2009-03-30

Caldas Welcome: sessão 2

Este sábado 28 foi a segunda sessão do Caldas Welcome, que devo descrevê-las em três partes.

Assisti primeiro a uma exposição muito original do arq. Nuno Antunes, contudo condicionada pelo tempo disponível (e o futebol), onde a interligação homem, ambiente e tecnologia se suporta sobre uma evolução e conceito interessantes - as acções e reacções psicológicas individuais perante si próprios e o meio ambiente; o desenvolvimento da forma de ocupar o território; a integração exponencial e progressiva da realidade virtual nas nossas vidas e transposta para o espaço físico mais próximo através quer da arquitectura, quer do vestuário e outros adereços.

De seguida, o atelier TraçoMais apresentou um projecto onde procurou ir mais além que uma intervenção localizada - "Cidade com identidade". Buscando razões subjectivas, como é a identidade (referido no meu texto anterior) sobre a água iniciadora da cidade no séc. XV) e a cerâmica (excessivamente centrada em Bordalo). O projecto incide também em eliminação, ou redução substancial - e pertinente - da circulação rodoviária, transformando e assumindo como centro da cidade o Largo 25 de Abril (sede de Tribunal, Câmara e Igreja). Sendo zonas devolvidas ao cidadão, introduzindo passeios largos, árvores de espécies locais e uma nova praça central, tudo numa área de dimensão considerável. No entanto por razões objectivas, apesar da transposição física dessa ideia ao longo de certos percursos, peca por pouco explorada no sentido que o alcance do seu projecto fica reduzido ao local pois, mesmo acreditando num conceito mais lato que a arquitectura e urbanismo - onde se inclui a participação da ESAD - a ideia (certamente necessária) estudada e apresentada com entrega e empenho, não colmata a lacuna que uma intervenção de marketing e branding pudessem auxiliar.



Por fim, no meio de algumas considerações críticas com alguma verdade e pertinência, o sr Vereador apresentou-se como a face da realpolitik. Ou seja, de quão longe podem - e não podem - ir certas ideias veiculadas. Contrapondo aspectos da proposta do atelier TraçoMais, o arq João Aboim deu a entender que intervir local não é pensar global, mas sim o contrário. O resultado concreto deste modo de agir estará condicionado, em meu entender, à evolução das políticas, do próprio movimento vivo que uma cidade por si só tem, mas nunca condicionada por limites, ou regras. Por outras palavras, não irá a Câmara por ideias globais de outrém, mas sim sempre actuando de forma localizada, faseada ou não, aproveitando, acredito, ideias apresentadas e que no fim as cobrará como suas. Naturalmente insuficiente e seguramente eleitoralista. Tal como o plantar de 1000 árvores, bem-vindas é certo, mas porquê só agora?
Subentendeu-se também a sua não crença na revalorização do verdadeiro acto fundador da cidade - as Termas - que por razões várias, mesmo as que escapam à jurisdição local, enfrenta sérias dificuldades de conversão e afirmação, e num contexto mais largo que inclui o Parque e a Mata, ex-líbris das Caldas, continuarão sob desvalorização e esquecimento.

Aguardo as próximas sessões, onde observarei com atenção as propostas e as reacções.

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2009-03-29

10 principles of good design

By Dieter Rams

Good design is innovative.
Good design makes a product useful.
Good design is aesthetic.
Good design helps us to understand a product.
Good design is unobtrusive.
Good design is honest.
Good design is durable.
Good design is consequent to the last detail.
Good design is concerned with the environment.
Good design is as little design as possible.

Back to purity, back to simplicity.
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2009-03-27

Caldas Welcome

Caros e queridos amigos arquitectos, designers (e outras profissões) e, especialmente para aqueles que tenham laços com a cidade de Caldas da Rainha. Como sabem sou um amante de arquitectura e o urbanismo, quer nos seus aspectos criativos e artísticos, quer nos seu contornos sociais e políticos. Foi apresentada há dias no Centro Cultural e de Congressos a iniciativa "Caldas Welcome", onde se procura pensar sobre a intervenção na cidade.
Nas últimas semanas tenho vindo a elaborar um conjunto de textos sobre diversos aspectos da cidade das Caldas sob o tema "Pensar a Cidade", parte inicial já no blog neste link, antes de ter conhecimento desta iniciativa. Diversas questões apontadas nessas linhas enfocam sobre a falta de estratégia e de ideias para o município.
Acontece que pelos vistos existem agora algumas, o que, não foge à crítica também inscrita no meu texto de que quando surgem o são em ano eleitoral...

