2011-02-07

O país inteiro deve deixar de se sentir parvo


Têm feito de nós parvos. E tão parvos todos temos sido. Ano após ano. Governo após governo. Década após década. Crise após crise.
Mas finalmente, a percepção colectiva da urgência de actuar, da necessidade de mudança, está a alargar-se cada vez mais. Todos sentimos isto, e vai crescendo. Sinónimo disso é o surgimento de movimentos no facebook.
O sinal mais recente - e mais mediático - foi há dias quando Deolinda actuou no Coliseu do Porto com uma cançao inédita. Em menos de um fósforo, "Parva que eu sou", está a tornar-se num hino de verdade e de revolta. Quando Ana Bacalhau entoa “sou da geração do já-não-posso-mais / que esta situação dura há tempo demais” isto é um claro grito de raiva, é um clamar à acção.

O MediaMarkt tem como horrível campanha/slogan "Eu é que não sou parvo". Talvez agora, na reacção à verdade da canção dos Deolinda, na necessidade de intervir, gritar contra tantos responsáveis (ou irresponsáveis) também esta frase "eu é que não sou parvo" porque esta situação dura há tempo demais.
Não basta pedir a demissão do governo. Alternância em que nada muda não é solução. Há muito engano, muita mentira, muita demagogia. Há muita incompetência, muito deixa-andar, muita inoperância, muita desresponsabilização. Há muita desconfiança, muita crispação. Há muita impaciência, muita desigualdade, muita dificuldade, muita incerteza.

As manifestações pela mudança e pela democracia no Egipto são um óptimo exemplo a seguir. A coragem e a lucidez, a força e a capacidade colectivas demonstradas são alavanca primordial para agir, para mudar a situação.
A Democracia está doente, o país está enfermo. É preciso mudar! É necessário alterar o sistema político, afinar a sua representatividade e exigir responsabilidade.
Eu quero deixar de me sentir parvo.
O país inteiro quer deixar de se sentir parvo.
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