2006-12-18

Bons velhos tempos?

Desde que Putin chegou ao poder na Rússia que muito mudou em terras ex-soviéticas. Mas terá mudado para melhor? A Moscovo russa retomou parte do valor que a Moscovo soviética possuía, e é aqui que se teme que penda cada vez mais para um misto de Rússia Imperial e CCCP. Sob a direcção um ex-espião da KGB, com um séquito de actuais dirigentes, onde quatro em cada cinco são ex-membros da KGB/FSB, anseia ressurgir como uma nova potência, ditando novas regras e "quasi"-ultimatos ou chantagens perigosas. Veja-se quando das eleições na Ucrânia, desde o início do ano com a Geórgia, agora com a Polónia e até, imagine-se, com a Bielorússia, aliado à moda antiga considerado por muitos com a última ditadura da Europa. E agora a suspeita sobre o Kremlin no (maquiavélico) assassinato do ex-espião Alexandr Litvinenko em Londres, num claro retorno às estórias da Guerra Fria e muito mais misterioso que qualquer argumento de livro ou filme de espionagem.



O factor energia que nos entala europeus entre o atoleiro Médio-Oriente e a próxima mas inevitável/desconfiável Rússia torna as jogadas geo-políticas russas numa estratégia arrogantemente subtil, quer imposta aos Europeus, quer contra a cada vez mais emergente China, desde sempre mais um rival do que um parceiro. Imbuídos na permanente hipocrisia que é a realpolitik, a defesa umbiguista de cada um sem pensar a favor do todo global - o Protocolo de Quioto é outro exemplo, que a Rússia também não ratificou - coloca-nos, novamente, noutra frente incógnita, mas com diversos cenários. Mas como a realidade é mais imprevisível e fantástico que a ficção - e os últimos 20 anos deram-nos imensos exemplos disso - não podemos ficar na penumbra e na ignorância (mas não serão os ignorantes os mais felizes?).
Recomendo a edição deste mês da The Economist. A capa diz quase tudo.
Também sugiro texto de André Abrantes Amaral n'O Observador.

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