Sem querer desvalorizar o trabalho do Vereador ou o empenho das equipas responsáveis por algumas soluções, nomeadamente ao nível de urbanismo e planeamento, parece-me à partida fogo de vista todas estas apresentações que sucederão ao longo dos próximos sábados - que sem dúvida farei por estar presente, e depois julgar sobre matéria concreta o quão belo poderá ser a luz desse fogo.
Porque a coexistência num ambiente urbano é muito mais que casa-trabalho-supermercado-casa. São espaços exteriores, o modo como o espaço urbano interage e molda o espaço vivencial entre cidadãos, equipamento urbano, veículos, natureza. Porque uma cidade são as pessoas e a história que elas fizeram, a cultura que nela inscreveram, a identidade individual e colectiva no qual se construiram por via dessa cidade.

Sendo assim, aproveito para, caso seja do vosso interesse, sugerir assistirem à apresentação deste projectos, pensar também vós sobre o que é uma cidade e como algumas soluções poderão ser elaboradas,quer no contexto que nos é mais próximo, como é Caldas da Rainha, quer no sentido mais genérico discutir e analisar como uma cidade do séc. XXI deverá ser.

- este sábado 28
Bar Pópulus, 21:30
“Evolução da cidade contemporânea”. (arquitecto Nuno Antunes)
"Cidade com identidade” (atelier TraçoMais)

- Sábado 4 de Abril
café do CCC, às 21h30
Marketing territorial e o futuro das cidades” (por Álvaro Cidrais)
“Museu da Água” (por Os Espacialistas)

- Sábado 18 de Abril
Mazagran Café, pelas 21h30
“Cidade em movimento” (vereador arq. João Aboim)
“Novo parque da cidade” (atelier Embaixada da Arquitectura)

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2009-03-26

Pensar a Cidade



ONTEM
A humanidade vive em grupos. Aldeias, vilas, cidades, ao longo de milénios, sempre nos reunimos em densidades mais ou menos intensas, e com isso moldamos esse novo espaço com vida, com construção, com crescimento, mudança. Com as cidades introduzimos espaços privados e públicos, de recreio e de comércio. Construímos habitação, locais de culto, equipamento administrativo e de lazer. Nas suas ruas nos transportamos para o trabalho e tantos outros sítios. Nos seus bairros fizémos amigos, jogámos à bola, brincámos. Por tantas vezes houve momentos trágicos e felizes. Nas cidades fizémos história, levantámos barricadas e fizémos revoluções. Nas cidades nascemos, vivemos, estudamos, casamos, trabalhamos, socializamos, morremos. A cidade é um compósito de emoções e de vida, de tudo isto que nos define enquanto indivíduos, de tanto que nos forma enquanto cidadãos. É um local único que a cada década se intensifica, cresce e se estrutura como sociedade particular, pois as cidades são as comunidades que nela residem e trabalham, mas também estas se moldam pelo modo como são feitas essas mesmas cidades.

HOJE
Contudo as cidades têm evoluído para formas não amigas do cidadão. O abandono dos centros, seja pela sua degradação, seja pela especulação imobiliária, afasta-os para periferias sem alma, mas trá-los de volta em invasões diárias de veículos e poluição. Tempo perdido em viagens e stresse equivalente à diminuição do conforto individual e familiar, no equilíbrio social e económico, na escassez de liberdade para divertir, respirar, melhor viver.
Os problemas que as cidades hoje enfrentam foram construídas ao longo de décadas de desleixo, insensatez, substancial demanda de espaço para cada vez mais migrantes, desinteresse pelo bem comum, desentendimento de que uma sociedade desenvolvida é apenas construída sobre objectivos, planeamento, equilíbrio, justiça e natureza. A sustentabilidade das cidades, que ao longo deste século se tornaram em aglomerados cada vez mais numerosos e densos, está posta em causa pelas condições, práticas e políticas actuais. Os factores de desenvolvimento das sociedades estarão lesados ou diminuídos se o status quo se mantiver. Urge portanto, promover o debate, questionar quem de direito, encontrar soluções, encetar mudanças. O paradigma presente não colhe - há que alterar o modo como construir o futuro, ou melhor, elaborar mecanismos e projectos que possam edificar um amanhã para todos co-habitarem.

