2007-12-21

Boas Festas

2007-12-15

Niemeyer 100



"Ora não me venha com conversas, 100 anos é uma merda... Posso dizer merda numa revista?"

"Arquitectura não é importante. Importante é a vida. Passei a vida sobre a prancheta mas, para mim, a política importa mais do que a arquitectura. Quem não é solidário, quem não se preocupa com a miséria, pode ser o melhor profissional e ficar rico, mas é um cretino."

"Arquitectura é a arte do espanto, feita para comover o povo. Falam tanto em 'função', mas acredito, como Le Corbusier, que a Bauhaus é o paraíso da mediocridade. No entanto, veja que beleza esse capricho nada funcional, as pirâmides do Egipto, no meio do deserto."
"Só um ateu faria projectos tão futuristas para uma catedral. O crente deslumbra-se com a ideia da nave, acredita na simbologia de encurtar a viagem e o caminho até Deus."

Visão 771 - 13 Dezembro 2007
Depoimentos recolhidos por Norma Couri


O Globo: Oscar Niemeyer, 100 anos, persegue arquitetura poética
Edição de Câmara Clara (RTP2) dedicada ao mestre (ver em wmv ou realvideo)
Casa das Canoas (aqui)

Clarice Lispector, nas suas crónicas no Jornal do Brasil,
escreveu em 1970, sobre Brasília o seguinte:

"Brasília é construída na linha do horizonte. Brasília é artificial. Tão artificial como devia ter sido o mundo quando foi criado. Quando o mundo foi criado, foi preciso criar um homem especialmente para aquele mundo. Nós somos todos deformados pela adaptação à liberdade de Deus. Não sabemos como seríamos se tivéssemos sido criados em primeiro lugar e depois o mundo deformado às nossas necessidades. Brasília ainda não tem o homem de Brasília. Se eu dissesse que Brasília é bonita veriam imediatamente que gostei da cidade. Mas se digo que Brasília é a imagem de minha insônia vêem nisso uma acusação. Mas a minha insônia não é bonita nem feia, minha insônia sou eu, é vivida, é o meu espanto. É o ponto e vírgula. Os dois arquitetos não pensaram em construir beleza, seria fácil: eles ergueram o espanto inexplicado. A criação não é uma compreensão, é um novo mistério."

2007-12-13

Uma Nova Europa



2007-12-12

the Puppet Show

2007-12-07

oportunidade x oportunismo


Foto tirada no Lubango, Agosto 2006

E assim foi. Mugabe está cá, Gordon Brown recusou-se a vir. Se Mugabe não fosse convidado, vários países africanos fariam boicote. Um símbolo pode ser considerado como tal quando é tão óbvia a sua demência?
Sete anos após a primeira cimeira UE-África, a segunda edição esteve por um fio. Mas a questão que fica, ainda antes do encontro se iniciar - para que serve? Quais as verdadeiras razões? Valerá a pena? É minha convicção que esta reunião é importantíssima. A Europa necessita de encetar, como um todo, um diálogo com África, afirmar-se para si e para o mundo como um bloco económico com uma consciência social efectiva enquanto política exterior. Então é só para encher o ego, perguntar-se-á. Sim e não. Neste fim-de-semana reforçam-se os alicerces da Europa unida e humanista, farol da democracia e blá, blá, blá. Tudo em que acredito, não desdenho, mas de facto importante e que desejo que seja o menos visível desta cimeira. O que está em causa aqui estão outras duas razões: a China e África. Desde a cimeira do Cairo em 2001, o "Império do Meio" já teve uma mão cheia de encontros com África, e temos visto bem os dividendos que os chineses têm retirado do continente negro. Mas existe um problema: a China quando investe ganha muito mais do que aquilo que retribui - é a tecnologia, o dinheiro, a mão-de-obra inteiramente chineses que, quando acaba o trabalho regressa tudo a casa. Qual é o legado que a China deixa em África? O máximo são as estradas - que eu bem vim em Angola o ano passado - que passados meses está em más condições de circulação. A China retira petróleo, gás e outras matérias-primas. A China "impõe" a sua influência, dá dinheiro fácil para administrações corruptas, "impede" um verdadeiro crescimento e desenvolvimento sustentado de África.

A Europa pode e deve ser o oposto. Mas deve abandonar de vez os tiques colonialistas. Assim como África tem de erradicar a vitimização anti-colonial. Esta cimeira pode ser o inicio de uma nova oportunidade. Contudo seria preciso uma cimeira para isso? A diplomacia funciona tanto ou mais nos bastidores, mas aqui existirão diversas conversas intercalares. É é urgente mostrar a todos os intervenientes e ao mundo como a aposta em África pode ser uma conquista para um futuro melhor. A interdependência dos povos no mundo globalizado necessita de políticas e relações de cooperação eficazes por forma a combater a pobreza, a guerra e as alterações climáticas, por forma a melhorar a governação e o respeito pelos povos e os direitos humanos. São estas as áreas-chave que estão sobre a mesa. Durante demasiadas décadas se olhou para África como um continente perdido. Chegou a hora de mudar isso, pelas pessoas, pelo continente, pelo planeta. Os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio da ONU têm de ser aplicados.

