2005-09-23

o fim?

Todos os acontecimentos/catástrofes naturais ocorridos no último ano apontam, cada vez mais, para aquilo que (de forma talvez "exagerada") vimos no filme "The Day After Tomorrow". As alterações climáticas, particularmente aceleradas desde o início da Era Industrial e toda a actividade humana cada vez mais intensa, tornam o nosso futuro comum em algo de apocalíptico.

No fim do ano passado o terramoto enorme que produziu um tsunami de proporções bíblicas, a seca interminável na península Ibérica, as chuvas torrenciais em pleno verão no centro e leste da Europa, há duas semanas a força imensa do furacão Katrina que deixou New Orleans fantasma e debaixo de água, agora aproxima-se o furacão Rita talvez ainda pior. As forças energéticas e climatéricas, as composições químicas como a camada de ozono andam de tal modo "stressadas" que, como neste novo artigo do Independent relata, já não há volta a dar. Ao longo das próximas décadas, todos este problemas se agravarão, e colocarão a Humanidade em situações adversas e irreversíveis. Se já hoje nos confrontamos com as (sucessivas) crises económica e social, que derivam cada vez mais na aversão e/ou contestação política, e nalguns pontos culturais, para não mencionar a gravidade do terrorismo internacional assente da radicalização religiosa e civilizacional.
Não vejo os dias do futuro risonhos e amistosos. Se pensarmos que cada vez mais fácil se tornará a aquisição de armamento nuclear por parte de alguns Estados menos recomendáveis, e até parar às mãos da Al-Qaeda pouco faltará. Se analisarmos bem o facto de que no Médio Oriente ou em África podemos "assistir" a conflitos armados devido à escassez de água... E a concentração social de cidades cada vez mais congestionadas, socialmente pobrecidas e conflituosas, na Ásia, África e na América Latina. A sucessão de acontecimentos infelizes provocarão o declínio e o fim das civilizações? Estará o fim próximo?

O meu pessimismo alimenta-se da negatividade e realidade diárias. Social, cultural, politicamente. Na constatação dos factos que nos rodeiam. Na insignificância de certos problemas ou assuntos levantados a notícia de prime-time. Na ignorância colectiva do que realmente importa - ajudar, lutar, planificar por melhores condições para todos. A dificuldade que sinto, e de certo muitos sentirão, de poder fazer mais por aqueles que nos estão próximos, essencialmente por aqueles que sofrem o inferno na Terra, em diversas partes do globo.

Costumo dizer que os Cavaleiros do Apocalipse há muito que por aqui andam. Desde há quase 100 anos, em qualquer ponto do planeta se nota o "subtil" rasto da sua passagem. Temos guerras incontáveis e intermináveis. Temos doenças novas e arrepiantes. Temos destruição e insegurança constantes. O mundo está cada vez mais perigoso, e cada vez mais contra si próprio, e agora também as forças da natureza se revoltam contra nós.

Mas como viver o dia-a-dia, pensando assim? Por vezes é complicado. Mas é importante idealizarmos a nossa vida pela justiça, pela paz, pela fraternidade, pelo amor. No íntimo, é o que todos queremos, mas talvez tenhamos vergonha ou qualquer impossibilidade de o praticar. Se caminhamos para o fim, resta-nos a diginidade e o dever de sermos bons indivíduos e bons cidadãos. Vago? Cada um saberá/fará o seu caminho.

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