AMANHÃ
As cidades do futuro não são projecções futuristas, irrealistas ou utópicas. A cidade de amanhã deve ser fundada sobre os valores que dela fizeram algo especial - a história, a cultura, a economia - em conjugação com o equilíbrio e a originalidade; na inclusão da diferença e o respeito pela natureza; numa reestruturação urbana e arquitectónica combinada com verdadeiros espaços verdes, vias de comunicação e equipamento habitacional e público em concordância com o espaço que a rodeia, eliminado a ocupação desordenada do território; reduzir elementos factores de poluição. Ou seja, pensada e trabalhada por técnicos e políticos, com profissionalismo, dignidade e ética, empenhados em contribuir para a comunidade.
Uma cidade tem uma imagem a defender, a preservar, a projectar. As novas urbes do século XXI não sobreviverão sem um plano estratégico que não seja atractivo, de desenvolvimento, e coerência sustentáveis. Necessita de uma identidade própria que a defina - encontrar boas razões para que as pessoas tenham um sentimento de pertença e orgulho; evidenciar nos planos social, económico, cultural e regional a construção de um conceito de Place Branding - ou Marca Local. Este pressupõe analisar factos e problemas existentes, pensar soluções de desenvolvimento, elaborar conceitos alternativos e criativos que, assente na realidade dessa mesma cidade ou região, possam dotar o local com factores e eventos de competitividade e appeal, para habitantes, negócio e turismo, assente em valores de confiança, prestígio, cidadania e solidariedade. A cidade deve evidenciar as suas potencialidades e solucionar as suas debilidades. Promover a participação dos cidadãos nos aspectos político e social, de discussão pública, de responsabilização colectiva.
Maus exemplos abundam por tudo o que é sítio. Mas boas cidades existem por exemplo na Europa, no Canadá e nos EUA.
Contudo o que interessa agora é colocar as questões necessárias e elaborar sobre esses bons exemplos e outras boas ideias no que nos é mais próximo. O local onde cada um de nós vive é precioso de diversas maneiras. A nossa participação, individualmente ou em grupo, não deve ficar restrito (pese a costumeira abstenção) aos actos eleitorais. Não devemos ficar refém de promessas vagas ou de encher o olho. Ou inconformarmo-nos, ou julgar mal. Cabe-nos agir, pelos meios que forem possíveis, pelo bem do sítio onde vivemos, pela defesa da honra e da justiça, contra caciquismos e falsos altruísmos, inépcia e inconsequência. Pois a construção de uma sociedade justa, civilizada e moderna parte de dentro para fora, de baixo para cima. Cada indivíduo é um cidadão. Cada cidadão é responsável pelos seus actos. E cada acto bem pensado pode fazer a mudança.


Publicado na Gazeta das Caldas de 10 de Abril

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2009-03-18

Keep Calm and Carry On



Um poster feito por um simples cidadão por alturas dos ataques V2 a Londres, na Segunda Guerra Mundial, está a voltar a fazer furor no Reino Unido face à crise cada vez mais densa.
O poder da mensagem escrita, num contexto de união de valores comuns, de modo a dar a volta por cima.
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A poster made by a simple english citizen when London was under the V2 bombings, during World War II, is making a very interesting return int the UK due to the ever deeper crisis.
The power of the written message, in a context of common values gathered to make the best of it.

via The Guardian.
http://www.keepcalmandcarryon.com

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2009-03-17

A mais bela Rainha do Mundo / The most beautiful Queen of the World



Porque a fascinante beleza exterior de Rania da Jordânia é batida pela simplicidade e empenho firme demonstrado no seu importante trabalho, quer no contexto regional e cultural, quer no seu contributo para melhorar o mundo.
Que pode ser visto aqui e aqui.
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Because the fascinating outer beauty of Rania of Jordan is beaten by the simplicity and strong commitment demonstrated in her most important work, in the regional and cultural environment that is the Middle East, and her contribution to a better world.
That can be seen here and here.
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2009-03-16

Paris XXI


The proposals by Richard Rogers' group aims to unite Paris's disparate communities.
Photograph: Rogers Stirk Harbour + Partners


