2009-10-28

Blair is not The One

Benoit Tessier/Reuters

Because Tony Blair has an eternal ghost called Iraq. Because even as the most european prime-minister in decades the UK had, he did not stregthen the ties of Britain within the european project. Because the job wasn't made for him. Because Tony Blair is no longer the star in international politics.

Because the European Union is not a federation, nor a uniform and one-voice political project. Because the path of the european build-up is long and the Lisbon Treaty, not being perfect, is stil the best common stage to move forward. Because the President is not elected by the citizens. Because Europe needs a european vision.


All the respect and admiration for Tony Blair (not excluding the disapointments) are not enough to support his bid to the job. I've said it before (here and here).

However, there is no other person in Europe with the "grandeur" of Blair. And the illusion of an american-style presidency helped to maintain the wish of many. Tony Blair included. The usual "guerrilla" among big and small countries will dictate who will get the job. Getting it is an eternal european-style negotiation.


Teresa de Sousa perfectly summarizes a concern I share:

"You can feel the outcome. A small Europe. And a lost opportunity. The opposite will occur within the order of miracles. For example, if the presidents can be from the same party, then they can also be from the same region. At least Felipe González would be something. A good thing."


Copyright © Martin Rowson 2009


Blair não é o Escolhido


Porque Tony Blair tem uma bagagem eterna chamada Iraque. Porque mesmo sendo o Primeiro-Ministro britânico mais europeu das últimas décadas, não aprofundou a integração do Reino Unido no projecto europeu. Porque este posto não foi feito para ele. Porque Tony Blair não tem mais lugar cimeiro na política internacional.

Porque a União Europeia não é uma federação, nem um projecto político uniforme e uníssono. Porque o caminho da construção europeia é longo e o Tratado de Lisboa não sendo uma etapa perfeita ainda é o melhor caminho consensual de avanço. Porque o Presidente não é eleito pelos cidadãos. Porque a Europa precisa de uma visão europeia.


Todo o respeito e admiração por Tony Blair (sem excluír as delisusões) não chegam para eu apoiar sequer a sua candidatura. Já o disse em vezes anteriores (aqui e aqui).

Contudo, a grandiloquência de outra personagem como Blair é inexistente. E a ilusão de uma presidência à americana contribuiu para acalentar o desejo de vários. Tony Blair incluído. A costumeira "guerrilha" entre países grandes e pequenos ditará quem deverá ficar com o lugar. A atribuição do posto é uma negociação eterna à europeia.


Teresa de Sousa resume no essencial e na perfeição uma preocupação que partilho:

"Já se pressente o resultado. Uma Europa pequena. E uma oportunidade perdida. O contrário será da ordem dos milagres. Por exemplo, se os presidentes podem ser do mesmo partido, então também pode ser da mesma região. Ao menos Felipe González já era alguma coisa. Era uma boa coisa."

_

2009-10-27

Colección Pensamiento Crítico






O jornal Público espanhol - uma bela referência de design editorial - tem em distribuição aos sábados uma óptima colecção literária (designada Pensamento Crítico) com excelentes capas da responsabilidade do seu Director de Arte Fernando Carballo.

_

2009-10-25

2009-10-23

muito barulho para nada



Tudo é questionável. Dificilmente existem verdades absolutas, frequentemente elas se revelam absolutamente falsas. O que poderá existir sim são factos absolutos, tal como o dia se segue à noite, e a Lua orbita a Terra. Questionar não é denegrir, cair na agressão. Pode por-se em causa, argumentar e demonstrar com outra visão, outra leitura, outras provas. Foi assim que fez Richard Dawkins com a sua tese "The God Delusion", não isenta de polémica claro, porque tocar na religião é assunto delicado.


