2009-05-18

Fé ou idolatria?


Foto: José Pedro Tomaz | www.ionline.pt

Este fim-de-semana Lisboa assistiu a dois eventos religiosos. A imagem de Nossa Senhora de Fátima desceu à capital. E a comemoração dos 50 anos da estátua do Cristo-Rei. Milhares de pessoas em devoção num e noutro, e depois em conjunto.

Mas entre a fé e a idolatria, com a emoção exposta pela visão de objectos,
não pareceu haver uma fronteira demasiado ténue? E não falo enquanto ateu ou tão pouco por desprezo quanto à religião. Tive uma educação religiosa bastante prolongada, e tenho interesse e gosto pelo conhecimento do acto religioso e das várias ideologias teológicas. Hoje afirmo-me como agnóstico, sem contudo negar o fascínio, pela figura de Jesus.
Uma emissão televisiva em directo de quase todos os canais de sinal aberto, transmitiu um retrato curioso de um país mergulhado numa
veneração de contornos entre o kitsch e um quase "salazarismo".
Certo que a fé move montanhas, mas teria de mobilizar tantas estações de TV? Entendo que o catolicismo é imensa maioria em Portugal, mas a presença do Presidente da República justifica-se? O aniversário de um ícone religioso implica uma celebração tamanha? Alguém vai festejar os 135 da estátua de D.Afonso Henriques, em Guimarães?

Como profissional de comunicação entendo bem o poder dos símbolos e a relevância pública destas. Mas fiquei perplexo com estas manifestações, em que algumas pessoas se emocionavam pela experiência desta visão, e quase de menos por uma vivência continuada e ética da fé.
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