2009-04-04

Cimeira para a mudança / Summit for change

Terminou a cimeira de Londres e de lá sairam medidas importantes para enfrentar a crise. O que não vimos em Davos deste ano, assistimos no G-20. O que a impassividade empresarial não conseguiu - ou não quis - levou a que a resposta exacta e firme é essencialmente política e global. A visão mais abrangente do problema ultrapassa pelos vistos demasiados líderes empresariais e alguns economistas. Não vislumbram soluções porque a capacidade de ver para além do umbigo é ultrajantemente notória.
O que o comunicado desta reunião demonstra é que urge actuar, criar regras, encontrar soluções, que funcionam num contexto global pois a crise é global. Pode advir daqui uma reforma do capitalismo quando já alguns advogavam a sua (premonitória) morte, o que demonstra que a verdadeira saída para alguns problemas da globalização, é a globalização em si mesma. Em Londres estiveram reunidos países e organizações que representam 85% do comércio e economia do planeta - o que mais é preciso para perceber que o caminho de todos passa pela relação mútua?

O London Summit prova também, definitivamente, que o mundo pós II GM há muito deixou de ter significado. A realidade é imensamente diferente. Já não é só o Ocidente que importa. Em cada continente existem países cuja dimensão económica e política é tal que não convém ignorar. Potências emergentes como o Brasil, a Indonésia, a África do Sul, juntam-se aos já considerados China, Rússia e Índia. A relevância geo-estratégica da Turquia coloca-se a par da sua importância económica. O mundo não se define em G8 e outros grupinhos. Os mais industrializados não são os mais importantes, nem deve uma minoria ditar sobre uma imensa maioria.
Faltará então a tão desejada reforma da mais emblemática instituição internacional - o Conselho de Segurança das Nações Unidas. Esta necessita de representar o verdadeiro status quo mundial.

Esta cimeira é também uma conquista de dois líderes, Gordon Brown e Barack Obama.
É um acontecimento de decorre do espírito Obama. O idealismo político voltou a ter forma humana. O seu papel transformador nos EUA e a sua capacidade de influência não podem ser menosprezados.
O Primeiro-Ministro do Reino Unido tem finalmente o palco que o jubila como alguém que sempre traçou na sua actividade política uma visão estratégica social e de desenvolvimento. É um justo prémio para Gordon Brown o sucesso desta cimeira, pela concretização do encontro, pelo empenho esforçado em definir objectivos globais para resolver a crise, e para refazer as regras.

O princípio do caminho foi iniciado, e não podia falhar face ao risco da derrocada geral. Veremos agora de futuro a aplicação destas e de outras medidas.



The London Summit has ended and important measures came out to deal with the crisis. What we didn't see in Davos this year, happened at the G-20 meeting. What the business community couldn't - or wouldn't - achieve, made that the exact and strong answer is essentially political and global. The broader view of the problem apparently escapes to many business leaders and some economists. They couldn't find solutions because their ability to see doesn't go beyond their own bellybutton.

What the comuniqué of this meeting shows is the urgency of action, the need to create rules, find solutions, that work in a global context because the crisis is global. A reform of capitalism may even come from here when so many were already pronouncing it dead, and in fact shows that the true way out of some of the problems is globalization itself. Several countries and organizations, representing 85% of the world's commerce and economy, were gathered in London - what more needs to be said to understand that the road for everyone goes through mutual relationship?

The London Summit proves aswell, definitely, that the post-WWII world is long over and has lost its meaning. The reality immensly different. It's not only the West that matters. In each continent there are countries whose economic and political dimention is such that it's a mistake to disregard them. Emerging powers like Brazil, Indonesia and South Africa, grow along side with the already respected China, Russia and India. Turkey's geo-strategic relevance matches its economic importance. The world doesn't define itself in a G8 and other little groups. The eight most industrialized are not the most important, nor should a minority dictate over the large majority.
Which leaves "only" to the so much desired reform of the most emblematic international institution - the UN Security Council. This needs to represent the true worldwide status quo.

This summit is a conquest of two leaders - Gordon Brown and Barack Obama.
It is an event that comes from the Obama "spirit". Political idealism has a human form again. His transforming role in the United States and his ability to influence abroad cannot be looked down.
The UK Prime-Minister has at last the stage that brightens someone whose political activity has been built upon a social and developing strategy. The success of the summit is a fair reward for Gordon Browns' commitment and definition of global objectives to manage the crisis and remake the rules.

The beggining of the road has been started, and it couldn't fail due to the risk of a general downfall. Let's see if the future brings the proper use of these and other measures.

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