Eu gosto de José Saramago. Aprecio a escrita, louvo-lhe a frontalidade. "O Ensaio sobre a Cegueira" e "Ensaio sobre a Lucidez" são romances pertinentes e escrutinadoras das fraquezas, dissonâncias e direitos do ser humano numa sociedade estranhamente menos comunitária do que (pr)entende ser. Até hoje "O Evangelho de Jesus Cristo" se mantém como uma das obras que mais gostei de ler. Entrar numa outra realidade, confrontarmo-nos com outras possibilidades não nos comete contra isto ou aquilo, apenas nos potencia enquanto humanos ao direito e ao dever da dúvida e da busca do entendimento. É do conhecimento geral a condição de ateu de Saramago, que não advém necessariamente por ser comunista. Contudo, quando afirma "posso ser ateu, mas não sou tolo" ao justificar o conhecimento da Bíblia para escrever esta obra e o mais recente "Caim", a sua análise verbal nos últimos dias assenta sobre considerações polémicas desnecessárias e algumas delas falaciosas roçando uma visão tão anti-religiosamente fundamentalista quanto o religioso mais fundamentalista. Dizer que Deus desde o sétimo dia de descanso nada fez é uma ideia tão disruptiva como engraçada. "Isto tem algum sentido?" indicia que os crentes são idiotas. Com "a Bíblia é um "manual de maus costumes" e um "catálogo de crueldades" Saramago está a confundir a árvore com a floresta. Primeiro, o Deus castigador a que se refere pertence somente ao Antigo Testamento, e sim está repleto de regras e atitudes ignóbeis. Segundo, não é essa a leitura essencial dessa obra magnífica, e digo-o não por razão religiosa, mas pela imensa força cultural que teve e tem ao longo de milhares de anos e milhões de crentes em todo o mundo, sendo comum a cristanismo, judaísmo e islamismo. Mesmo que matar em nome de Deus tenha sido o maior erro da Humanidade.


José Saramago não foi intelectualmente sério, e ele sabe-o. A Bíblia é um conjunto de histórias diversas, algumas factuais, muitas delas simbólicas onde, como diz Carlos Fiolhais no Público "tão errado é levar a Bíblia à letra, aceitando o que lá está" como "recusando o que lá está". Cada um acredita no que quer, e entende como lhe aprouver. A nossa liberdade individual permite-nos isso. E questionar a fé não deverá sê-lo com palavras menos honrosas e desrespeitadoras. "Lê a Bíblia e perde a fé!" não é necessariamente ofensivo, mas demonstra novamente com laivos de intolerância que quem acredita está tão profundamente errado como dois mais dois serem igual a três.

As reacções mais loucas vêm de quem pode não merecer crédito, como Sousa Lara, o famoso "censor" que faria novamente o mesmo e com esta obra também, e que no fim Saramago terá o seu castigo adequado, e um eurodeputado do PSD que insta Saramago a renunciar à nacionalidade portuguesa. Quanto menos humorados e mais fechados na sua fé, mais a afronta sentida, o que não abona a favor dos próprios nem para a discussão.

No fundo andámos estes dias a discutir patetices, como na crónica de Vasco Pulido Valente que arrasa Saramago ("...tem 80 e tal anos, coisa que não costuma acompanhar uma cabeça clara") - que discordo - e todos aqueles que se escandalizaram com um farsa ("extraordinária importância que lhe deram criaturas com bom senso e a escolaridade obrigatória").


"O Homem inventou Deus e escravizou-se dele" não é novidade nem exclusivo de José Saramago mas, ao aparentar de tempos a tempos estar contra Deus no fundo está a aceitá-lo mais do que a negá-lo. Somos todos frutos de uma realidade social e cultural judaico-cristã, que o próprio autor não o nega, eu próprio com conhecimento sobre a matéria tenho muitas dúvidas. Mas quando 95% da população mundial se afirma crente, podem os restantes 5% bradar que a maioria está errada? Mais aceitável será o ser humano poder viver sem religião mas que não pode viver sem espiritualidade.