E quanto às "persona non-grata"? A ausência do PM britânico tornar-se-á menos sentida que a presença do senil Mugabe. Durante semanas que se tenta evitar a ideia que seja, somente, uma cimeira UE-Mugabe. É necessário não empolar demasiado a sua presença, mas chamar à atenção de todos sobre as atrocidades que são cometidos em África todos os dias. De início o que parecia uma posição nobre e de força, parece-me agora uma atitude individual e com menos resultados práticos que o desejado.
De 53 países, apenas meia-dúzia se pode apresentar como verdadeiramente democrático ou livre. Segundo escrevem David Miliband e Doulgas Alexander do Foreign Office "o primeiro-minstro britânico não estará presente - devido à nossa preocupação com a tragédia que se está a desenvolver no Zimbabwe, que afecta pessoas de todas as raças e que acreditamos ser culpa de Robert Mugabe". Então e no Congo, no Sudão, nos Camarões, no Chade, na Etiópia, na Somália, onde a guerra, a miséria e o despotismo são tão ou mais graves que no Zimbabwe? Há meses que se tenta na ONU uma solução para o Darfur - há mais de quatro anos que milhares de pessoas sofrem e são mortas naquele território, no que há muito se considera um genocídio. Fez-se finca-pé à presença do presidente do Sudão em Lisboa?
Nos meandros diplomáticos há que falar com todos, mesmo com aqueles que possamos detestar. É a nossa força e superioridade ética e democrática contra a sobranceria e o despotismo. A conversar é que a gente se entende, não é? A UE perde aqui uma oportunidade de falar a uma só voz...

A nova relação com África deverá ser de parceria, estratégica e humanista. O humanitarismo não deve terminar, mas é uma visão que não deverá ser considerada como a única. É com cooperação aberta, laços fraternos, políticas de desenvolvimento e atitudes nobres que devemos construir uma África do futuro, com futuro, para o futuro. O continente africano é uma das maiores riquezas do planeta com os seus imensos recursos naturais, a extraordinária biodiversidade, e sua magnífica multiculturalidade. A nossa esperança enquanto verdadeiros cidadãos e civilização democrática e livre pode também residir em África.

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Comentário de Silvino Silva

Dizes bem quando olhas para África e, realmente, apontas que déspotas é coisa que lá não falta, até aí em absoluto acordo. Mas também se pode dizer que, desde o fim do colonialismo, é a interferência externa e em grande medida ao bajular da escumalha política do Ocidente que, em busca da delapidação sistemática dos recursos locais africanos, mantém elites ditatoriais no poder.

Prender o senhor Robert Mugabe do Zimbabwe, o senhor José Eduardo dos Santos de Angola, e levá-los para serem julgado no T.P.I. de Haia, com os restantes tiranos, é acima de tudo um dever moral da Europa e de todos os países, ocidentais ou não, que se auto-intitulem, como democráticos.

"Não é a falar que nos entendemos", chega de "falinhas mansas", mas antes é com acções concretas que demonstrem efectivamente que os valores que os governantes ocidentais dizem defender não passam de palavras vãs.

A juntar aos tiranos, africanos ou de outras origens, está na altura de começar a levantar a voz contra gente tão hipócrita como Durão Barroso e José Sócrates, entre outros governantes europeus, que vão sendo coniventes com situações anti-democráticas.

Deixem-me recordar o recente "namoro" Sócrates-Hugo Chavez, da Venezuela, o pseudo-democrata que limita cada vez mais a liberdade dos venezuelanos... Viva o petróleo, já que as pessoas não contam.

Deixem-me recordar também o célebre caso das O.G.M.A., em que o senhor Durão Barroso (então Ministro dos Negíocios Estrangeiros), achou bem que Portugal interferisse a favor dum dos lados da guerra civil angolana, aniquilando até hoje qualquer possibilidade de vir a haver verdadeiramente uma democracia naquele país, tão caro aos Portugueses.
A Angola do século XXI tem no seu presidente um dos homens mais ricos do mundo, no entanto o povo vive miseravelmente. Doenças que estavam praticamente erradicadas no tempo do colonialismo português (como a tuberculose e a doença do sono), já para não falar da malária que então tinha um quadro bastante mais favorável, constuituem hoje autênticas pandemias.

Mugabe on Zimbabwe

2007-12-06

My name is





2007-12-03

miriam