2006-07-29
Banco Bic
Eis o BancoBIC. Identidade da autoria da Brandia (ainda antes da fusão com Central), é um branding muito bem conseguido. Moderna, elegante, forte e energética, o embondeiro é um símbolo puramente africano (embora também haja uma espécie na Austrália), reforçada pelo vermelho e o negro cores igualmente identitárias do local e da mensagem que a instituição pretende transmitir. A comunicação é igualmente apelativa e identitária, começando pela assinatura "Crescemos Juntos".
Com simplicidade e objectividade, o BancoBIC consegue ser uma marca mais eficaz e moderna que qualquer banco em Portugal, apenas suplantada pela renovação BES.
As potencialidades em Angola são imensas, tornando-se a ex-colónia (novamente?) quase um El Dorado para Portugal, apesar dificuldades que o povo atravessa e do facto o Estado angolano ser ainda uma ditadura. O trabalho do design apenas se pode cingir a Luanda, onde as grandes empresas angolanas e internacionais têm as suas sedes. O trabalho da Brandia colheu outro fruto na sua aposta angolana, a Unitel operadora de telemóveis com mais expansão.
2006-07-27
concertos: Sigur Rós
No passado dia 16 tive o previlégio de assistir ao concerto dos Sigur Rós.
Um espectáculo fabuloso, onde as suas músicas ganharam realmente a dimensão que merecem.
Segue texto de Pedro Marques - cortesia RDB.
Oito meses depois da actuação sublime da banda islandesa no Coliseu dos Recreios, os Sigur Rós voltaram ao nosso país para encerrar a digressão mundial que levou "Takk" aos quatro cantos do mundo. Ao contrário da actuação memorável de dia 20 de Novembro do ano passado, onde conseguiram esgotar o Coliseu, a banda conseguiu "apenas" ter "meia casa" num pavilhão dividido ao meio. Mesmo actuando num cenário que, para algumas bandas poderia ser adverso, os Sigur Rós mostraram mais uma vez toda a sua qualidade e profissionalismo, terminando em total apoteose com o público rendido à sonoridade dos islandeses.
Em condições "normais", um concerto dos Sigur Rós em Lisboa teria sempre casa cheia. A banda islandesa é um daqueles fenómenos que se intromete nos tops de vendas nacionais entre as bandas sonoras dos Morangos com Açúcar e o último disco do Tony Carreira. Mas, no Domingo, dia 16 de Julho, o quadro não foi o mais favorável. Um dia com temperaturas de 38º em Lisboa, que levou milhares de pessoas para a praia e que convidava a uma noite numa qualquer esplanada, uma agenda de concertos rica em motivos de interesse, os festivais de Verão cada vez mais perto e um budget cada vez mais apertado, podem explicar uma afluência de público menor do que a esperada. Nada que atormentasse a "pequena orquestra" islandesa, que transformou o pavilhão Atlântico no local mais convidativo para preencher um serão de Domingo de Verão.
Tal como tinha acontecido em Novembro, a primeira parte do espectáculo ficou a cargo das amigas e colaboradoras da banda islandesa, as Amiina (parece que colocaram mais um “i” no nome para não serem confundidas com um outro projecto), um quarteto de cordas capazes de embalar o mais desprevenido. A curta actuação foi suficiente para preparar o terreno para mais um excelente concerto dos Sigur Rós em Portugal.
O alinhamento foi praticamente o mesmo que apresentaram no Coliseu dos Recreios. «Glósóli» foi mais uma vez o tema escolhido para musicar as imagens projectadas para a tela que encobria a banda e serviu de "pontapé de saída" para mais uma noite mágica da responsabilidade dos músicos que vieram do norte da Europa.
Uma das maiores virtudes dos Sigur Rós ao vivo é a forma como conseguem elevar a sua música a uma dimensão ainda maior do que aquela registada em disco. Os diferentes arranjos, os interlúdios que fazem a ponte perfeita entre temas, a, aparentemente ingénua, presença em palco e a espontaneidade e capacidade de explosão, tornam os Sigur Rós numa banda única. Se aliarmos a tudo isso a qualidade acima da média dos músicos e temas, as suas actuações praticamente atingem o cume da genialidade.