França possui uma larga tradição de obras de regime. O Palais de Versailles, l'Arche de Triumphe, Centre Georges Pompidou, a Pirâmide do Louvre, l'Arche de La Defense, o Musée du quai Branly. Edificadas por ordem de reis, imperadores e presidentes, todos eles personificam a grandeza da nação na imortalização do seu autor moral. Chegou a vez de Nicholas Sarkozy "instituir" a sua obra de regime. Contudo ele consegue ir mais longe promovendo uma revolução urbana para Paris quase a jeito do Plano Hausmann do século XIX. Foram consultados arquitectos franceses e internacionais para elaborarem ideias para a Grand Paris do séc XXI - projectando-a moderna, sustentável e mais humana. Existe uma magnífica oportunidade para arquitectos e urbanistas, sem esquecer outros intervenientes (especialistas sociais, associações, habitantes) num enorme desafio, em pensar e redesenhar uma cidade - tão somente a cidade mais visitada do mundo - de acordo com os novos conceitos urbanos, habitacionais, vivenciais, sociais e ambientais.

Se tudo é design, tudo também é política. O modo como a sociedade e o poder político interagem define como ambos constroem a sua identidade individual e colectiva, os seus propósitos e objectivos. As obras de regime, por mais transversais que sejam no seu uso e importância pública, são evidentemente armas políticas sem contestação.
A sede de querer ficar na história por se ter feito isto ou aquilo e, seguramente mais do que nunca a frase "à grande e à francesa" estará tão bem aplicada, revelam a importância que sucessivas presidências francesas têm (tal como os regimes anteriores) em deixar marcas físicas, especialmente na capital, é deveras curioso. Mudar leis, elaborar outras, não é marcante o suficiente. O ímpeto de deixar um qualquer sólido na urbe (as esculturas não contam para este campeonato), não é exclusivo de franceses. A necessidade de afirmação, o avolumar do ego ("eu fiz isto"), o desejo de imortalidade, são aspectos que definem o carácter humano, sendo exponenciado quando se detém "o" poder. Assim, estas construções arquitectónicas são demonstrações de Poder, tal como as Pirâmides o foram. E Nicholas Sarkozy terá o seu nome associado à renovação de Paris, marcando indelevelmente a cidade bem para lá do séc. XXI.


Parisian architect Roland Castro's vision for a greener Paris in La Courneuve.
Photograph: Castro Denisoff/AFP/Getty Images

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Comentário de Silvino Silva

É pertinente pensar que, apesar das mudanças de regime (ainda por cima desde, pelo menos, o tempo dos faraós), a Humanidade tenha aprendido tão pouco e continuemos a dar valor a um mar de parasitas narcisistas de dimensões impressionantes. Aquilo que eu gosto de designar por "vermes da história".
Pois, em vez de se valorizar o povo, a "arraia miúda" nas palavras do grande Fernão Lopes (na sua dimensão educacional e cultural, técnica e científica), verdadeiro interlocutor histórico, de forma a que este aprenda a conhecer o mundo (nas suas dimensões espacial e temporal-histórica) e, portanto, a conhecer-se a ele mesmo, e poder valorizar ambos, continua-se a deixar estes homens vulgares (porque realmente praticamente todos, com muito poucas excepções, almejam ficar na história, ser grandes e poderosos, famosos, e deixar uma marca imortal) desperdiçarem recursos absolutamente preciosos, na maior parte das vezes em autênticas inutilidades, por mais bonitas que estas possam ser.
Cidades "modernas, sustentáveis e humanas" são tudo palavras bonitas que servirão de pretexto para que, na prática, em Paris (e noutras cidades acontecerá o mesmo) vão-se traduzir em especulação imobiliária, acumulação de riqueza em cada vez menos gente, promoção de monopólios numa mão cheia de empresas dominadas pela mesma gente.
Vão surgir edifícios cada vez maiores e mais altos, que são tudo menos sustentáveis, pois tudo tem de vir do exterior e os gastos são enormes.
A questão da mobilidade em mega-urbes (excesso de trânsito) e a excessiva concentração de gente, com todos os problemas sociais que isso acarreta, a poluição, serão sempre problemas tremendos, com manifestas consequências nocivas para o planeta e a própria Humanidade. Ou será que vai haver a coragem de fechar Paris ao trânsito inútil, limitando-o ao mínimo indispensável e, em contrapartida, fornecer uma rede de transportes gratuita para todos, em que as únicas limitações deverão ser questões ligadas à higiene pessoal e apresentação, para manter padrões elevados de salubridade.
Será que o rio Sena vai deixar de ser aquela massa de "água" verde e pastosa, nojenta? Duvido!
Além disso, se realmente é para mudar Paris, então, primeiro que tudo, a cidade precisa dum curso global de Relações Públicas, pois o parisiense é, duma forma geral, pela minha experiência de contactos enquanto guia com outros povos (com portugueses, britânicos, italianos, espanhóis, brasileiros, alemães, suecos, finlandeses, japoneses, malaios, sul-africanos, canadianos, norte-americanos, angolanos, moçambicanos, cabo-verdeanos, russos, ucranianos, moldavos, romenos, checos, austríacos, húngaros, eslovenos, eslovacos, chineses, e até marroquinos, senegaleses... certamente esqueci-me de alguma nacionalidade de grupos que tenha feito), o "animal mais chauvinista à face da Terra, duma arrogância geral transcendental e insuportável, que tem a mania que a sua cidade é o centro do mundo, a melhor de todas, que tem tudo de melhor".
Paris tem edifícios espectaculares, mas está longe de ser uma cidade muito bonita, muito menos, "cidade-luz"; jamais trocaria a nossa Lisboa por Paris (e mais nunca fui um grande fã de Lisboa).

