O Demónio não soube o que fez quando criou o homem político;
enganou-se, por isso, a si próprio"
William Shakespeare
Diz-se que coincidências não existem. Mas quando surgem são uma oportunidade a não desperdiçar. A combinação de elementos num dado momento podem ser minuciosamente trabalhados para empolar argumentos, ou dissimular eventos.
Interessante é verificar a evolução da comunicação e na forma como a Política, criada segundo Aristóteles com o objectivo de "criar a amizade entre membros da cidade" se assume claramente "não como ciência exacta, mas uma arte" (Otto Bismarck, 1815-1898, unificador da Alemanha). Pois a Política, na sua essência, é a arte de seduzir, de comunicar, do encontrar o compromisso, até mesmo de enganar. E o problema surge claramente quando se emancipa em forma de arte do engano, da dissimulação, do esconder a verdade, roçando a mediocridade. O político grego Demóstenes (384-322 a.C) dizia que "é necessário que os princípios de uma política sejam justos e verdadeiros", mas continuadamente observamos e nos indignamos com falsas promessas, erradas ideias, enganos matemáticos, escolhas infundadas, decisões comprometedoras, despesismos de umbigo.
As dificuldades atravessadas surgem num ciclo habitual e infeliz, mergulhando tantos num atavismo mórbido, onde certa estratégia política se alimenta num quadro geral de anestesia para prosseguir por caminhos que de novo afectam mais os que menos têm e incapacitam muitos de ultrapassar as adversidades.
É claro como água que as decisões governamentais para enfrentar o défice foram estrategicamente anunciadas entre o Benfica campeão e a visita papal. Enebriados pela vitória benfiquista (são 6 milhões de adeptos), tolerâncias de ponto (para se perderem entre 34 e 70 milhões de euros) para a concentração religiosa (não se passa mesmo outra coisa neste país?), a dura realidade esconde-se entre ambos na expectativa de lá permanecer, pois a seguir temos o Mundial de Futebol e depois as férias do Verão. Ou seja, pelo menos até Setembro.
Diz-se que coincidências não existem. Mas quando surgem são uma oportunidade a não desperdiçar. A combinação de elementos num dado momento podem ser minuciosamente trabalhados para empolar argumentos, ou dissimular eventos.
Interessante é verificar a evolução da comunicação e na forma como a Política, criada segundo Aristóteles com o objectivo de "criar a amizade entre membros da cidade" se assume claramente "não como ciência exacta, mas uma arte" (Otto Bismarck, 1815-1898, unificador da Alemanha). Pois a Política, na sua essência, é a arte de seduzir, de comunicar, do encontrar o compromisso, até mesmo de enganar. E o problema surge claramente quando se emancipa em forma de arte do engano, da dissimulação, do esconder a verdade, roçando a mediocridade. O político grego Demóstenes (384-322 a.C) dizia que "é necessário que os princípios de uma política sejam justos e verdadeiros", mas continuadamente observamos e nos indignamos com falsas promessas, erradas ideias, enganos matemáticos, escolhas infundadas, decisões comprometedoras, despesismos de umbigo.
As dificuldades atravessadas surgem num ciclo habitual e infeliz, mergulhando tantos num atavismo mórbido, onde certa estratégia política se alimenta num quadro geral de anestesia para prosseguir por caminhos que de novo afectam mais os que menos têm e incapacitam muitos de ultrapassar as adversidades.
É claro como água que as decisões governamentais para enfrentar o défice foram estrategicamente anunciadas entre o Benfica campeão e a visita papal. Enebriados pela vitória benfiquista (são 6 milhões de adeptos), tolerâncias de ponto (para se perderem entre 34 e 70 milhões de euros) para a concentração religiosa (não se passa mesmo outra coisa neste país?), a dura realidade esconde-se entre ambos na expectativa de lá permanecer, pois a seguir temos o Mundial de Futebol e depois as férias do Verão. Ou seja, pelo menos até Setembro.
