Mas antes de descrever o que nessa noite no cheap'n chic café, no CCC, se falou, importa esclarecer que esta iniciativa partiu, não por parte da câmara, mas sim do designer Vitor Costa e do estudante de arquitectura David Saavedra. - como se pode ler aqui. Ambos conseguiram montar, e desde já os meus parabéns, um ambicioso e pertinente debate essencial para a cidade das Caldas. E perfeitamente replicável a eventos do mesmo género noutros municípios. Trata-se de uma proposta mais larga que anteriormente deixava a entender, sendo que os projectos apresentados se unem num todo de reinvenção e revitalização das Caldas.
As apresentações da noite
Marketing Territorial e o Futuro das Cidades
A primeira parte da noite começou com o professor Álvaro Cidrais, geógrafo de formação, docente na Faculdade de Arquitectura de Lisboa, e consultor e investigador na área de Marketing Territorial. Sendo o Place Branding uma área que muito me toca enquanto profissional de design e, interessado nos domínios da arquitectura, urbanismo, ambiente e cidadania, foi-nos dado a conhecer a Agenda 21 Local, uma óptima iniciativa que já tem diversas cidades portuguesas aderentes, como Cascais e Águeda.
Com base nos 10 Compromissos de Aalborg (abaixo descritos), existem agora mecanismos que permitem ir mais além na requalificação das cidades e na melhoria das condições de vida dos cidadãos. No fundo, ferramentas de discussão, planificação, execução e valorização que permite algo tão simples mas universal que é a busca da felicidade. Bem longe de qualquer teoria utópica, ou algo à partida incompatível com a gestão de uma comunidade, diga-se que a implementação de tais princípios, inovadores na políticas de desenvolvimento e participação, permitiram que cidades como Aalborg ou Amesterdão atingissem patamares de equidade e sustentabilidade inegáveis que a todos os níveis beneficiam as pessoas, a economia, o ambiente, a democracia.
Eis os 10 Compromissos de Aalborg
(texto integral nestes links: PDF, docWord)
1. Governança
2. Gestão Local para a Sustentabilidade
3. Bens Comuns Naturais
4. Consumo Responsável e Opções de Estilo de Vida
5. Planeamento e Desenho Urbano
6. Melhor Mobilidade, Menos Tráfego
7. Acção Local para a Saúde
8. Economia Local Dinâmica e Sustentável
9. Equidade e Justiça Social
10. Do Local para o Global
A importância da sustentabilidade para o futuro das cidades e das comunidades nunca me pareceu tão claro e tão óbvio. A necessidade de actuar urge a cada momento que passa. Os desafios trazidos quer pela evolução demográfica, quer pela crise económica tanto podem ser o prenúncio do fim ou o factor determinante para a exigida mudança. A alteração dos valores éticos e estratégicos, na política e na gestão das cidades, impõem-se cada vez mais. A participação colectiva advogada nestes princípios vêem ao encontro do que há muito defendo.
O exemplo extremo, mas deveras interessante e revolucionário, foi nos dado por Masdar City. Actualmente em construção no Abu Dhabi é muito mais que um empreendimento de dimensões imensas, algo que os estados do Golfo Pérsico "persistentemente" elaboram. É uma iniciativa de inovação e renovação, de práticas auto-sustentáveis (energia, alimentação, qualidade de vida) com o planeamento do atelier Foster+Partners. Tudo de raiz, tudo reciclável, tudo acessível. Algo verdadeiramente fantástico, como só mesmo estas "novas comunidades" do deserto podem desenvolver.
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Os Espacialistas - O Museu da Água
Este grupo de recém-formados em arquitectura apresentaram as suas experiências espaciais, ou seja, as relações do objecto e do ser vivo com o espaço.
O seu projecto para o Museu da Água ocupa uma área presentemente degradada, no largo da estátua da Rainha. Elaborada sobre curiosos e bem elaborados conceitos objectivos como a água e a cerâmica local, em conjugação com conceitos mais subjectivos como a caixa de joias e a gruta.
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O debate
Sala cheia, muita participação, muito interessante.
1. O professor e arquitecto Nuno Antunes, em mais um rasgo de graça e desafio: "Deita-se tudo abaixo, faz-se uma torre de 2 km, metemos toda a gente lá dentro, e coloca-se a estátua da Rainha D.Leonor no topo. Ah, e uma queda de água ao longo das paredes."
2. Qual a necessidade de mais um museu?
3. "O que há mais é papagaios a falar!" Só quem lá esteve é que entende...
4. Qual a eficácia do marketing territorial numa localidade onde não se olha para além do umbigo? Como equacionar a crise da Bordalo Pinheiro, e outras questões económicas e de identidade local, quando não se vislumbra qualquer estratégia camarária? Quais os valores acrescentados das Caldas? Até onde vai o dever da autarquia em resolver e propor problemas, e como se encaixam as participações dos cidadãos? Num carácter individual como é uma autarquia, condições muito particulares como Óbidos não abundam, logo não poderia uma conjugação de esforços entre municípios vizinhos, num contexto, tão eternamente propalado, de Região Oeste, beneficiar mais pela diversidade que o território engloba?
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