam e quase todos são contra uns e outros. Para além das naturais clivagens esquerda-direita, impressiona-me o modo como este "ser do contra" se processa. Contrapôr os erros do actual governo é essencial, mas quando nenhuma outra ideia dos adversários consegue passar para a opinião pública isso é degradar o combate político. O processo político não é só um debate em que se refuta o outro. É uma oportunidade constante de apresentar projectos, ideias, vontades. Nos debates televisivos vimos o costumeiro discurso do passado e nada sobre o futuro. Podem ter tudo exposto num "programa eleitoral" que ninguém lê - daí que não seja integralmente cumprido - mas as contas far-se-ão quando lá chegarem. Tudo pode ser sempre pior que se imagina.

Quando o PSD insiste em "falar verdade", está a chamar mentiroso a outro. Chamar nomes é fácil, e o inverso já nós vimos diversas vezes. Não prometer o que não pode fazer é música para os ouvidos, mas a oportunidade (de ouro) de Manuela Ferreira Leite perdeu-se quando ela não avançou em Junho de 2004, dando lugar ao descalabro Pedro Santana Lopes.


Passaram quatro anos e meio e, para além de diversas mudanças substanciais no país, a governação PS não trouxe aquilo que necessitaríamos. Atiram-nos com as conquistas das Novas Oportunidades (o modo como adultos obtém maior qualificação apenas os fará ficar bem consigo próprios - o que é bom- mas não lhes trará competências para melhorar as suas vidas); com o Magalhães, o computador minúsculo que adensa ainda mais a dependência em tecnologia não inteiramente adequada para os meninos, afastando-os de outros modos importantes de desenvolvimento intelectual e manual como escrever com lápis, ler em livros, fazer contas num papel e de cabeça. Para além de se tratar de um objecto ergonomicamente errado - ecran, teclado, dimensão. TGV, aeroporto e terceira ponte de Lisboa não são mais que laivos de novo-riquismo, como estradas, estradas, estradas, sem pensar como sempre, no longo prazo. Projectos imediatistas e mediáticos que comportam diversas dúvidas e com isso muito dinheiro. O que seria útil era renovar os serviços actuais da CP, oferecendo melhores serviços e alternativas ao transporte rodoviário. O confronto com as corporações - sim porque Portugal mantém-se corporativista, paradoxo democrático de tempos idos - apenas vingou contras as farmácias. Os professores e médicos tiveram um tratamento oblíquo que trouxe mais dissabores para todos, alunos, pais e pacientes incluídos. Trazer inglês, desporto e música foi boa política.

Mas no fim somos todos alvos de estatisticas, algo que este governo gosta muito. Recordam-se da campanha de António Guterres às legislativas de 1995 (que ganhou) onde afirmava que os "portugueses não são números" contra o último governo de Cavaco?


E é nisto que andamos. Pelo avanço (PS) ou pelo medo (PSD). A verdade contra a mentira. De pior em pior. Friamente podemos analisar a actual situação como um avanço incerto, com alguns recuos, mas todos alicerçados na falta endémica nacional de bases estruturais. Há muito para alterar que demora anos. Há demasiado em jogo para experiências.

E sempre contra algo. O PSD contra o PS. O CDS contra PS e BE. A CDU contra PS e BE. O BE contra todos, assim como a extrema-direita. Não se encontra algo a favor. Podem depois afirmar que são por Portugal. Mas falta demonstrarem ser a favor de Portugal.


Situo-me do lado da esquerda, democrática sublinhe-se. Mas não me revejo neste PS, como em textos anteriores já referi. A governação socrática perde-se na arrogância que se confunde com a proclamada determinação - necessária sim, mas por vezes sem objectivos claramente decisivos e correctos para o país.

É por isso que no novo espectro político nacional, poucos há que têm esta atitude: Construtiva e positiva. Realista mas optimista. Inclusiva e abrangente. Daí que o meu voto vá para o MEP, cujo presidente é Rui Marques (da missão Lusitânia Expresso a Timor, e ex-comissário para as minorias). O nome diz tudo - Movimento Esperança Portugal. Não é partido é movimento. Esperança, porque pela positividade nos devemos posicionar na vida. Encarar a política como missão a favor dos outros e de todos, com idealismo e pragmatismo, princípios, prioridades e solidariedade, uma cultura de pontes e diálogo, por um desenvolvimento humano sustentável, uma democracia mais próxima dos cidadãos. Portugal porque, para o bem e para o mal é onde vivemos, e todos os esforços devem ser envidados para fazê-lo melhor. Porque Melhor é Possível.

_