Viajando entre "Ágætis Byrjun", o disco que os deu a conhecer ao mundo e "Takk", a actuação dos islandeses não comprometeu minimamente a sua última passagem pelo Coliseu. Foram apresentadas praticamente todas as faixas do seu último trabalho, com destaque especial para «Hoppipolla», a mais acalorada pelo público; «Sé Lest», com a entrada em palco do conjunto de sopro (onde o trombone foi o rei) e «Svo Hljótt», um dos temas mais arrepiantes ao vivo.
Após uma curta passagem pelo backstage e perante uma calorosa ovação, houve ainda tempo para um final em total apoteose com a única passagem por ( ) em todo o concerto. «Popplagið», nome habitualmente atribuído à oitava faixa desse misterioso disco, encerrou da melhor forma a actuação dos islandeses. Tal como em Novembro, no Coliseu, entrou devagar e triste para se transformar numa peça nervosa, quase brutal, com dez minutos de duração e que levou as duas mil pessoas presentes a um estado único de devoção, culminando numa enorme ovação e um mútuo obrigado, com todos os elementos da banda e respectivos "grupos" de cordas e sopro em palco, em sucessivas vénias, tendo como pano de fundo um enorme “Takk”.
Embora tenham ficado de lado dois temas que em Novembro quase fizeram levitar o Coliseu: «Hafsól» e «Nkósnavélin», a quarta faixa de ( ), os Sigur Rós provaram que a "falta de qualidade" do som do Atlântico é culpa das bandas que lá actuam e que não existe uma estação do ano especial para ouvir os islandeses. Seja Verão ou Inverno, os Sigur Rós são uma das bandas da actualidade mais interessantes em disco e especialmente ao vivo.
Mais uma vez ... Obrigado!
Texto por Pedro Marques - RuadeBaixo.comFoto por Marisa Cardoso
2006-07-25
design: Serial Cut™
Excelentes trabalhos de design gráfico e ilustração.
Angola
Um ano depois do meu regresso à terra-mãe, agora é a vez da minha mulher. Passados 31 anos. Pois é, de forma supreendente fomos convidados a visitar Angola. Após 3 vacinas mais medicação preventiva (febre amarela, malária, hepatite A e tétano) partimos quinta às 22h para um vôo de oito penosas horas até Luanda e depois cerca de duas em ligação regional até Lubango, 1220 km para sul, local onde toda a família agora se encontra.
Lubango (ex-Sá da Bandeira), capital da província da Huíla, é a cidade do sul com maior desenvolvimento, que conseguiu ao máximo fugir à guerra civil, distando 200 da costa (cidade costeira directa é Namibe). É curiosamente onde mais brancos existem - afinal foi fundada por uma colónia de madeirenses em 1885. A família é originária do Huambo (e da cidade modernista que era Nova Lisboa), província vizinha a norte e fustigadíssima pelo conflito UNITA-MPLA ao longo de 30 anos, e particularmente em 1992, na chamada Guerra das Cidades ocorrida após as únicas eleições. Encontrarei edifícios de linha modernista internacional, abundantemente produzida nas ex-colónias, avenidas largas e desenhos urbanísticos planificados, construções de estilo colonial, mas igualmente as precárias e as tenebrosas. Cidades e vilas perdidas pela miséria e o infortúnio. E com a ideia que falta fazer muito por lá, e uma vez terminada a guerra, Angola tornou-se na "terra da oportunidade" (para os empresários, claro).
Neste momento é inverno, logo não vou para a brasa, nem tão pouco para a praia (200 km).
Desde sempre com interesse pelo continente, em particular pela África Negra, o fascínio foi aumentando ao longo do conhecimento, e exponenciado pela minha mulher - minha mulatinha cabrita - e pela estada em Cabo Verde. Existe agora a oportunidade de, absolutamente fora do cliché branco-ocidental, ou do esteriótipo colonialista, entre 10 a 15 dias, sentir, respirar e ver terra africana, abraçarmos a imensidão desta terra mítica, a beleza da sua natureza, as suas deslumbrantes paisagens. Mas vou consciente das dificuldades que irei encontrar, das assimetrias sociais e económicas (não tão gritantes como em Luanda), da precaridade das infraestrutruras. Estou preparado para as ocasionais falhas de energia, para as estradas ruins e longas. Ficarei bem mais perto que das parcas notícias que chegam à Europa. Vamos ver um outro mundo, outra cultura, calmo e imenso, simples e desfalcado, belo e intolerável.