O livro não deverá ser tão polémico como as palavras proferidas pelo autor. Li o primeiro capítulo em pré-publicação e achei-o fresco, livre, engraçado e pertinente, ficando com muita vontade de ler o resto. E com a técnica "falem bem ou mal, desde que falem" a promoção extra do livro está garantida, e no fim ver-se-à que, nas palavras de Shakespeare, foi muito barulho para nada.

_

2009-10-19

The Fun Theory


The Fun Theory, an initiative of Volkswagen


info via ionline.pt
_

2009-10-15

2009-10-13

Travadinha



O melodioso encanto doce e sublime (quantos mais adjectivos posso usar?) dos sons cristalinos de Cabo Verde. Já tinha ouvido falar deste fabuloso músico chamado Travadinha.
Hoje, a ouvir em podcast as emissões de Planeta3 da Raquel Bulha, em entrevista à excelente novidade chamado Bilan - que referencia Travadinha - ouço uma sonoridade eclética (não é o video acima) mas bem morabeza.
_

2009-10-08

Pela mudança



Há cidades que definham há vários anos. Mas em eleições autárquicas sucessivas não sei se ignorância, desleixo ou simples não visão de uma maioria de eleitores, os mesmos ganham sempre. Não se pode afirmar que nada fizeram - fazem o básico, o quase indispensável, entre algumas "glórias" graças a comparticipações extras via Estado ou União Europeia. Contudo em várias cidades com as quais tenho contacto directo não se vislumbra um rumo, uma ideia global. Não há um plano. Não se vislumbra um projecto. Não se entende que ideia têm autarcas e, por vezes até a oposição, para as suas cidades e concelhos. Não há harmonia, nem equilíbrio. Muito se tem feito sem nexo, onde cada solução aplicada nunca se insere num todo coerente. As cidades tornam-se incoerentes.

Bairros que surgem quase como cogumelos. Estradas que abrem caminhos sem contornos globais de uma eficaz rede viária e definidora de mais um futuro bloco habitacional sem vida nem graça, sem espaço verde (que, existindo, nunca vai para além de centímetros de relva) nem espaço vivencial. Equipamentos públicos edificados ao sabor de dinheiros comunitários, ou rivalidades com municípios vizinhos, ou pela proximidade de festividades, ou actos eleitorais. Esses mesmos equipamentos implantados sem eficaz leitura do local, sem consistência com o meio que o rodeia - seja pelo deficiente estacionamento, seja pelo enquadramento urbanístico e arquitectónico, sempre tudo fora de um contexto mais global que, repito, não existe. Intervenções localizadas, desconexas ou inconsequentes, dão uma imagem confusa ou mesmo inexistente da cidade.


Isto aplica-se a Leiria e Caldas da Rainha, como por ventura a tantas outras cidades e vilas de Portugal.

Não se entendem ideias de desenvolvimento. Não há uma imagem, uma Marca. Perde-se o glamour de outrora, perde-se o encanto que as tornavam especialmente únicas no país.


Caldas não tem espaços de fruição e valorização, não existem locais aprazíveis e convidativos. Caldas não tem qualidade urbanística, arquitectónica e, por conseguinte, não tem coesão na estrutura da utilização social da cidade.

Leiria graças ao Polis viu a beira-rio tornar-se num local fabuloso. Mas tem um Centro Histórico fantástico que continua parado à espera de rejuvenescer. E Leiria adiou de novo uma oportunidade de uma revolução urbana, com o fim dos projectos MaisLeiria e FórumLeiria. O "malfadado" Estádio continua a onerar demasiado.

Há "empecilhos" fora da responsabilidade das Câmaras que impedem e condicionam projectos ou ideias de revalorização. Em Leiria temos por exemplo a N1/IC2. Nas Caldas há um "Vaticano" chamado Centro Hospitalar que detém esse ex-líbris fabuloso que é a Mata e o Parque D. Carlos e o Hospital Termal.



Ambas não têm clarividência de pensar a cidade para o futuro. Não têm conseguido demonstrar atitudes renovadoras e alternativas, sejam estratégicas, sejam políticas.

