2005-08-22

London experiences



Foram óptimos os dias vividos na capital britânica. Nem queria regressar. Vimos museus, ruas, edifícios, o rio, os parques, o mundo inteiro. Vimos limpeza, organização, educação, respeito, natureza, funcionalidade. Vimos tudo aquilo que gostaríamos de ter em Portugal - excepto a comida, claro. Nada lá se assemelha ao nosso triste país: as coisas funcionam, o trânsito rola devagar e com respeito, os jardins abundam, a calma e o trabalho coexistem harmoniosamente. Civismo e cidadania são elementos comuns aos Londrinos, valores pouco vistos por cá.

Enquanto lá estive pude esquecer-me deste rectângulo, embora fosse espreitando diariamente o site do Público - com notícias cada vez mais deprimentes: os incêndios, o calor abrasador, as polémicas e tricas políticas - e criou em mim um curioso sentimento de alienalidade, longe da vista mas também longe do coração, arrumando no mais escondido armário da mente, as cousas que nesta terra se passaram. Um contraste imenso com o modo de vida britânico, a forma de a encarar que, apesar da ameaça do terrorismo, nunca a pôs em causa. Em todos os museus os visitantes eram revistados - particularmente no National Gallery, como se de um aeroporto se tratasse. Impressionante o equipamento e a presença das forças de segurança que, longe de tornar o ambiente securitário, proporcionava uma sensação de confiança.
Não se ouvem buzinas, há civismo na estrada, mas não há indicações nas ruas para destinos de médio alcance (!), pode-se circular de bicicleta sem problemas (ser uma cidade plana ajuda imenso...), e vêem-se tantos Bentley, Jaguar, Aston Martin, Rolls Royce e Porsches... Os pubs floridos e cheios de confraternização. A imensa multiculturalidade: o mundo inteiro reside em Londres. Os jardins como espaços públicos magníficos e relaxantes.

O dia do regresso foi o mais absurdo. Assim que saímos do avião sentimo-nos logo cá. Pejorativamente falando. As condições, a antipatia dos funcionários - é um
falso mito a simpatia dos tugas e a antipatia dos ingleses: por lá a boa educação e a cordialidade reinam, a alegria de servir o público, o simples encontrão na rua facilita um "I'm sorry". A espera de 20 minutos pelas bagagens (em Heathrow não passou de um minuto apenas), os WC sujos e sem papel (em todos os locais que fomos havia água quente, uma limpeza clínica e papel sempre), uma sensação de sujidade (que em Londres não se sentia e que possuía todas as ruas e espaços públicos limpos - que de tão limpos os caixotes do lixo eram difíceis de encontrar, mas omissos também por razões de segurança).
Os dias seguintes foram envoltos em silêncio e ouvidos (quase) moucos às misérias de Portugal. Não quero saber de mais nada, não
quero ouvir das invejas, das hipocrisias, da desorganização, da desfuncionalidade, das tristezas, das tragédias.

Londres é uma cidade de um mundo desenvolvido e civilizado. Quando fora, vemos bem as diferenças que existem.
O plano de viagem foi cumprido em 80%, havendo portanto a "necessidade" de regressar. Vimos o
National Gallery (sentia-me como um puto no mundo dos brinquedos), British Museum (enorme), National Portrait Gallery (uma surpresa) e o Tate Modern (desilusão expositiva, maravilha espacial). Estivémos em Hyde Park, Westminster, Chelsea, Convent Garden, Trafalgar, Camden Town, Kew Gardens, etc.
Os próximos posts - recheados de fotos - provarão a imensa satisfação da visita.

8 comments:

  1. Eu posso visitar todos os países do mundo, dos mais "civilizados" ou "3º Mundo" mas nunca, NUNCA, vou deixar de estar feliz por regressar ao meus país! E isto não é nenhum patriotismo bacouco, é apenas amor a este rectângulo desorganizado.

    Raquel

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  2. Bem-vindo ! Já sentia a falta de um "blog" que saia da infernal lógica de luta política- partidária por tudo e por nada, nomeadamente dos incêndios !
    Continue a enviar-nos as suas belas imagens e textos pode ser que fiquemos mais bem dispostos.
    Cumprimentos,
    António P.

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  3. Infelimente é verdade, sair deste pais é tomar um banho de civilização, principalmente se for para Londres.

    Só há um sentimento que partilho de forma diferente - no regresso, mal se chega ao check-in de qualquer aeroporto com destino a Portugal, já nos sentimos em casa, a fila já se organiza de forma diferente e normalmente há uma confusão qualquer.

    É a triste realidade...

    Gosto de Portugal, mas com tanto sitio para me largar logo havia a cegonha de acertar neste rectangulo - devia de andar a treinar a pontaria :-(

    Bem vindo...

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