Na verdade, voltámos à velha tríade Fátima-Fado-Futebol. Mergulhados neste agri-doce engano, os portugueses e o Governo tentam - de novo - a todo o custo sobreviver de mansinho ("manso é tua tia, pá"), lutando ao máximo que as soluções apresentadas magoem ao mínimo.
O que não será de todo verdade ou possível. A gravidade da situação de Portugal, mesmo que estas medidas sejam eficazes, continuarão a não esconder (ou solucionar) a dura realidade da falta de competitividade, da baixa produtividade, presentes no país desde sempre. Apesar do esforço individual e colectivo.
O nosso fado tem revelado sistematicamente a incapacidade do país em proteger-se adequadamente e pela inépcia em desenvolver-se com sustentabilidade. Os erros sistémicos repetem-se década após década, governo após governo. A incapacidade de aprender com os erros revela também que reside entre políticos a persistência enunciada de forma muito verdadeira pelo escritor Robert L. Stevenson - "A política é talvez a única profissão para a qual se pensa que não é precisa nenhuma preparação".
Benjamin Disraeli (1804-1881) Primeiro-Ministro britânico do século XIX numa arrepiante lucidez para o nosso caso afirmou o seguinte: "Nenhum governo pode ser sólido por muito tempo se não tiver uma oposição temível". Parte do problema, em especial dos últimos anos passou igualmente por aqui. Com inglória notoriedade o PSD nunca conseguiu afirmar-se credível, tal como o PS falhou em crescendo na sua governação.
A nossa indignação cai por vezes num conflito de como entender qual a solução correcta. Governo confia por um caminho, oposição ataca pelo contrário, analistas e economistas catastrofisam.
O que nos parece a todos é que o caminho não é por aqui, mas as soluções parecem vagas e oportunistas, urgentes e de curto prazo, inconsequentes ou insuficientes, e andamos nisto numa clara e constante rota sem estratégia.
Mas entretanto lá nos vão/vamos distraindo com o futebol e com a visita do Papa. Talvez mesmo sem a maioria querer acordar da anestesia.
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O que não será de todo verdade ou possível. A gravidade da situação de Portugal, mesmo que estas medidas sejam eficazes, continuarão a não esconder (ou solucionar) a dura realidade da falta de competitividade, da baixa produtividade, presentes no país desde sempre. Apesar do esforço individual e colectivo.
O nosso fado tem revelado sistematicamente a incapacidade do país em proteger-se adequadamente e pela inépcia em desenvolver-se com sustentabilidade. Os erros sistémicos repetem-se década após década, governo após governo. A incapacidade de aprender com os erros revela também que reside entre políticos a persistência enunciada de forma muito verdadeira pelo escritor Robert L. Stevenson - "A política é talvez a única profissão para a qual se pensa que não é precisa nenhuma preparação".
Benjamin Disraeli (1804-1881) Primeiro-Ministro britânico do século XIX numa arrepiante lucidez para o nosso caso afirmou o seguinte: "Nenhum governo pode ser sólido por muito tempo se não tiver uma oposição temível". Parte do problema, em especial dos últimos anos passou igualmente por aqui. Com inglória notoriedade o PSD nunca conseguiu afirmar-se credível, tal como o PS falhou em crescendo na sua governação.
A nossa indignação cai por vezes num conflito de como entender qual a solução correcta. Governo confia por um caminho, oposição ataca pelo contrário, analistas e economistas catastrofisam.
O que nos parece a todos é que o caminho não é por aqui, mas as soluções parecem vagas e oportunistas, urgentes e de curto prazo, inconsequentes ou insuficientes, e andamos nisto numa clara e constante rota sem estratégia.
Mas entretanto lá nos vão/vamos distraindo com o futebol e com a visita do Papa. Talvez mesmo sem a maioria querer acordar da anestesia.
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