[Na imagem: planalto e Tundavala]
2006-07-21
2006-07-20
World Jump Day
Na verdade, o World Jump Day foi um evento global inédito inventado, ou seja, uma "instalação" artística como um movimento mobilizador sem igual. Significa que cientificamente não é possível o resultado pretendido (ver Museum of hoaxes), baseando-se numa velha ideia de que se toda a população da China saltasse haveria um cataclismo. Além de que, como justificar a patrões, colegas e amigos que "agora vou ali fora num instantinho saltar para mudar o eixo da Terra e modificar para melhor o clima global". Talvez devesse ter acontecido um "buzz" maior nos media. Eu saltei, foi giro mas claro, nada aconteceu.
2006-07-19
2006-07-17
Zarpando com o Zapp
Estou neste momento a testar a internet Zapp, um serviço de internet sem fios, que mais não é que um modem com uma antena que ligamos via USB ao nosso computador (portatil ou de secretária). A Zapp alega cobrir cerca de 90% do território nacional, o que significa que podemos estar ligados à net em quase qualquer ponto de Portugal.
Acho que é uma óptima solução para quem precise ter internet fora de casa ou, como eu, precise de ter internet em vários sítios e não quer ser obrigado a subscrever em cada um deles um serviço de cabo ou adsl vulgares.
A velocidade é aceitável para um serviço sem fios. Nas chamadas "zonas EVDO", temos até 1,4Megabits de velocidade o que é comparável à banda larga que muitos de nós ainda temos em casa. Fora das zonas EVDO a velocidade é mais baixa, mas ainda assim aceitável. Claro que para jogar online e para video-conferencia a velocidade mais baixa deve notar-se (ainda não testei)
E claro, tem a vantagem de podermos ligar ao nosso Mac.
Website da Zapp
2006-07-13
2006-07-07
Lugar de Honra
Terceiro-Quarto lugares
Alemanha 3 - Portugal 1
Gottlieb-Daimler Stadion, Stuttgart
Sábado 8 Julho
SIC, 20H
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O resultado não espelha o jogo, mas evidencia o poder finalizador da Alemanha e a permanente lacuna na equipa portuguesa. E foi demonstrado que a inclusão de Nuno Gomes, a passe de Luis Figo (que deveria ter entrado no ínicio da segunda parte) resultando no golo (de honra) tem mais eficácia que Helder Postiga. Deco melhor que contra a França, mas ainda fraquinho, Pauleta sai sem glória, mas todos têm a sensação do dever cumprido.
Obrigado Selecção, a equipa mais empolgante. Obrigado Scolari. Obrigado Figo.
MP3: new in the playlist
Grand Slam
Richard Dorfmeister vs Madrid de los Austrias
Em destaque na Caixa de Ritmos.
Agora também em destaque na minha playlist.
Quem quiser ouvir o tema "Boogie no More", pode descarregar este podcast. Isto se tiverem tráfego para queimar.
Mais info na editora G-Stone.
Tradição Mundial
Portugal encontrou três vezes a França em meias-finais, e três vezes perdeu. Com a Alemanha existe empate absoluto (2V, 3E, 2D); sendo a última derrota em 1996 e a primeira em 1985.
A Itália não vence a França há 28 anos. A Itália cada 12 anos atinge uma Final do Mundial: 1970 perdeu, 1982 ganhou, 1994 perdeu, 2006 (?).
A tradição e a força das estatísticas cumpriram-se de novo neste Mundial. Falta verificar o resultado de domingo: França repetirá a vitória frente à Itália na final do Euro2000?
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Final sim, final não, eis a Itália campeã, pela quarta vez. Uma França merecedora da derrota (fechada mas perigosa, loucura de Zidane), uma Itália merecedora da vitória (diferente da Itália de outros tempos, bonita a jogar, parecia Portugal, lutadora). Apenas a quebra da tradição de 28 anos de derrota italiana se confirmou.
Never forget, always remember
Um ano após os ataques a Londres.
O terror à nossa porta, e de novo directo na TV.
