2010-03-15

uma laranja não é uma laranja é uma laranja

"Quando escorraçaram [das listas do partido] o Passos Coelho foi nessa noite que perderam"
Fernando Costa, líder da Distrital de Leiria, Presidente de Câmara de Caldas da Rainha, disruptivo como sempre, no seu discurso tocou com pertinência e acutilância diversos aspectos fundamentais deste PSD.

Pois o PSD é uma coisa e quer ser outra. Quer saciar-nos a sede mas ambiciona embriagar-se com o Poder. Este partido é uma coisa e o seu contrário. É um notável grupo heterogéneo de muitas cabeças bem-pensantes e bem-falantes mas que não encontra, ou não consegue definir bem o que é e para onde vai. Não é capaz de conceber um projecto agregador de ideias comuns, esbarra na inconstância individual de vontades e não-avanços. Enreda-se em teias de conflito e vingança, intolerância e falsas ideias. Não entende, não planeia, não comunica uma política nova, uma ideia modernizadora para um tempo bem longe e diferente da maioria cavaquista.
Atropela-se em discussões contrárias não assimilando no seu âmago os discursos claros e eloquentes de alguns dos seus membros. Perde oportunidades e possibilidades de inspiração colectiva, despotencia o seu próprio material. Cai no jogo constante de interesses mesquinhos e inválidos.

Um partido que não consegue afirmar-se uno e actual, invejoso de outros e saudoso de tempos passados, nunca evidenciará razões de alternativa suficientemente fortes, por muito dinâmicos que os seus congressos sejam.
A importância das ideias, sejam de mudança, ruptura ou unidade - de qualquer partido - de nada valerão se não oferecerem ao eleitorado consistência, substância, credibilidade, diferença, inspiração, esperança.
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