2011-07-20

Europa moribunda

Reza a lenda que Zeus capturou a bela Europa sob a forma de um touro branco. Milhares de anos depois, o deus do Olimpo é representado pela cobiça dos mercados que mantêm refém a Europa, perdida na sua inércia, enganada no seu rumo, moribunda por carência de audácia política. A falta de visão estratégica da União Europeia prossegue, toda ela se move vagarosa nas decisões, recheada de calculismos egoístas, incapaz de soluções, demolidora dos ideais de solidariedade e progresso comuns.

A verdade dos factos tem conquistado mais adeptos do que sempre defendi: o federalismo. O que demasiados Tratados não souberam fazer, muitos países recearam ou repudiaram. O avanço na aproximação económica há muito que deveria ter tomado um caminho paralelo interligado, na comunhão política como um governo único. A estrutura da comunidade actual está danificada quase até à raíz, assente em pilares confusos, sem poderes e sem estratégia. O desnorte existente, quer por parte da Comissão, de um denominado Presidente da UE apenas protocolar, e dos países membros tem levado a União Europeia à beira da ruína. Presos pelos interesses individualistas da Alemanhã e da França, tudo o resto não se move. As duas maiores economias da Europa têm todos a seus pés pelas piores razões. Tudo isto nós sabemos. Tal como a evidente falta de líderes à altura dos desafios

A Europa clama por mudança, séria e audaz. A Europa precisa de liderança, visão e estratégia. Necessitamos de uma nova orgânica política e social da UE. Necessitamos de um governo eleito por todos os europeus, tal como os eurodeputados o são. Urge recuperar o ideal de progresso comum e o crédito internacional de um projecto único. É absolutamente essencial que também nas instâncias europeias os cidadãos façam parte do processo político - aproximando-os com verdade, transparência e responsabilidade. O sucesso da Europa está nas pessoas e nas suas capacidades, numa estratégia comum integradora, progressista e solidária.

Arrastar o problema nunca foi solução eficaz, mas andamos nisto há anos. Se a Europa não der um passo novo, a sua condição moribunda prevalecerá até um desfecho inaceitável.
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