No The Guardian
London Bombings: One year on
Special report
No PÚBLICO de hoje:
Atentados de Londres mudaram percepção do terror e relação com muçulmanos europeus
2006-07-06
Injusto
Qualquer derrota é injusta, mas a de ontem foi-o claramente. Sem menosprezar a França, sólida e potente, o certo é que face à perigosidade e à bravura de Portugal, os gauleses viram-se na obrigação de defender mais que atacar. A sorte acompanha sempre os que vencem, e o penalty - quanto a mim não foi, há nítido "mergulho" de Henry sentindo o toque - foi quase a única forma dos franceses alcançarem o golo. Todos rezámos para que Ricardo defendesse mais uma vez, foi quase, mas Zidane (lindo jogador) afastou-nos de novo da final. E assim se repete a tradição, absolutamente fértil para todas as selecções neste Mundial, com a França a eliminar Portugal em meias-finais. Num penalty inexistente, e outro por marcar para nós (mas aí tenho dúvidas). Há a sensação de uma subtil arbitragem tendenciosa, afinal os euros franceses valem mais que os lusos. Vem ao de cima o conceito de pequenez face aos países grandes e às "manobras" da organização (o que a FIFA desejava era uma final Brasil-Alemanha), que não sei se devemos explorar isso tanto. Contudo, um sentimento de injustiça, pois não fosse a penalidade...
Num jogo emocionante (dos melhores do Campeonato), limpo, talvez não tão audaz quanto isso, mas impedido pela argúcia defensiva da França - Cristiano tinha sempre dois, três jogadores em cima dele, Pauleta esteve muito bem marcado - e pela desilusão da contribuição de Deco, não trazendo para o jogo aquilo mais se precisava (o mágico não conseguiu ritmo de jogo durante o torneio) e, crítica a Scolari, não ter apostado em Nuno Gomes (outra vez), mas a equipa acusou cansaço, depois angústia e nervosismo.
Os nossos rapazes lutaram, mas quem não marca perde - os remates de Figo e Meira poderiam ter dado golo - e até ao último segundo, colocando toda a França como um enorme bloco defensivo e até a ajuda de Ricardo (22 jogadores num terço do campo).
Parabéns mesmo assim. Não fizémos a festa para a final, mas estamos orgulhosos. Sábado, novamente em sofrimento contra a (magoada) Alemanha.
2006-07-05
Decisivo
Acreditar, lutar, vencer. Foi o que se pediu, e as metas foram ultrapassadas. Onde chegámos é já uma grande vitória, pela honra do país e pelo prazer de jogar, a Selecção Nacional merece todo o respeito e apreço. Mas atenção às contas a ajustar com a França, importante que não façamos disto um jogo-vingança - cabeça fria e atitude fair play de jogadores e adeptos é necessário. No entanto hoje podemos fazer história de novo.
Ontem a Alemanha caiu na tradição de nunca vencer a Itália. Num jogo chato, os alemães cairam na armadilha italiana, feia a jogar e com muita, muita sorte do seu lado. Detestei a vitória italiana, um enorme balde de água geladíssima para a Alemanha. Ninguém queria que a Itália passasse, e no entanto, lá foram ultrapassando os obstáculos, primeiro a surpreendente Austrália, depois a esperançosa Ucrânia. Será a Itália a nova Grécia, com mau futebol, sorte macaca e de que ninguém gosta?
Hoje, espanhois, argentinos (encabeçado por Maradona), alemães, brasileiros e angolanos constituem a maior torcida do mundo. A favor de Portugal. Pela simpatia (há sentimentos assim no futebol), mas particularmente contra a França. Pena que seja contra o magnífico Zidane, mas uma (ansiosa) vitória sobre a França colocar-nos-à na final, o sonho maior de quem ama o futebol, e todos desejamos isso esta noite. Força Portugal!
Meias-finais
Portugal 0 - França 1
AllianzArena, Munique
SIC, 20H
2006-07-03
Fabuloso e histórico
Com quase uma equipa B, a Selecção Nacional aplicou à Inglaterra (uma grande confusão por lá agora, mas imensamente extrapolada pelos péssimos jornais como o Daily Mail, The Sun e Mirror) nova derrota, e de forma magistral igualmente por Ricardo. A partir daqui tudo é lucro.