De novo Óbidos regressa como um exemplo claro (e fácil) de como tirar partido das virtudes que a compõem. Mas Leiria tem um potencial de revitalização enorme, muito mais que Caldas.


Acredito que uma "revolução" urbana e estrutural em ambas as cidades, sobre esses elementos, são pontos-chave para renovar e melhorar. Claro que tais mudanças nunca se farão sem a vontade das diversas entidades envolvidas. Mas até agora, carece também a clarividência de todos de pensar a cidade para o futuro.

O essencial é isso - pensar a cidade - o que queremos e o que devemos ter e ser. As cidades são formas vivas. Não se socorrem apenas de um equipamento que há muito faltava. As cidades são compostas por pessoas, cidadãos. Funcionam como um todo e para funcionarem bem necessitam obviamente de bons acessos, equipamentos técnicos, sociais e culturais, espaços públicos e espaços verdes de usufruto verdadeiro. Condições materiais e imateriais que ofereçam boas razões para morar, trabalhar e visitar.

O legado histórico de ambos, seja a fundação, o século XIX e a décadas de 1940 e 1950 não merecem o menosprezo que têm sofrido. O respeito pelo passado passa por preservar para o futuro com ideias consistentes que tragam retorno e valorização.


O trabalho não é mostrar o que uma cidade pode ser não o sendo.

Repito o que anteriormente escrevi:


As cidades do futuro não são projecções futuristas, irrealistas ou utópicas. A cidade de amanhã deve ser fundada sobre os valores que dela fizeram algo especial - a história, a cultura, a economia - em conjugação com o equilíbrio e a originalidade; na inclusão da diferença e o respeito pela natureza; numa reestruturação urbana e arquitectónica combinada com verdadeiros espaços verdes, vias de comunicação e equipamento habitacional e público em concordância com o espaço que a rodeia, eliminado a ocupação desordenada do território; reduzir elementos factores de poluição. Ou seja, pensada e trabalhada por técnicos e políticos, com profissionalismo, dignidade e ética, empenhados em contribuir para a comunidade.


Uma cidade tem uma imagem a defender, a preservar, a projectar. As novas urbes do século XXI não sobreviverão sem um plano estratégico que não seja atractivo, de desenvolvimento, e coerência sustentáveis. Necessita de uma identidade própria que a defina - encontrar boas razões para que as pessoas tenham um sentimento de pertença e orgulho; evidenciar nos planos social, económico, cultural e regional a construção de um conceito de Place Branding - ou Marca Local. Este pressupõe analisar factos e problemas existentes, pensar soluções de desenvolvimento, elaborar conceitos alternativos e criativos que, assente na realidade dessa mesma cidade ou região, possam dotar o local com factores e eventos de competitividade e appeal, para habitantes, negócio e turismo, assente em valores de confiança, prestígio, cidadania e solidariedade. A cidade deve evidenciar as suas potencialidades e solucionar as suas debilidades. Promover a participação dos cidadãos nos aspectos político e social, de discussão pública, de responsabilização colectiva.



Por isso, em ambas as cidades - Leiria e Caldas da Rainha - para começar a mudança, o voto é nas candidaturas PS.

E o mesmo se aplica a Lisboa (António Costa + Helena Roseta + José Sá Fernandes) e Porto (Elisa Ferreira).

_

2009-10-07

FlashForward



Durante 2 minutos e 17 segundos toda a humanidade perde a consciência e tem uma visão do seu futuro. Para além de imensos desastres ocorridos, o drama seguinte sobre cada um é enorme: como aconteceu, porque aconteceu, poderei impedir a minha visão de concretizar-se?
Para quem aprecia enredos complicados, intrigantes e misteriosos como Lost e Fringe, FlashForward é "the next big thing". Baseada no best-seller de ficção científica escrita por Robert J. Sawyer, esta série é produzida pela mesma equipa de "Lost" para a ABC.

Começa hoje às 22:25 no AXN apenas 13 dias após estreia absoluta nos EUA.
_

2009-10-03

cavaleiro x dragão