QUEM FAZ AS CIDADES SÃO AS PESSOAS, tudo o resto não passa de poeira para os olhos de ignorantes. E neste ranking o francês (e sobretudo o parisiense) está no fundo da tabela. É necessário reduzir o tamanho das cidades, torná-las mais humanas através da redução da sua escala, e não mais esmagadoras, símbolos pérpetuos da inveja humana, que quer ter uma urbe maior que a do vizinho só para se sentir maior e, portanto, supostamente melhor. É um fenómeno próprio do consumismo que se vê, por exemplo, na ideia generalizada de que possuir um "carrão" (grande, espaçoso e potente) é melhor do que ter um Mini, o que, dependendo das circunstâncias de cada um, não é necessariamente assim, até porque um carro grande consome mais e, por isso, mais dependente do exterior. O mesmo acontece com as mega-urbes.
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Meu caro amigo

De novo nos presenteias com um óptimo comentário. Contudo, compreendendo as tuas preocupações e, dando valor às tuas observações sempre pertinentes, devo acrescentar que dos projectos em causa existem propostas válidas, audaciosas e de facto objectivamente diferenciadoras para construir uma cidade nova.
Cada projecto criativo é, obviamente, sempre uma oportunidade de ouro para fazer algo novo. O desafio que se coloca neste caso - gigantesco é certo - foi considerado por muitos dos ateliers convidados como o projecto mais dificil e entusiasmante, inovador e percursor do seu trabalho. Porque o que podemos imaginar daqui é algo com muito mais importância e factor transformador que a edificação de Brasília. A capital do Brasil é toda ela monumental, expandindo-se sobre até aspectos principais da sua centralidade que pecam por defeito - as relações entre o ser humano, o espaço físico e o espaço natural. O projecto Brasília, mesmo que moderno e futurista, foi fruto das teorias urbanas e utopias sociais de 1950s. Os conceitos de cidade e urbanidade mudaram e melhoraram substancialmente nos últimos 60 anos, e só agora se vislumbra a possibilidade de serem aplicados com o apoio social e político. Se se observar alguns dos projectos, veremos que combinam em coerência a construção, natureza e habitante. Se o Homem faz parte de um todo, esse todo terá de fazer parte de si.

Mais do que nunca, pensar a cidade e apresentar soluções para nele vivermos é essencial. O modo como no futuro habitarmos neste planeta é definido hoje. Transformar as cidades pode ser uma tarefa hercúlea, mas é uma estratégia de habitabilidade que não podemos descartar. Com certeza que quem faz as cidades são as pessoas que nela habitam - mas é evidente que a arquitectura e o urbanismo molda o modo como essas pessoas se comportam e interagem. Renovar uma urbe não é um destruir-velho-construir-novo, é justamente por causa das pessoas, dos cidadãos, os habitantes das cidades, que pelos seus ideais, desejos, dificuldades, debilidades, e os valores de comunidade, trabalho, história que se pretende edificar um espaço digno para todos e o planeta em si.
Todos os factores negativos que rodeiam a construção serão forçosamente inevitáveis?

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2009-03-10

Pensa em Ti Campanha BES Poupança


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